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Novos áudios mostram que Jucá não falava sobre economia ao citar “sangria”

No contexto em que as gravações foram feitas, o ex-presidente da Transpetro e o ministro do Planejamento discutiam formas de evitar que o caso envolvendo Sergio Machado fosse parar nas mãos do juiz Sergio Moro

Por Da Redação
23 Maio 2016, 18h25

Novos áudios da conversa gravada entre o ministro do Planejamento, Romero Jucá, e o ex-presidente da Transpetro Sergio Machado, revelados pelo jornal Folha de S. Paulo, mostram que o peemedebista não estava falando sobre a economia brasileira quando disse que era preciso “mudar o governo para poder estancar essa sangria”, conforme ele mesmo alardeou ao justificar as gravações bombásticas nesta segunda-feira.

O diálogo sugere que Machado e Jucá discutem formas de impedir que o caso do ex-presidente da subsidiária da Petrobras “desça” para as mãos do juiz federal Sergio Moro. Na visão de Machado, o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, não teria encontrado “nada” contra ele e, por isso, remeteria o caso a Moro na tentativa de que o juiz conseguisse alguma “conexão”.

“Não encontrou nada, não tem nada. O que é que faz? Como tem aquela delação do Paulo Roberto [dirigente da Petrobras] dos 500.000 e tem a delação do Ricardo [Pessoa, da UTC], que é uma coisa solta, ele quer pegar essas duas coisas. Não tem nada contra os senadores, joga ele para baixo. Tem que encontrar uma maneira”, diz Machado no áudio.

Nesse contexto, Jucá responde: “Você tem que ver com seu advogado como é que a gente pode ajudar. […] Tem que ser política, advogado não encontra…. Se é político, como é a política? Tem que resolver essa porra… Tem que mudar o governo pra poder estancar essa sangria”. A continuação da conversa reforça ainda mais a tese de que o ministro não falava sobre a crise econômica: “Tem que ser uma coisa política e rápida. Eu acho que ele está querendo… o PMDB. Prende e bota lá embaixo. Imaginou?”, completa Machado.

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Nesta manhã, ao ser confrontado com os trechos, Jucá explicou que estava se referindo a “estancar a paralisia do Brasil, a sangria da economia e do desemprego”. Presidente do PMDB e um dos maiores aliados do presidente interino Michel Temer, Jucá anunciou que se licenciará do cargo amanhã para aguardar manifestação do Ministério Público Federal sobre o caso.

A conversa entre o peemedebista e Machado ocorreram semanas antes da votação do processo de impeachment de Dilma Rousseff na Câmara dos Deputados. O diálogo, que tem mais de uma hora de duração, está em posse da Procuradoria-Geral da República, que investiga Jucá por suposto recebimento de propina no petrolão. Segundo o Radar On-line, a gravação faz parte de um acordo de delação premiada que o ex-presidente da Transpetro negocia com o MPF.

Machado foi indicado ao cargo pelo presidente do Senado, Renan Calheiros (PMDB-AL), e a cúpula do PMDB da Casa bancou a sua permanência no cargo por cerca de dez anos.

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O advogado do ministro, Antonio Carlos de Almeida Castro, afirmou à Folha que Jucá “jamais pensaria em fazer qualquer interferência” na Lava Jato “porque essa não é a postura dele”.

Nos áudios, Jucá e Machado ainda são flagrados comentando sobre a prisão do ex-senador Delcídio do Amaral, que estava preso na época sob acusação de obstruir os desdobramentos da Operação Lava Jato. Os dois classificam a detenção do ex-líder do governo Dilma como uma “cagada geral”, junto com a mudança da jurisprudência do STF de determinar o começo do cumprimento de pena após condenação em segunda instância.

Jucá diz: “Não adianta soltar o Delcídio, aí o PT dá uma manobra, tira o cara, diz que o cara é culpado, como é que você segura uma porra dentro do plenário”. Machado, então, comenta, criticando aparentemente a decisão do STF de prender Delcídio: “Mas o cara não foi preso em flagrante, tem que respeitar a lei. Respeito à lei…”. Jucá responde: “Pois então. Ali não teve jeito, não. A hora que o PT veio, entendeu, puxou o tapete dele, o Rui [Falcão, presidente do PT], a imprensa toda, os caras não seguraram, não”, ao que Machado responde: “Eu sei disso, foi uma cagada”. “Foi uma cagada geral”, conclui Jucá.

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