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O boi gordo ataca novamente

Credores da agropecuária que recorria à prática da pirâmide nos anos 90 levam o segundo calote, agora do homem que prometeu resgatar a empresa

Por Pieter Zalis 28 fev 2014, 21h15

Os duplamente enganados

A empresa faliu e deixou cerca de 32000 investidores sem receber nenhum centavo – um prejuízo de 4,5 bilhões de reais, em valores atualizados

Quanto perderam algumas das vítimas

Evair 5692000 Edilson 3600000 Felipão 2259000 Marisa Orth 943000 Erasmo Carlos 398000 Vampeta 336000 Hans Donner 207000 Cesar Sampaio 101000

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Até o nome era apetitoso. No fim da década de 90, milhares de brasileiros cederam à tentação de criar, engordar e vender gado sem ter de pôr a mão nele. As Fazendas Reunidas Boi Gordo prometiam cuidar de tudo e entregar, ao fim de dezoito meses, uma rentabilidade de 40% – numa época em que o lucro médio na pecuária não passava de 9% ao ano. O dono do negócio era Paulo Roberto de Andrade, inspirador de um personagem da novela O Rei do Gado, cujo protagonista, o ator Antonio Fagundes, viria a ser garoto-propaganda da Boi Gordo. Mas a produção nunca conseguiu obter o resultado prometido, e o esquema passou a se sustentar apenas com a entrada de novos investidores – a velha prática da pirâmide. Em 2001, a empresa entrou com pedido de concordata. No total, 32 000 pessoas, incluindo artistas e jogadores da seleção, perderam seu investimento.

A situação parecia que ia melhorar quando, em 2003, o empresário Paulo Golin comprou, por 3,75 milhões de reais, o direito de administrar os ativos e passivos da Boi Gordo, além de prometer, sob contrato, tirar a companhia do buraco e ressarcir os credores. Só que, em vez de resolver o problema e pagar parte do prejuízo dos credores, Golin embolsou os bens da empresa, diz o Ministério Público de São Paulo. Um ano depois a Boi Gordo faliu de vez. Com isso, as vítimas acabaram tungadas de novo.

De acordo com o promotor Eronides dos Santos, Golin sumiu com os tratores e parte do gado da companhia e ampliou as terras do grupo Golin incorporando propriedades da Boi Gordo, que somam uma área maior que a da cidade de São Paulo. Segundo o Ministério Público, ele também desviou para offshores em Delaware, nos Estados Unidos, 100 milhões de reais que estavam em caixa. Esse dinheiro, mais tarde, voltou para o Brasil na forma de “empréstimos” para o diretor financeiro das empresas de Golin, Gerson Oliveira. O papel do diretor era adquirir fazendas e repassá-las a parentes de Golin.

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Em dezembro, um juiz de primeira instância determinou a tomada dos bens de sete companhias do grupo Golin e de seis pessoas ligadas a ele, em um total de 2,8 bilhões de reais. Há duas semanas, o Tribunal de Justiça manteve a decisão. Golin ainda deve recorrer ao Superior Tribunal de Justiça, mas, depois de treze anos, a farra do boi parece finalmente estar prestes a terminar.

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