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Natal do funk causa pânico nos shoppings de SP

Jovens aderem à rotina de marcar tumultos em grandes centros de compras na época mais movimentada. Há eventos semanais organizados por meio das redes sociais até o penúltimo fim de semana de janeiro

Por Mariana Zylberkan
20 dez 2013, 06h21

O tumulto que aterrorizou clientes e lojistas nos dois últimos finais semanas seguidos em shoppings centers da Grande São Paulo deve se prolongar para além da época que antecede as festas de fim de ano, o período mais movimentado no comércio. Há pelo menos cinco eventos organizados por meio das redes sociais que convocam jovens a comparecer em massa a shoppings da maior cidade do Brasil, nos bairros de Interlagos, Itaquera, Tatuapé e Jurubatuba. As “reuniões” foram agendadas em todos os finais de semana até o fim de janeiro, com exceção do dia 5.

Batizado de “rolezinho”, o evento é sempre convocado da mesma forma nas redes sociais: “Não é encontro de fãs, porque aqui ninguém é famoso. É mesmo para dar uma curtida, tumultuar, tirar várias fotos e dar uns beijos”. Um dos que replicaram a frase, o ajudante geral e aspirante a cantor de funk Jefferson Luis, de 20 anos, foi parar na delegacia no último sábado, durante o “rolê” no Shopping Internacional de Guarulhos, na Grande São Paulo, organizado por ele por meio do Facebook. “Não temos opção de lazer na periferia”, diz.

Jefferson Luis, o MC Jota L, organizou o “rolezinho” no shopping Guarulhos (VEJA)

Na delegacia, Luis e os outros 23 detidos no último sábado foram ouvidos e liberados em seguida. “O coronel me mandou apagar o evento no Facebook. Minha mãe chorou muito e agora vou procurar meu direito ao lazer de outra forma, talvez organizar um movimento na frente da prefeitura.”

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Apesar das cenas assustadoras, 200 jovens correndo pelos corredores do shopping e invadindo as lojas, a polícia não registrou nenhum roubo ou furto no “rolê” do último sábado. Porém, no sábado anterior, um tumulto no Shopping Metrô Itaquera, com 6 000 pessoas no estacionamento do estabelecimento, resultou na prisão de um rapaz por furto. Segundo a polícia, foram encontrados com ele uma bermuda e um boné ainda etiquetados.

No Facebook, a maioria que se engaja aos rolês é contrária a qualquer prática criminosa. São jovens moradores de bairros da periferia que gostam de ostentar roupas de marca em fotos compartilhadas nas redes sociais. Óculos escuros com lentes espelhadas e aparelhos ortodônticos com elásticos coloridos são constantes nas fotos. Muitos informam com bom humor o fato de não terem um trabalho e morar na casa dos pais e dizem trabalhar na empresa Vasp (Vagabudos Anônimos Sustentados pelos Pais).

Segundo o diretor institucional da Associação Brasileira de Lojistas de Shopping (Alshop), Luís Augusto Ildefonso da Silva, os tumultos são explicados por uma decisão recente da prefeitura de São Paulo de proibir a organização de bailes funk em ruas da periferia paulistana. A proibição teria irritado os adeptos do funk ostentação – que direciona letras de música à exaltação de marcas e ao consumo.

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A invasão ao Shopping Metrô Itaquera fez soar alarmou o setor em São Paulo. Uma reunião com representantes de shoppings da cidade foi realizada dois dias depois na sede paulistana da Associação Brasileira de Shopping Centers (Abrasce). A maior preocupação foi evitar que o tumulto afastasse os compradores na melhor época do ano para o comércio varejista. Alguns estabelecimentos decidiram triplicar o contingente de segurança privada. Normalmente, em dezembro, os shoppings centers dobram o número de seguranças justamente para atender o maior fluxo de pessoas esperado.

A Secretaria de Segurança Pública e associações do setor têm trabalhado em parceria para coibir os “rolês”. Policiais analisaram o conteúdo gravado pelas câmeras de segurança do Shopping Metrô Itaquera durante o tumulto do dia 7, o que os ajudou a identificar baderneiros entre os frequentadores do Shopping Internacional de Guarulhos no último fim de semana. “O preparo fez a polícia e a segurança privada do shopping agirem com muito mais rapidez, o que não atrapalhou tanto as vendas”, diz o diretor Alshop.

Em nota oficial, a Secretaria de Segurança Pública afirmou que a segurança no interior dos shoppings é de responsabilidade privada e a Policia Militar só entra em ação em casos de tumulto ou prática de crime. Mesmo assim, a polícia tem monitorado as redes sociais para se adiantar e controlar possíveis arrastões. A adesão de 6 000 pessoas à página do Facebook que organizou o “rolê” no Shopping Internacional de Guarulhos fez a Força Tática do município mobilizar 90 homens no entorno do centro comercial no último sábado.

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https://youtube.com/watch?v=77C8PunCbwo

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