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Ao inaugurar painel com história do Senado, Sarney diz que impeachment de Collor foi “acidente”

Reformado, o chamado Túnel do Tempo da casa não faz menção à derrubada do presidente pelo Congresso. Explicação de Sarney piora a situação

Por Gabriel Castro
30 Maio 2011, 17h32

O Senado Federal reformou o chamado Túnel do Tempo, uma passagem movimentada do Congresso que tradicionalmente exibe painéis com a história política do Congresso. O corredor de acesso às comissões da casa passou por uma maquiagem nos últimos meses, que teve fim nesta segunda-feira. Mas a remodelagem causou um curioso lapso: não há referências ao impeachment do presidente Fernando Collor, em 1992. Pior do que a omissão foi a explicação dada pelo presidente da Casa, José Sarney: “Talvez esse episódio seja apenas um acidente que não deveria ter acontecido na história do Brasil”.

O Túnel do Tempo é chamado assim exatamente por exibir painéis com a história do país a partir da Independência, em 1822. Está quase tudo lá: a criação do Parlamento, a Guerra do Paraguai, a Revolta de Canudos, o suicídio de Getúlio Vargas, o Ato Institucional número 5, as Diretas Já. Mas tanto a exibição principal, com fotos e textos, quanto a linha do tempo que segue até 2010 ignoram totalmente o escândalo que derrubou o primeiro presidente eleito pelo voto direto depois do regime militar.

Depois de 1988, o único fato considerado relevante pela Casa foi a aprovação da Lei de Responsabilidade Fiscal, em 1997. Também não há referências à cassação de Luiz Estevão, feito inédito no Senado. Nem às renúncias de Antonio Carlos Magalhães, Jader Barbalho, José Roberto Arruda e Joaquim Roriz. Não foi por falta de espaço: até a aprovação da Política Nacional de Resíduos Sólidos ganhou uma menção.

Reabilitado, Collor está no quinto ano de mandato como senador, pelo PTB de Alagoas. E tem prestígio no Senado presidido por Sarney (PMDB-AP): o alagoano tem um andar inteiro do Anexo 1 à sua disposição. Além de Collor, apenas um parlamentar tem regalia igual – o próprio José Sarney, claro. Outro ex-presidente da República, Itamar Franco (PPS-MG), ganhou um espaço bem mais modesto.

Se ao falar em “acidente”, Sarney quis dizer que Collor é inocente e não deveria ter perdido o mandato, acrescentou mais uma mancha ao longo currículo. Se o presidente atribui ao impeachment uma situação tão traumática que não merece ser lembrada, ele aparentemente não vê nada de errado no fechamento do Congresso, na censura à imprensa e na perseguição aos opositores durante vários períodos da história. Estão todos lá, nos painéis do Túnel do Tempo.

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