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Operação Turbulência: quadrilha ostentava lanchas e jet skis ‘Sedução’ e ‘Ousadia e Alegria’

Bens foram apreendidos pela Polícia Federal; empresários presos em Recife são suspeitos de manterem uma extensa rede de lavagem de dinheiro

Por Felipe Frazão 24 jun 2016, 08h07

A organização criminosa especializada em lavagem de dinheiro para políticos investigada na Operação Turbulência da Polícia Federal acostumou-se a ostentar riqueza e luxo e passou a dar nomes, no mínimo, provocativos aos bens que amealhavam com o crime. A maior evidência deste fato, e que chamou a atenção da Polícia Federal, eram as postagens deles nas redes sociais, em especial sobre as embarcações e automóveis.

Dois dos líderes do esquema, os empresários, sócios e amigos João Carlos Lyra Pessoa de Mello Filho e Eduardo Freire Bezerra Leite, o Ventola, eram apaixonados por lanchas. Ambos estão presos preventivamente. Lyra possui em seu nome duas lanchas, uma das quais tinha o nome “Segredo”, mas que ele decidiu mudar para “Sedução” quando comprou. O comparsa Ventola também tinha lanchas com a mesma alcunha. Lyra ainda tinha mais três jet-skis, um deles com o sugestivo nome de “Ousadia e Alegria”.

Apontado como operador de propinas do ex-governador e ex-candidato à Presidência da República Eduardo Campos (PSB), morto em acidente aéreo em 2014, Lyra era autodeclarado dono do jatinho Cessna PR-AFA do acidente fatal. Ele figurou como sócio de ao menos quatro empresas, mas tinha um patrimônio incompatível com a renda. Em 2013, por exemplo, os créditos na conta bancária dela era 211 vezes sua renda líquida declarada. Entre os automóveis registrados, estão uma Land Rover Defender 110 e dois VW Jetta 2.0.

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Eduardo Ventola, outro dos “cabeças” da organização, passou pelo quadro societário de ao menos sete empresas, entre elas administradoras de bens e imóveis. Gostava de passear com amigos e familiares em lanchas e aeronaves.

Ventola possui em seu nome três carros de luxo: uma Mercedez Benz E320, uma caminhonete 4×4 Toyota Hilux CD SRV e uma Hyundai Tucson GLSB. Também usava uma Land Rover Discovery 4 3.0 SE, registrada em nome de uma de suas empresas. Ventola é dono das lanchas “Volupia I”, “Mimosa”, “Duas Marias I”, “Weekend”, duas de nome “Sedução”, “Sedução I” e “Sedução III”, uma lancha jet boat e um jet-ski.

Os bens mais valiosos de Ventola são, na verdade, seus dois helicópteros e o avião monomotor experimental. Trata-se de um Eurocopter AS 350 B3 de prefixo PR-LEE, um Robinson R44II de prefixo PR-HCC e um monomotor Flyer RV-10 de prefixo PT-ZPE. Ventola também tem patrimônio incompatível, segundo a PF. Em 2013, ele movimentou créditos de 18 milhões de reais mas declarou rendimentos líquidos de 241.586,58 reais – 76 vezes menor.

Além deles, participava da cúpula da organização o empresário Apolo Santana Vieira, que tem participação direta ou indireta em dezoito empresas. Ele também foi preso. Apolo é dono da BMW X6 M branca apreendida no pátio da Polícia Federal, além de duas jangadas.

Ele já era alvo de ao menos três inquéritos: dois por crimes contra ordem econômica e um por crimes contra o sistema financeiro nacional, destinado a apurar depósitos não declarados em contas de duas empresas no Safra National Bank, de Nova York. Também foi denunciado duas vezes e responde a uma terceira ação penal por fraude na importação de pneus.

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Os dois testas de ferro contra quem havia mandado de prisão preventiva eram Paulo César de Barros Morato, encontrado morto em um motel de Olinda (PE) na quarta-feira, e o vaqueiro Arthur Roberto Lapa Rosal, o “Tuta Rosal”. Morato era dono de duas empresas do esquema, a Câmara & Vasconcelos Locação e Terraplanagem e a Lagoa Indústria e Comércio. No motel, a Polícia Civil encontrou cheques em branco, envelopes para depósito, 3.000 reais em dinheiro e um Jeep Renegade preto, que ele dirigia.

Tuta Rosal, por sua vez, tem seu nome no quadro societário de nove empresas do ramo de transportes, postos de gasolina e lojas de conveniência. Rosal já foi processado duas vezes na Justiça de Pernambuco por crimes de trânsito – em um dos casos, dirigia embriagado – e uma vez com base na Lei Maria da Penha, por agredir uma ex-namorada durante uma discussão em um show musical. A PF diz que ele tem o costume de postar fotos nas redes sociais “ostentando riqueza, ao lado de carros importados, cavalos de raça e um caminhão equipado para participar de vaquejadas”. Ele também possui duas lanchas Jet Boat de nomes “Viver a vida” e “Speedster”. Numa postagem, ele comemorava a Evoque: “Presente do papai.”

A juíza Amanda Torres de Lucena Diniz Araújo, da 4ª Vara Federal, sequestrou os bens dos cinco investigados e de mais dezessete empresas envolvidas no esquema de lavagem de dinheiro. Ela determinou que o Banco Central bloqueie até 8,5 milhões de reais encontrados em contas bancárias e aplicações de cada. Os valores serão usados para reparação dos crimes e pagamento de multa.

Segundo levantamento da PF, os cinco líderes da organização movimentaram para si mesmos 42,6 milhões de reais em contas de laranjas e empresas de fachada. João Lyra recebeu 3,6 milhões de reais; Eduardo Ventola, 7,6 milhões de reais; Apolo Santana Vieira 4,2 milhões de reais; Tuta Rosal, 2,5 milhões de reais; e o morto Paulo Morato, 24,5 milhões de reais.

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