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Perícia indica fraude em convênio de ONG com o Esporte

Análise de especialista aponta que entidade assinava tanto os cheques como os recibos de venda dos produtos

Por Da Redação
27 out 2011, 07h09

Uma perícia técnica nas prestações de contas de um convênio no Ministério do Esporte indica que o cheque de pagamento de produtos destinados ao projeto “Pintando a Cidadania” e a nota fiscal do material vendido foram preenchidos pelo mesmo representante de uma Organização Não-Governamental (ONG). A pedido do jornal O Estado de S. Paulo, o perito criminal federal Maurício José da Cunha, professor de criminalística e documentoscopia da Academia Nacional do Departamento de Polícia Federal, analisou os documentos. Ele apontou que o mesmo punho escreveu os valores e as datas em cheques do Instituto Pró-Ação e notas fiscais de empresas fornecedoras do projeto.

Ou seja, quem pagou fez a nota fiscal de quem vendeu. “Conseguiu-se detectar as características dos grafismos não só quanto ao aspecto formal como quanto a sua formação genética em vários algarismos, letras isoladas e em palavras completas indicando um mesmo punho para os preenchimentos de cada cheque pesquisado com sua respectiva nota fiscal”, diz o laudo.

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Fachada – Na segunda-feira, o jornal revelou que pelo menos 1,3 milhão de reais em cheques da conta corrente do convênio do Instituto Pró-Ação com o Ministério do Esporte foi parar em contas de empresas fantasmas. O convênio foi assinado pelo secretário nacional de Esporte Educacional, Wadson Ribeiro. Há cheques de 364.000 reais, 311.000 reais, 213.000 reais, 178.000 reais, 166.000 reais e 58.000 reais. O dono de uma empresa disse que “arranjou” a nota fiscal para um amigo.

As cópias dos cheques e das notas fiscais extraídas do convênio do ministério são referentes às empresas Contemporânea Comércio e Serviços e Guerreiro Comércio e Serviços, que aparecem como contratadas. A primeira recebeu 817.000 reais e a segunda, 178.000 reais. Ambas não têm endereço fixo.

Com 40 anos de experiência na área, o perito Maurício José da Cunha analisou uma nota fiscal e um cheque no valor de 178.187,50 reais emitido pela ONG à empresa no dia 21 de maio de 2010. “Foram detectadas convergências não só formais como em relação à gênese gráfica de diversas letras isoladas, em palavras inteiras, em algarismos isolados e na formação de números, tais como o próprio valor 178.187,50, confrontados com o valor da respectiva nota fiscal”, afirmou.

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Foram também periciados o cheque e a nota fiscal no valor de 213.254,94 reais emitidos pelo Instituto Pró-Ação para a Contemporânea. A conclusão foi a mesma. Por fim, o perito diz que “tudo indica” que a mesma pessoa escreveu todos os cheques e notas fiscais relacionados a essas empresas. O dono do Instituto Pró-Ação, Zilmar Moreira, disse que vai averiguar o caso, mas negou envolvimento em irregularidades. “Nós cumprimos com nossa obrigação no convênio”, garante.

Prestação de contas – A assessoria do ministério informou que, se o teor da reportagem for confirmado, tomará providências. A pasta disse que poderá convocar o Instituto Pró-Ação, oficiar às secretarias distrital e estadual de Fazenda sobre a validade das notas, dar ciência à polícia, avaliar as despesas no parecer final da prestação de contas e dar ciência das iniciativas ao Ministério Público. Ressaltou ainda: “Na análise das prestações de contas, como a que está sendo feita no caso deste convênio, esse e todos os outros preceitos legais são rigorosamente observados.”

Por conta do esquema de corrupção no Ministério do Esporte, Orlando Silva, que chefiava a pasta, pediu demissão nesta quarta-feira. Ele foi pressionado a pedir para sair depois que o Supremo Tribunal Federal (STF) abriu inquérito para investigar o caso denunciado pelo policial militar João Dias a VEJA.

(Com Agência Estado)

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