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Obra de prédio que caiu havia sido paralisada por risco

Mestre de obras não confiava na estrutura do prédio e havia cerca de 500 blocos de barro e toras de madeira na laje, que não tinha sido escorada; oito pessoas morreram

Por Letícia Cislinschi
28 ago 2013, 14h10

A obra do prédio comercial que desabou e matou oito pessoas nesta terça-feira em São Mateus, na Avenida Marteo Bei, na Zona Leste de São Paulo, havia sido paralisada no sábado, de acordo com depoimento de funcionários à Polícia Civil. A decisão de interromper o trabalho teria sido tomada entre um representante da Torra Torra, rede de lojas que alugaria o edifício, um engenheiro que trabalhava para o proprietário do prédio e outro da Salvatta Engenharia, contratada para fazer reparos e acabamento na edificação.

“Ocorreu uma reunião entre a arquiteta da empresa Torra Torra, o engenheiro da Salvatta e o engenheiro Marcos, que trabalhava para o dono da obra. Foram discutidos dados sobre a estrutura da edificação e concluíram que tudo deveria ser parado, porque a estrutura não suportaria o peso e deveria ser feito um reforço”, disse o encarregado de elétrica Reginaldo Caetano dos Santos, ao depor no 49º DP nesta terça-feira.

Santos também relatou à polícia que o mestre de obras, identificado como Rubens, não confiava na estrutura do prédio: “Ele dizia que a ferragem utilizada era muito fina para aquele tipo de serviço”.

Rubens é um dos feridos no desabamento e está internado com luxação no tornozelo. Ele será ouvido pela polícia quando receber alta do hospital. Santos disse também ter sido orientado a retirar todo o material que estava sobre a laje da construção. O servente de pedreiro Antonio Walisson Teixeira Silva informou que estavam depositados no local cerca de 500 blocos de barro e toras de eucalipto que serviriam para o escoramento da laje – o que ainda não havia sido feito. “Em razão de a laje não ter sido escorada nós começamos a fazer a limpeza da obra. Só isso que nos foi mandado”, disse Silva.

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Embora a Salvatta Engenharia negue ter feito alterações na estrutura do prédio, Silva afirmou em depoimento que foi contratado há 15 dias pela empresa e chegou a levantar algumas “várias paredes e divisórias no pavimento superior”. “A empresa diz que os funcionários só faziam a limpeza. Mas é estranho ter quarenta pessoas realizando só esse serviço”, disse o delegado titular do 49º DP, Luiz Carlos Uzelim, responsável pelo caso.

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Investigações – A polícia ainda tenta descobrir alguma informação que leve aos responsáveis pelo desabamento e ao engenheiro que tocou a construção do prédio. Ele deve ser chamado a depor, assim como representantes da empresa Torra Torra, da Salvatta, o dono do prédio e um fiscal da prefeitura de São Paulo.

Quem for responsabilizado deve responder por homicídio culposo (sem intenção de matar) e lesão corporal. “O que vai ser questionado é se a Salvatta fez alguma coisa que abalou o projeto ou se a empresa anterior cometeu alguma falha na estrutura”, disse Uzelin.

O delegado diz também que houve falha da Prefeitura de São Paulo. Segundo ele, se a empresa não cumpriu a ordem de embargo emitida pela prefeitura, caberia ao poder público acionar a Justiça e a polícia para que o trabalho fosse interrompido.

Nesta terça, a prefeitura informou que a obra que desabou estava irregular. Em nota, a administração informou que a empresa chegou a ser multada duas vezes por falta de documentação e que não poderia estar sendo executada.

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