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Paim: “Vou tentar o diálogo até o último minuto”

Senador petista tenta convencer bancada do partido a aprovar mínimo de 560 reais, mas não se mostra disposto a bater de frente com a legenda pela causa

Por Gabriel Castro
21 fev 2011, 08h17

O senador Paulo Paim (PT-RS) é um dos poucos petistas que não exercem a função reservada a eles na curiosa inversão de papeis desenhada no governo Dilma Rousseff. Hoje, ser parlamentar do PT é falar em austeridade fiscal, receber vaias de sindicalistas e chamar a oposição de “irresponsável” enquanto os oposicionistas se aliam às centrais sindicais na briga por um salário mínimo maior dos que os 545 reais do Planalto. O gaúcho promete insistir na tentativa de persuadir os colegas de partido pelo valor de 560 reais, apesar de já ter recebido uma advertência do líder da bancada, Humberto Costa (PT-CE). Paim nega que esteja jogando para a plateia. Ao mesmo tempo, não quer ser visto como um rebelde. Ele promete continuar na briga até a quarta-feira, data da votação do salário mínimo no Senado. Em entrevista ao site de VEJA, Paim também cobrou o fim do fator previdenciário e uma política de valorização das aposentadorias.

O senhor vai apresentar emenda elevando o mínimo para 560 reais?

Ainda estou conversando com muita gente: senadores, as centrais, as confederações, a bancada, a base. Tenho três preocupações neste debate: como fica a situação dos aposentados e pensionistas, não terão nenhum tipo de reajuste nestes quatro anos? Como fica a questão do fator previdenciário? A terceira é a antecipação de parte do salário mínimo, que é uma proposta diferente das apresentadas por DEM e PSDB. O DEM quer mexer na política salarial. E essa política salarial eu ajudei a construir e defendo como ninguém. Eu não quero fixar o mínimo em 560 reais. Eu mantenho os 545 e propus uma antecipação de 15 reais. Tem também a política dos aposentados e pensionistas. O fator previdenciário é até mais importante do que a antecipação de 15 reais por seis ou sete meses.

Como tem sido o apoio dos colegas à proposta?

Eu conversei com inúmeros parlamentares sobre os três pontos aqui levantados. Vou ter reunião com as centrais sindicais e as confederações na terça-feira, no Senado. Tem a reunião da bancada na terça com um representante do Ministério da Fazenda. Vamos continuar o diálogo até quarta-feira.

O governo tem pressa e não vai querer que o texto seja alterado no Senado e retorne para a Câmara. O senhor realmente acha possível que o Planalto mude de ideia?

Na época da reforma da Previdência, no início do governo Lula, tivemos uma situação semelhante a essa, que resultou na expulsão de Heloísa Helena, Luciana Genro e tantos outros. E eu, naquela oportunidade, ajudei a construir a PEC (Proposta de Emenda à Constituição) paralela. Disseram que era só uma promessa, mas nós aprovamos. Foi uma saída política que resultou num saldo positivo para os trabalhadores. Estamos num momento semelhante, podemos construir uma alternativa.

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O líder Humberto Costa já falou com o senhor a respeito do salário mínimo. Não conseguiu demovê-lo da idéia?

Foi uma boa conversa. Nós estamos querendo construir alternativas que evitem a apresentação da emenda e que eu vote com a bancada. Essa é a intenção.

O senhor não pretende, portanto, ir até o final numa emenda que a bancada não aceite?

Não. Eu quero que a construção dessa negociação tenha o apoio da bancada. Para mim é muito mais importante construirmos uma alternativa ao fator previdenciário e uma política de reposição para os aposentados que o adiantamento de 15 reais, como eu estou propondo, que termina em 1º de janeiro. Eu sempre disse, desde o início, que tentaria o diálogo até o último minuto. Vou fazer isso. Dialogando ao extremo pela construção de um entendimento, como sempre fiz ao longo dos meus oito anos como senador e quatro mandatos de deputado federal.

Há quem diga que o senhor está apenas jogando para a plateia, especificamente para os sindicalistas.

Eu fui secretário-geral da CUT (Central Única dos Trabalhadores) nacional, fui vice-presidente da CUT. Sempre tive uma participação direta no sindicalismo. Eu sou um sindicalista que está no Parlamento. Sou vinculado ao movimento sindical, isso está no meu sangue. Eu não tenho que fazer média com ninguém, tenho que trabalhar naquelas propostas oriundas do movimento sindical.

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O senhor recebeu algum recado do Palácio do Planalto?

Não. Eu tenho estabelecido um diálogo aqui no Parlamento e a presidente Dilma esteve no meu estado, na minha campanha. O Lula foi lá fazer campanha para mim, a Dilma também esteve. A minha relação com a Dilma sempre foi muito boa, até porque nós nos conhecemos há 30 anos. Na primeira vez que eu me candidatei a presidente do Sindicato dos Metalúrgicos de Canoas, a Dilma e o Carlos Araújo, que era o marido dela, foram para a porta da fábrica entregar material e fazer campanha para mim. Em todas as minhas campanhas ela sempre me apoiou.

O fato de o senhor defender o mínimo de 560 reais não dá força à bandeira da oposição?

Eu não estou trabalhando em nenhum momento com os 560 da oposição. Eles estão propondo um aumento para 560, eu não. Eu estou propondo um adiantamento de 15 reais, que dá 2,75%, e termina em 1º de janeiro, porque se incorpora à política salarial que nós construímos juntos.

A indicação do senhor para presidir a Comissão de Direitos Humanos do Senado tem a ver com uma tentativa de apaziguamento?

Não tem nada a ver. Eu tive sempre a mesma postura que estou tendo hoje. E já fui presidente da Comissão de Direitos Humanos, indicado pela bancada. Nesse caso aqui, o PT nem contava que iria presidir a comissão. Eu era o único parlamentar que estava listado. Nenhum partido quis a Comissão de Direitos Humanos. Caiu para o PT e só tinha eu inscrito para o cargo. “Bom, o Paim se inscreveu, o Paim quer, fica com o Paim”. Foi natural, os partidos da casa sabem.

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