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O show de calouros da prefeitura do PSOL

Ex-cortador de cana eleito em Itaocara, no estado do Rio, Gelsimar Gonzaga faz assembleias com a população para que secretários sejam aclamados. Primeira medida do novo alcaide será cortar o próprio salário e o de seus assessores diretos

Por Pâmela Oliveira
10 dez 2012, 06h41

“Atualmente vivo com 545 reais por mês. Eu não preciso de quinze mil. Não há necessidade”, diz Gelsimar

Ex-cortador de cana, ex-sindicalista, agente de saúde, Gelsimar Gonzaga, 49 anos, conquistou, na eleição de 3 de outubro, a primeira prefeitura da história do PSOL. Os 6.796 votos que obteve fincaram na pequena Itaocara, cidade de 23.000 habitantes, 270 quilômetros a noroeste do Rio, a bandeira amarela e o sol vermelho do partido de Heloísa Helena, Marcelo Freixo, Babá, Jean Wyllys, Chico Alencar, Randolfe Rodrigues e Luciana Genro. O PSOL fez Itaocara ser notícia no país, e Gelsimar, ao que tudo indica, vai manter o partido no noticiário ao longo do próximo quadriênio.

O PSOL também conquistou, no segundo turno, a prefeitura de Macapá, que será governada a partir de 2013 por Clécio Luís. Mas é na pequena Itaocara que tem se manifestado o que a página do partido na internet chama de “modo PSOL de governar”. Gelsimar escolheu quatro, dos 14 secretários, em praça pública, pelo voto popular. O sistema de votação funciona assim: um carro de som convoca os eleitores para a quadra. Os ‘candidatos’ a secretário escolhidos pelo partido são apresentados e, tal qual em programas de auditório, são eleitos por aclamação. Segundo Gelsimar, cada votação reúne cerca de mil pessoas – as fotos não mostram essa gente toda. A primeira sessão de escolha de secretários ocorreu em 7 de novembro, e coroou o professor Marco Aurélio Guerreiro e a técnica administrativa Margareth Mello nas pastas da Educação e da Saúde.

Dizendo-se “um funcionário dos eleitores”, Gelsimar decidiu submeter os nomes dos secretários de Saúde, Educação, Obras e Agricultura à população porque, segundo ele, são as pastas mais importantes para a cidade. Por isso, explica, só conquista a pasta aquele que tem a aprovação da maioria dos que participam da votação na quadra de esportes.

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“Eu chego à quadra com dois nomes previamente selecionados. Apresento o primeiro e peço que os que concordam com a nomeação levantem a mão. Para confirmar aquele nome como secretário, é preciso que metade mais um concordem. Caso contrário, anuncio o próximo nome e faço a mesma coisa. A população também pode apresentar outro. É importante que todos participem”, explica.

Para secretário de Obras, o primeiro nome proposto por Gelsimar é o do motorista bombeiro Eduardo Moreno. Questionado sobre a experiência de Moreno para ocupar a pasta, o futuro prefeito teve dificuldades para se explicar. “Ele trabalha na Defesa Civil. Está acostumado com problema de enchente, deslizamento, socorro. Essas coisas, desentupir bueiro, é questão de obra mesmo. A Defesa Civil trabalha muito com o pessoal da obra”, afirma, certo de que fez uma boa escolha.

A primeira medida do novo governo está decidida. Uma mudança no salário do prefeito e dos secretários. Não um aumento, mas um corte, claro. Num país em que deputados e senadores têm até o Imposto de Renda de seus 14º e 15º salários pagos pelo contribuinte, a medida é bem-vinda. A intenção de Gelsimar é reduzir seu próprio salário e o do primeiro escalão. O prefeito de Itaocara ganha, atualmente, 15.000 reais, enquanto secretários recebem 4.500.

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“Atualmente vivo com 545 reais por mês. Eu não preciso de 15.000. Não há necessidade. Eu tenho que me comparar com outros trabalhadores. Sou um trabalhador e acho que a diferença salarial é muito grande. Não sei se a redução vai ser 10%, 5% ou 20%. Vai ser nessa média”, disse Gelsimar ao site de VEJA, na sexta-feira, pouco antes de seguir para outra eleição de secretários.

Turismo Ideológico – Certo de que Itaocara será vitrine do PSOL para o país, Gelsimar sonha com o crescimento do que chama de “turismo ideológico” na cidade. O nascimento dessa modalidade de visitação deve ocorrer já na posse. Jovens militantes do PSOL prometem ocupar Itaocara no dia 1º de janeiro.

“Esse é um momento histórico para o PSOL. Estamos organizando uma excursão para a cidade. Fretaremos ônibus para sair no dia 1º de manhã do centro do Rio, para um ato na posse do novo prefeito. O que ele está fazendo é muito diferente. A gente costuma ver troca de favores e alianças espúrias. E o que teremos é uma gestão participativa”, afirma Rose Messias, membro da executiva estadual do PSOL-RJ.

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https://youtube.com/watch?v=ksj7VthESBQ

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