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Para acusação, carta desmascara o goleiro Bruno

Advogado que atua com o Ministério Público de Minas Gerais pretende anexar nova prova ao processo. Edição de VEJA revela detalhes de como o goleiro e seus comparsas atraíram Eliza Samudio para a morte

Por Andréa Silva, de Belo Horizonte (MG)
7 jul 2012, 19h50

“Primeiro eles optaram por negar que havia um crime e orientaram os acusados a se manterem em silêncio. À medida que as provas foram surgindo e mais testemunhas apareceram, entre eles um menor, primo de Bruno, que contribuiu com as investigações, eles mudaram de tática”, disse José Arteiro

Os advogados de acusação estão convencidos de que a defesa do goleiro Bruno montou uma estratégia para tentar inocentar o ex-jogador, contando com a colaboração de Luiz Henrique Romão, o Macarrão, para assumir toda a culpa pelo sequestro, tortura e morte da jovem Eliza Samudio. Em entrevista ao site de VEJA, o advogado José Arteiro Cavalcante de Lima, que atua junto ao Ministério Público de Minas Gerais no processo, afirmou nesta tarde que pretende anexar ao processo uma cópia da carta escrita por Bruno, endereçada ao amigo, falando do “plano B” e pedindo desculpas por ter que agir dessa maneira. O documento foi revelado pela edição de VEJA que chegou às bancas neste sábado.

Bruno está preso desde julho de 2011, aguardando julgamento. Para Arteiro, a carta comprova a tese de que a polícia e o Ministério Público haviam formulado ainda no início do processo: a de que em algum momento do processo a defesa dos envolvidos no sumiço de Eliza tentaria tirar de Bruno a responsabilidade pelo crime, usando para isso até uma possível confissão de Macarrão. Desta forma, Bruno estaria livre para voltar a atuar no futebol e, como sempre fez, sustentar as famílias dos envolvidos e arcar com os custos de defesa.

Esse movimento, para Arteiro, demonstra um desespero da defesa. “Primeiro eles optaram por negar que havia um crime e orientaram os acusados a se manterem em silêncio. À medida que as provas foram surgindo e mais testemunhas apareceram, entre eles um menor, primo de Bruno, que contribuiu com as investigações, eles mudaram de tática”, disse.

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Arteiro considera que uma parte dessa estratégia passa pela insinuação, pelos próprios envolvidos, de que Macarrão nutriria por Bruno um sentimento homossexual. Dessa forma, estaria criada uma motivação passional para que o amigo resolvesse, de forma voluntária, o problema do jogador – Eliza cobrava o reconhecimento de paternidade e, como mostra a reportagem de VEJA, estaria também ameaçando divulgar um vídeo constrangedor para Bruno e Macarrão.

As declarações sobre o possível amor de Macarrão por Bruno começaram a surgir em março, logo após o advogado Rui Pimenta Caldas assumir a defesa do jogador. Pimenta confirmou a VEJA que houve uma mudança de direção na tática de defesa. “Falei com ele: não adianta ficar negando que essa jovem morreu. Todos têm culpa nesse caso, menos o Bruno, que é inocente, o bobo da corte. O problema dele foi ter o Macarrão como secretário”, disse.

Um trecho da carta diz o seguinte: “Eu sinceramente nunca pediria isso para você, mas hoje não temos que pensar em nós somente. Temos uma grande responsabilidade que são nossas crianças”, diz o goleiro. “Você me disse que se precisasse você ficaria aqui e que era para eu nunca te abandonar. Então, irmão, chegou a hora”, acrescenta. Em seguida, Bruno pede perdão por três vezes. Macarrão jamais recebeu a mensagem, que foi assinada pelo goleiro. A reportagem de VEJA comprovou a autenticidade da assinatura com dois peritos.

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Rui Pimenta, apesar de saber que o documento passou por dois peritos antes de ser tornado público, afirmou, depois da publicação de VEJA, que considera “fantasiosa” a carta. “O texto, a meu ver, tem um tempero homossexual, o que não se encaixa ao perfil do Bruno. Vamos aguardar até eu conversar com ele para saber se ele a escreveu”, disse. Pimenta pretende ir, na segunda-feira, até a penitenciária Nelson Hungria para conversar com o cliente e saber mais sobre o manuscrito.

Após tomar conhecimento das novas provas contra Bruno, reveladas por VEJA, o delegado Edson Moreira, que durante as investigações do caso era o chefe do Departamento de Homicídios e Proteção à Pessoa (DHPP) em Belo Horizonte, disse neste sábado não ter dúvida de que todas as dez pessoas acusadas no inquérito da Polícia Civil estão envolvidas até o pescoço no crime. Moreira vai além, e afirma acreditar que mais envolvidos virão à tona. Entre eles José Lauriano de Assis Filho, o Zezé, citado na reportagem e que caminha para ser uma figura-chave do caso. Foi Zezé quem apresentou ao grupo o ex-policial Bola, apontado como matador.

“O Zezé é um policial civil. Na época do crime, ele estava na ativa. Foram captados sinais de diversas ligações do celular dele para o celular do Macarrão, inclusive no dia em que Eliza e o filho foram trazidos para Minas. Há ainda ligações dele para o Bola na data que a jovem foi morta. Ele foi ouvido duas vezes na delegacia, uma na condição de testemunha e a outra como suspeito, mas não conseguimos provas ligando ele a morte da jovem”, afirmou Moreira. Segundo ele, Zezé trabalhava no 2º Distrito Policial do Bairro Floramar, na Região Norte de BH.

Medo – A mãe de Eliza Samudio, a sitiante Sônia de Fátima Moura, falou neste sábado a respeito das novas provas sobre a ação do grupo de Bruno contra a jovem. Sônia afirma que nunca acompanhou de perto a vida íntima da filha. “Eu tentei levantar informações sobre o que havia acontecido com a minha filha com as duas amigas com quem ela dividia o apartamento em São Paulo, mas elas desapareceram. Mudaram de casa e trocaram o número dos telefones, certamente apavoradas, com medo de também serem assassinadas, pois poderiam saber de algo que incomodasse os acusados”. Sônia também disse que soube da história de que Macarrão e Bola estiveram em São Paulo atrás de sua filha, para matá-la, mas não conseguiram encontrá-la.

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