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O dia de Lula: os bastidores do depoimento

Com “cara de quem não dormiu”, ex-presidente já tinha tomado café da manhã e abriu a porta para os federais

Por Ullisses Campbell, Pieter Zalis e Kalleo Coura
4 mar 2016, 18h07

Quando a Polícia Federal bateu à porta do ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva na manhã desta sexta-feira, o petista já os aguardava. Três seguranças e um assessor de Lula estavam de plantão desde a noite do dia anterior, em seu apartamento em São Bernardo do Campo (SP). Os policiais entraram com quatro carros na garagem do prédio e de lá interfonaram para falar com Lula. Foram atendidos por um empregado, que pediu para que eles aguardassem um pouco. Enquanto isso, o porteiro ligou para o síndico, que desceu imediatamente e levou os agentes da garagem até o apartamento de Lula, que foi quem abriu a porta. O petista já havia tomado café da manhã e estava pronto para sair de casa.

Vestindo um terno azul marinho bem escuro e calça jeans, Lula entrou em um carro descaracterizado da Polícia Federal e seguiu para o Aeroporto de Congonhas, onde depôs por três horas e 40 minutos. No final, foi oferecido um cafezinho a ele. No trajeto de ida, ele ficou calado e aparentava estar abatido, “com cara de quem não dormiu a noite inteira”, segundo relatos de agentes. Ele não levou telefone celular.

Assim que acabou o depoimento, Lula foi até a uma sala de embarque destinada a autoridades e recebeu cumprimentos de aliados e amigos, entre eles o ministro-chefe da Secretaria do Governo, Ricardo Berzoini; e dos deputados petistas José Mentor (PT), Paulo Teixeira (PT) e Vicente Cândido (PT). Além do secretário de transportes do município de São Paulo, Jilmar Tato e do ex-ministro do Esporte Orlando Silva (PCdoB). Esse último chegou cedo e praticamente comandou as ações de manifestação de apoio a Lula.

Ao conversar com os seus assessores, na sala VIP destinada a autoridades que embarcam em Congonhas, Lula ficou sabendo da grande concentração de militantes que gritavam palavras de ordem em frente ao prédio anexo ao aeroporto. O ex-presidente ensaiou fazer uma saída triunfal pela porta da frente. Alguns assessores chegaram a ir lá fora fazer o L com o dedo indicador e polegar, marca registrada do petista, mas perceberam que também havia gente hostilizando o petista. Com a alta temperatura na rua, os aliados decidiram que seria melhor Lula sair pelas portas dos fundos. Na saída, o petista aparentava cansaço e estava bem mais abatido do que quando entrou no carro particular que o conduziu.

Ao cumprir mandado de busca e apreensão no Instituto Lula, no bairro de Ipiranga, os policiais também perceberam que já eram aguardados pelo porteiro, apelidado de “Baianinho” que facilitou acesso. No entanto, os auditores da Receita Federal encontraram bem menos do que imaginavam, o que reforça a suspeita de que houve vazamento de informações da operação Lava-Jato. Segundo relatos de Baianinho, ele já esperava há dias que os agentes chegariam ao Instituto. Tanto que não havia nenhum armário trancado à chave, um cofre estava vazio e as notas fiscais da entidade entre 2010 e 2015 não estavam mais nos arquivos do instituto.

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