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Perguntas sobre compra de apoio irritam Eduardo Paes no debate da Record

Marcelo Freixo (PSOL) e Rodrigo Maia (DEM) não conseguem dirigir ao prefeito questionamentos sobre a negociação com o PTN. Mesmo sem confronto direto, peemedebista que tenta a reeleição demonstrou nervosismo pela primeira vez

Por João Marcello Erthal e Cecília Ritto
2 out 2012, 02h10

Impacientes, Rodrigo Maia e Marcelo Freixo iniciaram uma dobradinha. Sorteado, Maia dirigiu ao candidato do PSOL uma pergunta sobre a compra de apoio do PTN. “O que você acha disso?”, disse a Freixo. “Isso não me parece uma aliança política, me parece um negócio. Tem que ser investigado se isso aconteceu só com esse partido ou também com os outros 19”, cobrou o deputado estadual

Diante da chance de ser o mais atacado no penúltimo debate na TV, o prefeito Eduardo Paes (PMDB), candidato à reeleição no Rio, não pode reclamar da sorte. Desde o fim de semana os candidatos de oposição anunciavam que a negociação de 1 milhão de reais pelo apoio do PTN, revelada por VEJA, seria tema do encontro na Rede Record, na noite de segunda-feira. Apesar de a ligação com o partido nanico ter surgido logo nos primeiros segundos de transmissão, com Rodrigo Maia, do DEM, avisando que cobraria explicações do prefeito, o assunto demorou a ser debatido de fato – nunca com respostas do prefeito. Mais do que a própria sorte, Paes teve a seu favor o “pé quente” do tucano Otávio Leite, que, nas duas vezes em que foi sorteado para perguntar, dirigiu-se ao peemedebista, mas sempre evitando o assunto mais incômodo da noite. Leite empurrou, assim, o confronto mais aguardado para o terceiro bloco do programa.

Se Otávio Leite não se interessou pelas denúncias de compra de voto, restou para os rivais mais inflamados – Marcelo Freixo, do PSOL, e Rodrigo Maia, do DEM – usar os tempos de pergunta e resposta para atacar Paes. O bastante para o prefeito, mesmo sem ser alvo de perguntas incômodas, mostrar na TV pela primeira vez um rosto fechado, sem conter o nervosismo. Em alguns trechos do debate, o riso irônico de Paes não era condizente com a posição folgada que ele tem hoje nas pesquisas.

Eduardo Paes foi o sorteado para a primeira pergunta entre candidatos. Escolheu Aspásia Camargo, que tem 1% de preferência dos eleitores – Paes está com 55%, segundo o Datafolha. Rolou para a deputada do PV, à sua direita, sobre a tecnologia necessária para geria uma cidade. Queimou, assim, um bom tempo do segundo bloco sem ataques, diante de uma postura sempre amigável de Aspásia. Criou-se, então, o suspense: qualquer um dos próximos sorteados poderia dirigir ao prefeito as incômodas perguntas sobre a coligação PMDB-PTN.

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O primeiro debate de Eduardo Paes na defensiva

O segundo sorteado foi Otávio Leite, que escolheu Eduardo Paes. Mas evitou o tema mais apimentado. Criticou os gastos de publicidade da ordem de 170 milhões de reais e ouviu de Paes explicações plausíveis: nessa soma estão, segundo o prefeito, campanhas como a da dengue e de prevenção às drogas. Marcelo freixo, terceiro sorteado, perguntou a Otávio Leite sobre o “campo de golfe” da Olimpíada de 2016. Obviamente, foram pergunta e resposta voltadas para arranhar Paes. E o telespectador teve que ouvir as ideias do tucano para um “campo de golfe popular”. Freixo, na réplica, soltou o braço: acusou a prefeitura de ter projeto de construção de campo de golfe em área de preservação ambiental, acusando a proposta de tentar favorecer a especulação imobiliária.

O bloco terminou com algo raríssimo: uma piada de Rodrigo Maia. “Bem, depois que o golfe e a o automobilismo viraram esportes populares, vou à minha pergunta”, brincou, rolando a bola para Marcelo Freixo mais uma vez criticar a gestão de Saúde de Eduardo Paes.

