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Pastor miliciano usava igreja para agiotagem

Operação da Polícia Civil e do Ministério Público do Rio prende 11 acusados de integrar a milícia 'Liga da Justiça'. Grupo usava igreja evangélica como escritório

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
6 dez 2012, 12h29

Conhecidas por recrutar policiais, políticos e tentar a aproximação com autoridades, as quadrilhas de milicianos que atuam no Rio de Janeiro se apropriam de todo tipo de atividade que possa ser lucrativa – do transporte ilegal à venda de ‘proteção’ em áreas carentes. Uma operação deflagrada pela Polícia Civil, pelo Ministério Público e pela Secretaria de Segurança do Rio, na manhã desta quinta-feira, revelou uma nova e perversa forma de atuação desses grupos: a agiotagem, praticada dentro de uma igreja evangélica, sob o comando do próprio pastor.

Onze acusados foram presos, dois continuam foragidos. A figura que chama mais atenção entre os capturados por agentes da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco-IE) é o pastor Dijanio Aires Diniz, chamado de “Pastor”. Ele se entregou pouco depois das 13h na sede da delegacia. De acordo com as investigações, Diniz era ele o agiota mais atuante do grupo, e usava as dependências da Igreja Pentecostal Deus é a Luz, em Campo Grande, como escritório para empréstimos e cobranças. As taxas chegavam a 30%, com ameaças e uso de violência contra os inadimplentes.

“A igreja funcionava como escritório da milícia. As investigações apontam que a igreja foi criada com o intuito de aproximar os criminosos das pessoas daquela região de forma disfarçada. Ele é bastante violento, agressivo com os que pegavam empréstimos e tinham dificuldade de pagar os juros extorsivos. Temos gravações em que o pastor faz ameaças de morte aos que pegaram dinheiro emprestado. Ele ameaçava inclusive matar parentes dos devedores”, afirmou o delegado Alexandre Capote, titular da Delegacia de Repressão às Ações Criminosas Organizadas e Inquéritos Especiais (Draco)

O pastor, segundo a Polícia Civil, chefiava uma rede de agiotas com a ajuda de um ex-policial militar, Carlos Henrique Garcia Ramos. Delegado titular da Draco-IE, Alexandre Capote, o ex-PM é conhecido pela truculência. Carlos Henrique está preso desde maio deste ano, quando foi capturado extorquindo a quantia de 120.000 reais de uma vítima. “O pastor era a figura do lobo em pele de cordeiro. À comunidade, ele passava a imagem de homem de Deus, de pregador. Ele explorava a fé das pessoas induzindo fiéis a votarem em determinados candidatos. É um homem perigoso, que fazia ameaças inclusive dentro da igreja”, afirmou o promotor de justiça Marcus Vinícius Moraes da Costa Leite, do Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco).

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A operação Pandora II tem como alvo milicianos do grupo conhecido como Liga da Justiça – que já foi comandado pelo ex-vereador Jerônimo Guimarães e Natalino Guimarães, irmãos e presos por crimes ligados à milícia. A ação apreendeu um caminhão de combustível, cinco carros importados, armas, munição e 5.000 reais, além de computadores e documentos em poder do grupo. Além do pastor, continuam foragidos André Marcelo Botti de Andrade, conhecido como “Botti”, e Cléber Oliveira da Silva.

Entre os crimes atribuídos ao grupo estão a venda ilegal de combustível – suspeita-se, adulterado -, exploração de transporte clandestino, máquinas de caça-níqueis, cobrança de “taxa de segurança” , venda de gás e agiotagem. Segundo a polícia, a renda mensal do grupo é de cerca de 500 mil reais. “Esse grupo explora o transporte alternativo, a venda de gás e de combustível adulterado, a agiotagem, gato de TV a cabo. Ou seja, tudo o que eles identificam que pode dar dinheiro. Eles passam por cima de quem ousar ficar no caminho dele”, relatou Capote.

Esta é a primeira vez em que se identifica a atuação da milícia na adulteração de combustível. De acordo com a denúncia, Elber Meireles Pessanha, “o Elbinho”, era o responsável pela adulteração e venda ilegal de combustível para a milícia, utilizando-se das empresas E.Mereiles Pessanha e Deneza Agroindustrial Ltda, em Campos, de sua propriedade, como fachada. “Os proprietários dos postos compravam combustível adulterado de boa fé, porque o grupo falsificava notas fiscais e usava lacres de outros estados”, explicou Capote,acrescentando que o combustível adulterado era distribuído por várias regiões do Rio.

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