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Ordem de ataques em SC saiu de presídios, diz governo

Delegado-geral de Polícia Civil, Aldo Pinheiro, afirma que parte dos atentados ocorre por ação de organizações nos presídios, e outra parte por vândalos

Por Da Redação
15 nov 2012, 11h34

O governador de Santa Catarina, Raimundo Colombo (PSD), afirmou que há fortes indícios de que os atentados ocorridos em Santa Catarina pela terceira noite seguida têm ligação com presídios. Na noite desta quarta-feira, foram registrados ao menos seis novos ônibus incendiados e prédios de órgãos da segurança pública, como a central de monitoramento da Polícia MIlitar em Florianópolis e postos da Guarda Municipal, foram alvo de tiros.

Colombo afirmou que parte dos crimes é motivada pelo aumento da presença do estado nas cadeias. “No ano passado tivemos mais de 500 fugas e 11 mortes. Em 2012, foram 125 fugas e apenas duas mortes.” Segundo o governador, o Ministério da Justiça ofereceu ajuda, mas ele recusou. “Mas não temos necessidade. Nossa polícia tem como controlar a situação.”

De acordo com o delegado-geral de Polícia Civil, Aldo Pinheiro, os depoimentos dos detidos reforçam o eixo de trabalho das investigações. “Parte dos atentados ocorre por ação de organizações nos presídios e outra parte é de vândalos ou oportunistas que se aproveitam da situação para confrontar o estado.”

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Para o delegado Renato Hendges, presidente da Associação dos Delegados de Polícia (Adepol) em Santa Catarina, a origem da crise também são as más condições do sistema prisional. Ele atribui os ataques à existência de uma facção criminosa nos presídios. “Negar que exista essa organização é hipocrisia. São cinco ou seis líderes, bandidos perigosos que chefiam a organização, que tem um comando verticalizado e ações criminosas em vários níveis.” Hendges afirma ainda que há a possibilidade de criminosos paulistas estarem ordenando a bandidos de Santa Catarina que cometam os crimes no estado.

Em maio, a polícia descobriu um sítio na zona rural de Itajaí onde o PCC dava “treinamento” a criminosos. Há informações de ligação ainda entre a facção paulista e o chamado Primeiro Grupo Catarinense (PGC).

Diretor afastado – Após o vazamento de uma gravação em vídeo em que detentos do Complexo de São Pedro de Alcântara, na Grande Florianópolis, cumprimentam comparsas pelo “apoio e empenho em prol da facção” nos ataques, o diretor do presídio, Carlos Alves, pediu afastamento do cargo. O presídio é a provável base de onde partiriam as ordens para os atentados.

O comunicado foi feito pelo governador nesta quarta-feira à tarde. Colombo disse apenas que Alves está abalado com o assassinato da mulher, a agente penitenciária Deise Fernanda Melo Pereira, de 30 anos. Existem suspeitas de que sua morte tenha sido vingança contra Alves, que adotou medidas duras no presídio. Os presos gravaram nesta semana a entrada violenta de agentes penitenciários em uma cela.

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O Ministério Público do Estado também montou um grupo de trabalho para atuar na inteligência de combate ao crime. A ideia é trabalhar com as Polícias Civil e Militar e outros órgãos de segurança para descobrir de onde partiu a ordem para os atentados, quem comanda as ações e montar estratégia para coibir novos ataques. O procurador-geral de Justiça, Lio Marcos Marin, acredita que até o início da próxima semana as investigações darão resultados.

Ele não acredita que os atentados tenham origem em alguma facção criminosa – aos moldes do PCC de São Paulo – que atue nos presídios. Na opinião dele, o que existe em Santa Catarina são pequenos grupos, com certo grau de organização, que se beneficiam do vazamento de informação para fora do sistema prisional. “Não ocorre uma organização nas dimensões em que se imagina ou que é noticiado.” As investigações do Ministério Público seguem na linha de que a violência dos últimos dias é uma retaliação dos presos contra o corte de regalias nas prisões e em resposta a maus-tratos e torturas.

Para o presidente da Ordem dos Advogados do Brasil (OAB) catarinense, Paulo Roberto de Borba, a crise instalada na segurança pública do Estado expõe a necessidade de uma revisão completa no modelo. “Quando ouvimos de um ministro da Justiça, que ele preferia morrer a ser preso, é porque algo está errado.”

(Com Estadão Conteúdo)

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