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O jogo de esconde-esconde de Sérgio Cabral

Depois de se refugiar em compromissos no interior do estado, o governador do Rio chama os holofotes para as UPPs e para a área de saúde, alvos de denúncias que desgastam seu governo

Por Cecília Ritto Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 25 jul 2011, 17h19

Uma das lições mais caras a todo político experiente é a que ensina a arte de sumir e aparecer. A agenda do governador do Rio de Janeiro, Sérgio Cabral, é um bem acabado exemplo dessa arte. Nos dias que se seguiram às denúncias de irregularidades nas Unidades de Pronto-Atendimento (UPAs) e nas Unidades de Polícia Pacificadora (UPPs), Cabral, do PMDB, praticamente sumiu da capital, e quando apareceu evitou entrevistas. Privilegiou compromissos no interior do estado e em cidades onde sua aparição é sempre festejada por aliados. Nesta terça-feira, o governador chama os holofotes para agendas positivas justamente nas áreas de segurança e saúde, onde estão programas mais importantes e seus grandes telhados de vidro. Pela manhã, lança o projeto “Zico 10”, que implantará escolas de futebol nas favelas beneficiadas pelas UPPs. À tarde, lança o “TRE Cidadão, Justiça Eleitoral Itinerante”, também nas áreas onde foram implantadas UPPs. Para fechar o dia, inaugura a ampliação do Centro de Terapia Intensiva do Hospital Estadual Carlos Chagas, em Marechal Hermes.

Nesta segunda-feira, o primeiro compromisso foi em Araruama, na Região dos Lagos, a 122 quilômetros do Rio, para a inauguração do centro de imagem do hospital estadual localizado na cidade. O segundo, em Rio Bonito, a 81 quilômetros da capital, onde entregou à população uma nova UTI. Ao longo do mês, o governador participou de eventos em Miracema e Itaperuna, no norte fluminense, onde pode usufruir do impressionante apoio que construiu no interior do estado, com ajuda do vice-governador Luiz Fernando Pezão. Dos 92 prefeitos fluminenses, 91 o apoiam.

No fim de semana, VEJA mostrou mais uma das pedras no sapato do Palácio Guanabara: a Metalúrgica Valença, que está à frente da construção de módulos de aço que abrigam 1.700 militares do Exército e ainda uma delegacia na entrada do Complexo do Alemão, é a mesma empresa de fachada recebeu 140 milhões de reais do governo do Rio para a construção das UPAs no estado. Os módulos de aço para erguer as unidades, no entanto, nunca foram produzidos pela Metalúrgica Valença, tarefa que ficou a cargo de outras empresas subcontratadas por ela. A edição de VEJA desta semana também revela que a metalúrgica fantasma conseguiu contratos com a prefeitura do Rio, com o governo do Distrito federal e até com o Ministério da Saúde da Argentina.

A empresa está hoje no centro de uma crise envolvendo os dois principais programas de governo de Cabral. Graças às UPAs e às UPPs o peemedebista conseguiu a reeleição folgada, com 66% dos votos, ainda no primeiro turno. As denúncias de falcatruas nos pilares que sustentam Cabral à frente do executivo do estado vieram à tona na sequência de uma crise iniciada com a invasão dos bombeiros ao Quartel General da corporação. O episódio, ocorrido no dia três de junho, deu o pontapé para uma crise sem precedentes em seu governo.

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Cabral, ao chamar os militares de vândalos e irresponsáveis, recebeu uma saraivada de críticas e, por alguns dias, deu um tempo em suas aparições públicas. Quando o episódio parecia migrar para o campo do esquecimento, no dia 18 de junho caiu o helicóptero com sete pessoas a bordo na praia de Ponta de Itapororoca, em Porto Seguro (BA). Entre os mortos estava Mariana Noleto, namorada de Marco Antônio Cabral, filho do governador do Rio, Jordana Kfouri, mulher do empresário Fernando Cavendish, e o empresário Marcelo Mattoso Almeida.

A tragédia descortinou, em seguida, um nítido conflito de interesses entre governo e empresas contratadas pelo estado. A estratégia foi novamente poupar a imagem na mídia e ficar mais recluso. Agora, o governador procura os holofotes para se livrar da sombra da Metalúrgica Valença.

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