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O mau exemplo dos professores: greve longa e protestos violentos para pressionar governo podem abrir precedentes

Médicos e guardas municipais são algumas das categorias que estão de olho nos benefícios concedidos aos educadores e querem o mesmo tratamento

Por Cecília Ritto e Thiago Prado, do Rio de Janeiro
26 out 2013, 15h44

A greve dos professores do Rio de Janeiro encerrada na sexta-feira após 79 dias tira pelo menos um item da extensa pauta de manifestações dos protestos da cidade. Mas isso não quer dizer que os atos na porta da Câmara dos Vereadores vão se enfraquecer. Pelo contrário. A pressão dos educadores ganhou tanta repercussão e o apoio em massa da população que os benefícios alcançados – apesar de não ser exatamente o que eles queriam – começaram a despertar interesse de outras categorias. Médicos e guardas municipais já procuraram o presidente da Casa, Jorge Felippe (PMDB), para lembrar que eles também esperam melhores condições de trabalho.

Os encontros ocorreram há cerca de um mês, coincidindo com os momentos mais tensos dos protestos de professores, como o dia da invasão ao Legislativo municipal para barrar a votação do Plano de Cargos e Salários encaminhado pelo prefeito Eduardo Paes. Felippe diz que ainda não recebeu uma pauta concreta de reivindicações, mas os vereadores admitem que a movimentação era esperada. O que eles temem, agora, é que o movimento dos educadores – que chegaram a apoiar abertamente os black blocs, responsabilizados pelos vandalismos em atos de todo o país – abra um precedente para outros profissionais. O problema é seguir a parte ruim do exemplo, como a que fez do Centro da cidade um cenário de guerra.

A categoria que mais preocupa no momento é a dos médicos, que teve o corporativismo inflado desde o lançamento do programa Mais Médicos, do governo federal, que facilitou a vinda de estrangeiros para trabalhar no Brasil. “A presidente Dilma Rousseff acabou por unir mais categoria”, confirma o presidente do Conselho Regional de Medicina do Rio de Janeiro (Cremerj), Sidnei Ferreira. As reivindicações são antigas, mas nunca ganharam a mesma adesão popular como as dos professores. Há pelo menos dez anos, eles pedem um Plano de Cargos e Salários e a abertura de concursos públicos. Agora, eles veem na recente ebulição nas ruas uma chance de engrossar seu coro.

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Remuneração – Salário é uma questão chave e, assim como no caso dos professores, a que deve causar mais divergências. O Cremerj defende piso salarial de 10.800 reais para uma jornada de 20 horas semanais na rede pública. Segundo Ferreira, esse valor fica em torno de 3.000 na capital hoje. Para os profissionais de 40 horas semanais, o conselho aponta como remuneração ideal 20.000 reais – podendo chegar a 26.000, ao fim da carreira, para o esquema de dedicação exclusiva. Para Felippe, os valores não são razoáveis, uma vez que ultrapassam em muito o salário médio do brasileiro, de 4.135,06 reais para quem tem ensino superior completo, segundo o Instituto Brasileiro de Geografia e Estatística (IBGE).

“O pleito dos médicos é o da população que foi às ruas reclamar da qualidade do transporte, da educação e da saúde”, destaca o presidente do Cremerj. “Então, o governo federal mostrou que não tinha um plano nacional para saúde. A solução foi dizer que os médicos não queriam ir para o interior. A questão não é essa. Não há médico nesses hospitais, porque não é realizado concurso público”, completa, referindo-se à justificativa usada para implantar o programa Mais Médicos. “Espero que a população entenda a nossa pauta e também apoie o nosso movimento, que, nesses dez anos, não parou”, pede Ferreira.

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