Atraso em obras da Copa favorece desvios, diz especialista
Em audiência pública na Câmara dos Deputados, representantes de engenheiros e arquitetos também ressaltram demora em melhorias no transporte
A Câmara dos Deputados organizou nesta quarta-feira uma audiência pública para debater o andamento das obras para a Copa do Mundo. E a conclusão não poderia ser outra: o Brasil começou a se preparar tarde para o torneio.
A Comissão de Turismo e Desporto da Câmara ouviu João Alberto Viol, presidente do Sindicato Nacional da Arquitetura e Engenharia Civil (Sinaenco), e José Roberto Bernasconi, que comanda a entidade em São Paulo. Na visão de ambos, o atraso no início das obras dos estádios é ainda menos importante do que a falta de perspectivas de avanços na mobilidade urbana e na infra-estrutura aeroportuária.
“Nós temos uma deficiência estrutural grave, que precisa ser corrigida. Nós temos uma cultura de executar a obra pública sem pensar antes e sem fazer projeto. Se você não tem projeto e trabalha no escuro, você tem riscos. Isso favorece os desvios”, disse João Alberto Viol aos parlamentares.
José Roberto Bernasconi corroborou a análise do colega: “O problema é que nós deixamos passar muito tempo. Nós já estamos no segundo tempo. O Brasil sabia que era bola da vez desde 2005. Nós deixamos o tempo passar”.
Apesar do atraso, ambos ressaltaram que o cenário já esteve pior: hoje, dez estádios já têm obras iniciadas. A situação mais preocupante é a de Itaquera (SP) e Natal (RN). Ainda assim, o atraso médio em relação ao cronograma ideal é de um ano.