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Para família de juíza assassinada, PM premiou mau policial

Advogado que representa parentes de Patrícia Acioli afirma que manter tenente-coronel em cargo de comando foi um erro da corporação

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 28 set 2011, 17h59

Apesar de aliviados com a prisão do tenente-coronel Cláudio Luiz Silva de Oliveira, acusado de ser o mandante da morte da juíza Patrícia Lourival Acioli, parentes da magistrada ficaram indignados com a forma como Polícia Militar tratou o oficial, depois das suspeitas levantadas sobre ele. Oliveira, que era comandante do 7º BPM (São Gonçalo) quando ocorreu o crime, foi transferido para o comando do 22º (Maré). Ainda não havia a certeza da participação dele, mas a cúpula de segurança do Rio já sabia que o então comandante era investigado, e que Patrícia trabalhava para colocá-lo na cadeia.

O advogado Técio Lins e Silva, que representa a família de Patrícia, afirmou que, para os parentes da juíza, a entrega de outro batalhão a um oficial investigado por crimes foi um erro da PM, e acabou premiando um mau policial. “Ir para um batalhão em uma área sem Unidade de Polícia Pacificadora é tudo o que um policial desonesto quer. Foi para o batalhão ideal. É um prêmio”, criticou.

Na terça-feira, o secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, admitiu que, quando houve as trocas dos comandos dos batalhões da PM, o tenente-coronel já estava sob suspeita. Para Técio, era evidente que o ex-comandante estava ligado de alguma forma ao crime. O tenente Benitez foi um dos primeiros a ser preso pela morte de Patrícia. E, como ele atuou ao lado de Cláudio em quatro batalhões, para Técio não era difícil presumir que o oficial estava informado sobre o crime. “Era absolutamente óbvio (que Claudio sabia)”, diz. E acrescenta: “No Grupamento de Apoio Tático (do qual Benitez e os outros presos fazem parte) estão homens de confiança do comandante. O Benitez o acompanha há muitos anos. Portanto era óbvio que ele tinha, no mínimo, ciência, como agora foi revelado”.

Técio concorda com a linha apresentada por Beltrame: Oliveira mandou matar Patrícia por saber que, mais cedo ou mais tarde, seria preso. A juíza o investigava por execução e corrupção na área e levantava informações para decretar a prisão do ex-comandante. Patrícia, inclusive, já havia mandado prender um major, também do 7º BPM (São Gonçalo) e de confiança de Oliveira. Esse major fazia parte da polícia de informação, e havia fraudado um auto de resistência. Aos poucos, conforme a blindagem de Cláudio foi se quebrando, ele percebeu que poderia ser o próximo. “Havia rumores e o ex-comandante sabia. Ele tinha consciência que podia ser pego com a mão na massa”, afirma Técio.

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Escolta– Para Técio, as novas informações do inquérito reforçam a ideia de que era essencial uma escolta para acompanhar a magistrada. “O parecer que diz não ser necessária a escolta da Patrícia foi feito por um sargento da Polícia Militar. E esse parecer foi colhido pelo presidente do Tribunal de Justiça”, explica o advogado.

Em coletiva de imprensa na terça-feira, o presidente do Tribunal de Justiça do Rio, Manoel Rebêlo, ficou irritado com perguntas referentes à segurança de Patrícia. “Naquela época, não tinha bola de cristal para saber que o comandante do 7º BPM teria a covardia de mandar matar a juíza que o investigava” afirmou Rebêlo na ocasião. Técio rebateu a argumentação do presidente: “Não tinha bola de cristal, mas havia dezenas de denúncias. A própria Patrícia prestou depoimento na Polícia Militar falando sobre isso. Todos sabiam que o Cláudio era um matador”, afirma.

O advogado se disse chocado com a postura do Tribunal diante da discussão sobre a escolta. “O que me choca e me deixa envergonhado é o outro (Rebêlo) se irritar quando se toca em um ponto desses. Isso deixa mal o Tribunal. Não é para tomar como ofensa (as falhas do TJ em deixar a magistrada sem escolta). Parecem deuses do Olimpo que não podem ser contrariados”, argumenta Técio.

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