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Petrolão: delivery de propina fazia entrega até no exterior

Investigações revelam conexões no exterior do esquema de corrupção da Petrobras. A OAS, uma das empreiteiras envolvidas, mantinha uma “conta-corrente” usada, entre outras coisas, para enviar dinheiro sujo a vários países

Por Robson Bonin Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 27 dez 2014, 00h00

Há duas semanas, VEJA revelou em detalhes como funcionava a entrega de propina em domicílio, o já imortalizado “money delivery” do petrolão, um serviço inovador em matéria de corrupção criado pelo doleiro Alberto Youssef para agradar a “clientes especiais” da quadrilha que desviou bilhões da Petrobras. Rafael Ângulo Lopez, braço-direito do doleiro, era quem comandava esse setor. Durante a última década, ele cruzou o país de norte a sul em voos comerciais com fortunas em cédulas escondidas sob as roupas que eram entregues aos figurões da República em hotéis, apartamentos, escritórios, estacionamentos, postos de gasolina e aeroportos. Rafael aprimorou o trabalho do clássico “homem da mala”. Em vez de valise, ele cumpria suas missões mais delicadas com o corpo coberto por camadas de notas fixadas com fita adesiva e filme plástico, daquele usado para embalar alimentos. Ciente da influência e do prestígio dos destinatários de suas “encomendas”, Rafael registrou o dia, o local e o montante de cada entrega que realizou a políticos. Um arquivo valioso que, para desespero dos corruptos, ele resolveu entregar à Justiça em troca de um acordo de delação premiada. Isso era o que se sabia até agora. Detalhes inéditos do arquivo em poder da Polícia Federal mostram que, além de implantar a entrega de propina em domicílio em todo o território nacional, a quadrilha estendeu o serviço de remessas a outros países.

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Destacado nos últimos anos para fazer a entrega de quantias que variavam de 50 000 a 900 000 reais a figuras importantes da República, como o ex-presidente e senador Fernando Collor, o tesoureiro nacional do PT, João Vaccari Neto, governadores (Roseana Sarney), ministros do governo Dilma Rousseff (Mário Negromonte) e deputados federais (Nelson Meurer, Luiz Argôlo e André Vargas), o “homem das boas notícias”, como o carregador de dinheiro era conhecido, também cumpria missões para as grandes empreiteiras do cartel da Petrobras. Uma delas, a Construtora OAS, com 10 bilhões de reais em contratos com a estatal, usava os serviços de Rafael Ângulo para levar dinheiro sujo a pelo menos três destinos da América Latina, Panamá, Peru e Trinidad e Tobago, todos países onde a Petrobras e a OAS mantêm escritórios e negócios milionários com governos locais. Com quantias que variavam de 300 000 a 500 000 reais presas ao próprio corpo, o braço-direito do doleiro deixava o Brasil pelo Aeroporto Internacional Tom Jobim, no Rio de Janeiro. A porta de saída do país era estratégica, porque lá ele contava com a cobertura de outro comparsa da quadrilha, o policial federal Jayme Alves de Oliveira Filho, o “Careca”, que, infiltrado no aeroporto, conseguia garantir a passagem tranquila de Rafael pela fiscalização.

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Uma vez alojado na sala de embarque, Rafael Ângulo alternava as entregas em três principais destinos: Lima, Cidade do Panamá e Porto de Espanha. No arquivo em poder dos investigadores, o entregador de dinheiro narra em detalhes o roteiro de cada “serviço” internacional. A missão começava no escritório central da OAS em São Paulo. A empreiteira tinha uma espécie de “conta-corrente” que era administrada pelo doleiro. Rafael retirava o dinheiro na sala do executivo José Ricardo Nogueira Breghirolli, preso e apontado como o elo financeiro entre a empreiteira e o esquema de corrupção que atuava na Petrobras. Alojados em grandes sacolas pretas, os pacotes de cédulas, divididos – dependendo da ocasião – em euros, dólares e reais, eram levados do escritório da OAS para o escritório de Alberto Youssef, em São Paulo. Depois, com a passagem comprada e o dia da viagem definido, Rafael Ângulo viajava para o Rio de Janeiro, onde iniciava a parte mais arriscada do trabalho. Em Lima, a capital do Peru, Rafael entregava o dinheiro ao gerente de contratos da OAS Alexandre Mendonça. O ponto de encontro era em uma universidade. O estilo reservado e a aparência europeia do carregador – um senhor de 61 anos com dupla nacionalidade, brasileira e espanhola – ajudavam Rafael a se passar por um provável acadêmico – ninguém desconfiaria de sua “bagagem cultural” no câmpus.

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