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PF indicia Gim Argello e Ronan Maria Pinto na Lava Jato

Ex-senador é acusado de corrupção passiva e empresário ligado ao caso Celso Daniel, de lavagem de dinheiro; os dois estão presos desde abril

Por Da Redação 3 Maio 2016, 17h20

A Polícia Federal indiciou o ex-senador Gim Argello (PTB-DF) por corrupção passiva e o empresário Ronan Maria Pinto por lavagem de dinheiro. O primeiro foi preso na Operação Vitória de Pirro, na 28ª fase da Lava Jato, e o segundo, na Carbono 14, 27ª etapa. Os dois foram transferidos nesta segunda-feira da carceragem da PF, em Curitiba, para o Complexo Médico Penal, em Pinhais (PR).

O ex-senador, que foi vice-presidente da CPI mista da Petrobras, é suspeito de receber propina de empresários para barrar a convocação dos mesmos ao colegiado. Segundo as investigações, ele recebeu 5,35 milhões de reais – 5 milhões da UTC e 350.000 da OAS – por meio de doações oficiais e de depósitos na conta de uma igreja do Distrito Federal, frequentada pelo político.

Dono do Diário do Grande ABC e de empresas do setor de transporte e coleta de lixo, Ronan é suspeito de ter embolsado 6 milhões de reais de um empréstimo fraudulento tomado pelo pecuarista José Carlos Bumlai do Banco Schahin. Em um outro processo na Justiça, o empresário foi condenado por envolvimento em um esquema de corrupção montado na gestão do ex-prefeito de Santo André Celso Daniel, que foi assassinado em um crime ainda nebuloso, em 2002. A polícia apura se ele recebeu o dinheiro como uma espécie de “cala boca” para não contar o que sabia sobre o caso.

Nesta segunda-feira, foi anexado ao inquérito de Gim Argello um depoimento do sócio da construtora Engevix José Antunes Sobrinho. Nele, o empresário afirma à PF que o ex-senador lhe pediu 5 milhões de reais de propina para que nenhum representante da empreiteira, incluindo ele, fossem convocados a depor na CPI mista da Petrobras, que funcionou em 2014. Ele é a quarta pessoa a relatar o suposto esquema de blindagem no colegiado.

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No depoimento, o empresário contou que se reuniu com o político na residência dele, na Asa Sul de Brasília, em meados de 2014. Segundo Sobrinho, a reunião não durou mais de 40 minutos e foi realizada na companhia do empresário Paulo Roxo e do ex-assessor parlamentar Valério Neves Campos, apontados como operadores do político pela investigação.

Conforme o empresário, Gim tentou mostrar que estava tentando ajudá-lo com a proposta. “O tom utilizado foi como se fosse um grande favor que estava oferecendo e que se o declarante não quisesse participar do grupo de empreiteiros que deixaria de ser chamado na CPI não teria problema, pois teria outros empreiteiros para colocar no lugar, mencionando que estariam oferecendo a mesma oportunidade para as empreiteiras OAS, Andrade Gutierrez, Galvão Engenharia, Camargo Correa, Toyo Setal e UTC, dentre outros nomes”, diz trecho da transcrição do depoimento do executivo.

Sobrinho, então, teria dito que ia pensar na proposta e conversaria antes com seu sócio, Gerson Almada, para tomar uma decisão. De acordo com o empresário, após aquela reunião, Paulo Roxo ligou a ele por pelo menos dez vezes, cobrando uma posição sobre o pedido de Gim. No fim, ele disse ter rejeitado a “oferta”. Mesmo assim, a CPI mista da Petrobras encerrou-se sem a convocação dele ou de algum executivo da Engevix, bem como da UTC e da OAS.

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A história veio à tona na delação dos dirigentes da UTC Ricardo Pessoa e Walmir Pinheiro, e foi corroborada na colaboração premiada do senador Delcídio do Amaral, que, além de Argello, envolveu no esquema o presidente da CPI mista, Vital do Rêgo – hoje ministro do Tribunal de Contas da União (TCU) -, e o relator da mesma, Marco Maia (PT-RS). Os dois têm direito a foro privilegiado, diferente de Gim, que perdeu as eleições em 2014. A PGR pediu ao STF abertura de um inquérito contra Vital e Marco Maia.

Sobrinho relata que a oferta de Gim chegou a ele por meio de Julio Camargo, lobista da Toyo Setal. Ele teria lhe dito que o empresário precisava ir a Brasília para “tomar um Gim Tônica”, fazendo um trocadilho com o nome do ex-senador. No diálogo, Julio lhe falou que estava sendo “muito pressionado” pelo então senador para que ele contatasse os outros empreiteiros enrolados no petrolão sobre a proposta de blindagem, conforme o empresário.

(Com Estadão Conteúdo)

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