No terceiro bloco, Otávio Leite foi o sorteado para a primeira pergunta. Mais uma vez, escolheu Paes. E mais uma vez se esquivou: quis saber do orçamento da prefeitura para a educação. “Por que você não vem cumprindo o percentual de 25% do orçamento que a Constituição prevê para educação?” Paes disse que cumpre, e afirmou que “soube que o candidato esteve no Tribunal de Contas do Município”.

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Impacientes, Rodrigo Maia e Marcelo Freixo iniciaram uma dobradinha. Sorteado, Maia dirigiu ao candidato do PSOL uma pergunta sobre a compra de apoio do PTN. “O que você acha disso?”, disse a Freixo. “Isso não me parece uma aliança política, me parece um negócio. Tem que ser investigado se isso aconteceu só com esse partido ou também com os outros 19”, cobrou o deputado estadual, que tem 19%, segundo o Datafolha, e é quem alimenta mais esperanças de ir ao segundo turno.

Freixo aprofundou a ofensiva, citando a reportagem de VEJA e afirmando que não há escapatória para o alcaide: “Se ele (o presidente do PTN, que revelou a negociação de 1 milhão com o PMDB) é um mentiroso, tem que explicar como (Paes) chama um mentiroso para fazer uma aliança. Se ele está falando a verdade, é mais grave ainda. Não tem saída”, disse Freixo.

Freixo, já sem chance de dirigir perguntas a Eduardo Paes, teve que perguntar para Aspásia Camargo, e não desperdiçou a terceira chance de voltar ao tema PMDB-PTN. Aspásia criticou a formação de alianças gigantes: “Não acredito que 19 partidos possam ajudar um prefeito a governar. Já vimos o que aconteceu em Brasília, os problemas que cercaram o governo Lula. Isso é gravíssimo, porque obriga alianças espúrias em função da fragmentação excessiva do sistema político brasileiro. Por que razão o prefeito fez questão desses minutos a mais, se poderia abrir mão do PTN e ainda assim ter um grande espaço na TV?”, disse, insinuando que o objetivo é evitar que a eleição vá para o segundo turno.

A essa altura, o debate já não era mais de perguntas e respostas, mas de uso dos tempos para atacar o prefeito. Paes pediu direito de resposta e foi atendido. Depois de mais uma rodada ‘refrescada’ por Otávio Leite, o candidato à reeleição – com semblante tenso – usou o microfone para rebater os ataques. “É lamentável participar de um debate com esse tipo de acusação. Todo o apoio que recebemos é declarado à Justiça Eleitoral, temos notas fiscais. Ele (o presidente do PTN, Jorge Sanfins Esch) diz respeito a uma indenização que tem a receber da prefeitura, depois de ter trabalhado oito anos com o ex-prefeito Cesar Maia. Essa indenização foi negada”, disse Paes.

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As considerações finais seguiram a ordem de sorteio do início, que definiu também a posição na bancada da Record. Rodrigo Maia falou da “gravidade” da denúncia de compra de apoio e disse que Paes tem “fixação no Cesar Maia”. Nesse momento, uma gargalhada de Eduardo Paes fez Rodrigo interromper suas considerações finais e pedir que o tempo fosse zerado. Rodrigo havia pedido direito de resposta, mas não teve o pedido atendido.

E, já nos primeiros minutos de terça-feira, Freixo, enfim, viu que tinha alguma sorte: foi o último a falar, fechando o encontro. Agradeceu à família e aos militantes do PSOL. E mirou em Paes: “Não sou um candidato encrenqueiro. Mas também não gosto de trambiqueiro. O mensalão carioca precisa ser investigado”, disse, citando ainda os guardanapos na cabeça do escândalo da Delta com o governo estadual. Paes fez ainda um segundo pedido de direito de resposta, rapidamente negado pela produção da emissora. Um desconcertado Paes tentou sorrir, mas o incômodo sobre a ligação do PMDB com o PTN era indisfarçável.

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