O circo de Ércio Quaresma de volta ao caso Bruno
Advogado que representou o goleiro no início do processo e foi afastado depois de ser filmado usando crack vai defender o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos
Uma controversa figura tem presença garantida no julgamento do goleiro Bruno e dos demais acusados de matar a jovem Eliza Samudio, marcado para a próxima segunda-feira. Ércio Quaresma, o advogado de defesa que atuou no início do caso, ficou famoso ao dizer que comandava “o circo” durante as investigações em 2010. Afastado do caso pela OAB, depois de ser flagrado em um vídeo em que consumia crack e criticado pelo estilo agressivo de atuar em defesa de seus clientes – nem sempre primando pela ética -, Quaresma defende agora o ex-policial Marcos Aparecido dos Santos, o Bola. A promessa, desde já, é de que diante dos jurados e da imprensa de todo o Brasil, o ‘circo’ se repita.
Os movimentos de Quaresma começaram. Esta semana, ele encaminhou ao Supremo Tribunal Federal (STF) requerimento pedindo a suspensão do julgamento. A alegação era de que a juíza Marixa Fabiane Lopes Rodrigues, que presidirá o júri, “aniquila” os direitos da defesa ao impedir acesso às peças dos autos, além de afirmar que há “falta de competência, em termos técnicos processuais” para atuar no caso. Na noite de quarta-feira, o ministro Joaquim Barbosa negou o pedido.
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Quaresma também questionava o fato de o julgamento ocorrer em Contagem, não em Vespasiano, onde segundo as investigações da Polícia Civil e as denúncias do Ministério público, a ex-amante de Bruno foi morta. Os levantamentos da polícia apontam que Eliza e o filho foram mantidos em cárcere privado em dois locais diferentes em Minas – primeiro em um motel, em Contagem, quando chegaram do Rio de Janeiro, e depois no sítio do jogador, em Esmeraldas. As informações são baseadas nos relatos de Jorge Luiz Lisboa Rosa e Sérgio Rosa Sales, primos do jogador.
Quaresma é, sem dúvida, o mais barulhento dos defensores. Mas na fase da investigação obteve mais palmas que resultados. O estilo do advogado fica claro no vídeo de um júri recente em que ele irrita um oficial da Polícia Militar, a juíza e os demais advogados.
Assista ao vídeo:
A suspeita do promotor Henry Wagner Vasconcelos de Castro e do advogado da vítima, José Arteiro Cavalcante, é de que, como não têm mais como evitar a realização do júri, os advogados tentem operar uma manobra para tumultuar o início do julgamento. Castro afirmou, na semana passada, que haveria uma combinação para Ércio Quaresma assumir novamente a defesa de Bruno. O promotor disse ter ouvido de Quaresma a afirmação de que bastaria “uma piscada de olho” para o goleiro sinalizar que estaria disposto a trocar de defensor. E estariam destituídos, a partir daí, Rui Caldas Pimenta, Marcus Vinicius Pimenta Lopes e Francisco Simim, atuais advogados do atleta.
Apesar de nada ter conseguido enquanto defendeu o goleiro, Quaresma está em alta: inocentou o ex-policial Bola em outro caso de homicídio, na semana passada. Embora confirme ter feito o comentário, Quaresma diz que não passou de brincadeira. Muitas outras estão por vir.