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Perillo faz dever de casa e evita deslizes na CPI

Governador de Goiás se beneficiou do clima ameno da comissão e da previsibilidade das perguntas. Petistas pouco incomodaram

Por Gabriel Castro e Laryssa Borges
12 jun 2012, 19h31

Os prognósticos mais catastróficos não se concretizaram: ressalvadas discussões pontuais, o depoimento de Marconi Perillo à CPI do Cachoeira foi pacífico, com tucanos elogiando o governador e petistas – preparando terreno para o depoimento de Agnelo Queiroz nesta quarta-feira – a evitar o embate direto. Bem sustentado, o governador de Goiás trouxe, por escrito, respostas às principais acusações que tem sofrido. Não houve cartas na manga que o surpreendessem. Foram mais de oito horas de explicações.

Diante de perguntas previsíveis, as respostas também se prenderam ao óbvio: Perillo disse que, se houve irregularidades na venda de sua casa, elas se devem ao ex-vereador Wladimir Garcez, intermediário da negociação. Afirmou também que não pode responder por terceiros que usaram seu nome “de forma irresponsável”. Negou ter atendido aos interesses da quadrilha em seu governo. E disse não ter qualquer proximidade com Carlinhos Cachoeira.

Tentando aparentar humildade, o governador se disse vítima de ataques orquestrados: “Venho para restabelecer a verdade dos fatos. Não conheço algo parecido no país desde que reconquistamos a democracia. Não consigo acreditar em tamanha crueldade, informações distorcidas, ilações, suposições e todo tipo de leviandades”.

Na política, por vezes, a imagem é mais importante do que a verdade. E, por esse critério, Perillo convenceu. “Eu estava torcendo que o senhor entrasse em alguma contradição. Mas tenho obrigação de dizer: o senhor claramente mostra ao Brasil que veio à CPI para falar a verdade”, disse o deputado Sílvio Costa (PTB-PE).

Líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR) afirmou que o assunto fica encerrado: “Vossa excelência agora tem os elementos de que necessita para elaborar esse capítulo no relatório final da CPI”, afirmou ele ao relator, o deputado Odair Cunha (PT-MG). O líder tucano na Câmara, Bruno Araújo (PE), disse que Perillo foi “brilhante”.

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DIscussão – O relator Odair Cunha, que interrogou Perillo por cerca de 40 minutos não foi além dos fatos já noticiados, o que facilitou a defesa do tucano. O petista gerou, entretanto, o momento mais nervoso da sessão. Cunha perguntou se Perillo abria mão do sigilo telefônico. A oposição reagiu imediatamente, acusando uma manobra: requerimentos que quebram os sigilos do tucano aguardam votação na CPI e são objetos de uma intensa queda-de-braço. O episódio gerou um bate-boca. Ao fim, Perillo negou-se a repassar seus dados telefônicos, fiscais e bancários à Comissão Parlamentar de Inquérito.

Coube ao líder do PT na Câmara, Jilmar Tatto (SP), defender Odair Cunha, acuado pelo contra-ataque da oposição diante da pergunta controversa: “Enganam-se aqueles que acham que essa CPI vai terminar em pizza. O relator tem sido uma pessoa com uma presteza e uma dedicação que são orgulho de todos nós”.

Clima ameno – O clima pacífico reinante na audiência se deve, em parte, à postura de Perillo: ele evitou provocar o PT e comentar de forma aprofundada o episódio em que avisou o presidente Luiz Inácio Lula da Silva sobre o mensalão – uma arma em potencial contra possíveis ataques petistas.

À vontade, o governador goiano chegou a fazer piadas. Indagado sobre quantas vezes esteve na casa de Demóstenes Torres, ele disse que frequentava a casa do parlamentar junto com vários senadores – cerca de 30, que gostavam de brincar de karaokê: “Eram senadores de todos os partidos cantando. Uns cantando melhor, outros pior, mas todos cantando. Um senador, por exemplo, cantou uma música do Bob Dylan”, disse ele. Pedro Taques (PDT-MT), que havia feito a pergunta, comentou: “De bom gosto, esse senador”.

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Ao fim da sessão, a claque trazida por Perillo a Brasília entusiasmou-se. “Brasil para a frente, Perillo presidente”, gritavam. Não é para tanto: embora tenha se saído bem diante dos questionamentos dos parlamentares, dificilmente o governador goiano conseguirá escapar do noticiário envolvendo a quadrilha de Carlinhos Cachoeira. Nesta terça-feira, por exemplo, vieram à tona detalhes financeiros da Excitant Confecções, empresa que pertence à cunhada de Cachoeira e que emitiu os cheques que pagaram a casa de Perillo. A companhia recebeu 650 000 reais de uma empresa laranja da Delta.

Defesa – O depoimento de Perillo teve início às 10h30. O governador negou ter qualquer proximidade com Carlinhos Cachoeira, disse que seu governo não atendeu os interesses da quadrilha e afirmou que não pode responder pelas declarações de terceiros que citaram seu nome. “Nunca mantive qualquer relação de proximidade com o senhor Carlos Augusto Almeida Ramos”, disse. O governador destacou o fato de que, em 30.000 horas de gravações, foi detectada apenas uma conversa telefônica entre ele e o contraventor. Foi em 3 de maio do ano passado, quando Perillo desejou feliz aniversário a Cachoeira. “Eu não estava ligando para o contraventor, mas para um empresário do ramo de medicamentos”, disse o tucano à CPI.

Marconi Perillo apresentou documentos à CPI do Cachoeira em uma tentativa de comprovar que a venda da sua casa no Condomínio Alphaville, em Goiânia, foi regular e não envolveu a participação do contraventor Carlinhos Cachoeira. O tucano encaminhou ao colegiado anúncios de oferta da casa publicados em classificados de um jornal de Goiânia, a escritura do imóvel, cópia dos cheques que pagaram a transação e extratos bancários com a comprovação dos depósitos na conta do político goiano.

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