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O momento mais franciscano da visita do papa do Brasil

Pontífice determina economia máxima na visita que fará ao Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus, onde será instalada uma unidade para tratar de dependentes químicos

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 9 jun 2013, 07h54

Será “o papa, como o bom pastor, ao lado das ovelhas machucadas que precisam da atenção dele”, explica o frei Paulo Batista, diretor do hospital, traçando uma metáfora bíblica para a visita

Em um pequeno tablado, com espaço para três cadeiras, o papa Francisco ouvirá, por 10 minutos, os depoimentos de dois ex-dependentes químicos. À frente, o pontífice terá uma fila de pessoas ainda em tratamento para se livrar do vício. Só 60 jornalistas vão presenciar o encontro, marcado para 24 de julho, durante a Jornada Mundial da Juventude, no Rio de Janeiro. No total, 500 pessoas – número modesto comparado aos milhões esperados nos outros atos com a presença do papa – acompanharão o momento, o mais franciscano de todos os compromissos do pontífice na cidade. A escolha pelo lugar foi do próprio Jorge Mario Bergoglio, ao ter acesso à lista de opções montada pela Igreja católica do Rio. Ao passar o dedo pelos nomes sugeridos, inclusive de instituições jesuítas, parou o olhar em uma franciscana: Hospital São Francisco de Assis na Providência de Deus. O papa Francisco em uma unidade de saúde com essa denominação, coordenada por freis franciscanos, não é, definitivamente, uma coincidência. Ficará nesse hospital o legado da JMJ, um centro de referência para o tratamento de pessoas com problemas de saúde mental, especialmente dependência de drogas.

Alberto Gasbarri, chefe no Vaticano do departamento que se dedica às viagens internacionais do pontífice, avisou à direção do hospital que vai ser um compromisso pastoral, não político. Será “o papa, como o bom pastor, ao lado das ovelhas machucadas que precisam da atenção dele”, explica o frei Paulo Batista, diretor do hospital, traçando uma metáfora bíblica para a visita. O evento terá duração de 45 minutos a uma hora. Será o tempo de Francisco conhecer a pequena capela do hospital, que está em reforma, ao lado do arcebispo do Rio, dom Orani Tempesta, do frei Francisco Belotti, superintendente da Associação Lar São Francisco de Assis na Providência de Deus, que administra a unidade, e de alguns frades. Na capela, está acertado que serão minutos de oração e de silêncio.

Em seguida, a dez passos, o papa chega à praça onde está sendo montado o tablado para a celebração. O lugar passa por reforma para receber o pontífice e para a montagem de um memorial. No pequeno palco, o papa, dom Orani e frei Francisco dirão poucas palavras. A vontade da Igreja é de que seja um evento simples. O próprio pontífice pediu que não se gastasse dinheiro com essa agenda e que a quantia que seria empregada nos preparativos para recebê-lo fosse destinada ao tratamento de dependentes químicos. Apesar de estar tudo cronometrado, a assessoria do papa ressaltou à administração do hospital a possibilidade de o pontífice resolver visitar pacientes internados.

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No dia seguinte à passagem do pontífice pela unidade de saúde, começará a funcionar parcialmente o Polo de Atenção Integral à Saúde Mental (PAI), que receberá o nome de seu inaugurador: papa Francisco. O polo cuidará de pacientes com problemas mentais e de dependentes químicos, sobretudo os viciados em crack. Em setembro, estarão funcionando todos os 70 leitos do PAI, construído com os 2,5 milhões de reais dados pelo Vaticano para as obras, em um prédio que estava desativado no complexo hospitalar de oito edifícios. “Não tem como recuperar só por meio da palavra. O primeiro passo nesse trabalho de dependência química é medicamentoso”, diz o frei Paulo.

O polo será uma referência no Rio de Janeiro para o tratamento de drogados. A maior parte dos leitos será para os pacientes do SUS e o restante para os conveniados. Haverá leitos para os momentos de crise, quando o paciente está em surto, e onde poderá ficar até 72 horas, e os leitos para que seja dada continuidade ao tratamento por até dois meses. Depois, os pacientes serão encaminhados a uma das 22 comunidades terapêuticas católicas do Rio. Atualmente, pelo SUS, são reservados alguns leitos em hospitais para os usuários de drogas – não existe uma estrutura destinada apenas para esse caso e que tenha um hospital com todas as especialidades médicas à disposição do interno. Só no polo, estão escalados 20 psiquiatras, 60 técnicos em enfermagem, 20 enfermeiros e 15 na administração.

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Em um hospital gerido por freis franciscanos, todos os novos funcionários do PAI, dos cozinheiros aos médicos, receberam um curso para oferecerem um atendimento mais humanizado. “Unimos a dimensão técnica e a religiosa. É um perfil mais caloroso, humano. Não falamos de denominação religiosa. Queremos espiritualidade em todos os nossos serviços, e isso é muito mais do que oração e pregação. É fazer que a energia positiva e o sentido de acolhida aconteçam em cada ato nosso”, afirma o frei.

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