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O medo de volta ao Complexo do Alemão

Depois de ordens de traficantes para fechar o comércio e de tiros durante uma corrida de rua, semana começa tensa no conjunto de favelas

Por Da Redação
27 Maio 2013, 12h17

Ocupado desde novembro de 2010 pela polícia, o conjunto de favelas do Alemão voltou a ser, na última semana, o centro nervoso da segurança pública no Rio. O complexo, que depois de passar três décadas impenetrável para o poder público tornou-se símbolo da reconquista de “territórios” pelo governo do estado do Rio, teve dois dias de comércio e escolas fechadas na quinta-feira e na sexta-feira. E, no domingo, momentos antes do início da corrida Desafio da Paz, uma competição de rua com presença do secretário de Segurança, José Mariano Beltrame, foram disparados tiros de armas automáticas por cerca de cinco minutos, o que amedrontou corredores e atrasou a prova. Os últimos episódios naquela área deixam os moradores de favelas com Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs) apreensivos, apesar das promessas do estado de que não haverá recuo.

Desde a quinta-feira, quando traficantes ordenaram o fechamento do comércio, o policiamento foi reforçado em 40% – o número exato não é divulgado por questões de segurança. Depois dos tiros disparados no domingo, áreas ao redor do Complexo do Alemão e da Vila Cruzeiro também receberam reforços, com policiais do Batalhão de Operações Especiais (Bope) e do Batalhão de Choque (BPChoque). A Polícia Civil informou ter identificado os atiradores que amedrontaram os corredores no domingo, mas não deu detalhes sobre os suspeitos.

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O tiroteio do domingo ocorreu às 7h30. Tudo leva a crer que o objetivo dos criminosos era causar medo – e não um confronto típico entre bandidos que disputam território. Os estampidos foram ouvidos no momento em que corredores se preparavam para o Desafio da Paz, corrida de rua promovida desde 2011 pela ONG AfroReggae. A prova, que teria largada às 8h, só começou às 9h, mas evidentemente o clima festivo não era mais o mesmo.

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O secretário estadual de Segurança, José Mariano Beltrame, participou da corrida, que teve 2 mil inscritos. O percurso, de 5 km, é semelhante àquele percorrido por criminosos filmados em fuga durante uma operação policial promovida em 2010. Segundo o coordenador das UPPs, coronel Paulo Henrique de Moraes, houve tiros no Alto da Pedreira, no Complexo do Alemão, e na Vila Cruzeiro, na Penha, em um trecho conhecido como Treze, onde um contêiner da UPP foi metralhado. Segundo o coronel, os disparos partiram de traficantes e não houve confronto.

Logo após o tiroteio, PMs vasculharam a área, mas ninguém foi preso. O início da corrida foi autorizado após uma vistoria da polícia. “O que aconteceu foi uma ação que infelizmente é irresponsável e criminosa. É óbvio que foi uma facção, que, mesmo enfraquecida, acha que com atos assim pode afastar a polícia e o estado, mas nós não sairemos”, declarou Beltrame. “Existe toda uma questão simbólica por trás dessa corrida; o que importa é que a prova foi disputada”, afirmou o coordenador do AfroReggae, José Junior.

(Com Estadão Conteúdo)

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