Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

Novo ministro, velhos problemas

Demora na queda de Pedro Novais revela que faxina propalada pelo governo Dilma Rousseff nada mais é que passividade; oposição cobra mudanças

Por Mirella D'Elia, Adriana Caitano e André Vargas
15 set 2011, 08h20

Para o lugar do peemedebista Pedro Novais, o quinto ministro a cair em menos de nove meses de gestão, a presidente Dilma Rousseff escolheu outro peemedebista, também do Maranhão: o deputado federal Gastão Vieira, aliado, como seu antecessor, ao presidente do Senado, José Sarney (PMDB-MA). A escolha foi anunciada quase na madrugada de quinta-feira, após um dia inteiro de expectativa e reuniões em Brasília.

Para poupar ao máximo Pedro Novais, Dilma esticou a corda até onde pode. Durante um mês, ele resistiu às revelações de que patrocionou uma farra em um motel e não caiu nem mesmo com a devassa que a Polícia Federal (PF) fez na pasta comandada por ele, que levou 36 pessoas à cadeia. Sucumbiu, enfim, depois que vieram à tona dois casos de mau uso de dinheiro público: pagou com salário da Câmara a governanta Doralice de Souza, que trabalhou em seu apartamento de 2003 a 2010; e usou um funcionário público, contratado pelo gabinete de seu suplente na Câmara, como motorista particular de sua mulher.

Antes de Novais, perderam seus postos os titulares da Casa Civil, Antonio Palocci, dos Transportes, Alfredo Nascimento, da Defesa, Nelson Jobim, e da Agricultura, Wagner Rossi. Em comum: a demora para que eles deixassem o governo. “Essa demora tem se tornado uma rotina no governo, que sempre procurou blindar os ministros, tanto é que eles não são demitidos e, sim, sucumbem e deixam o governo”, disse o líder do PSDB no Senado, Alvaro Dias (PR), defendendo mudanças na forma de indicação de ministros – e não apenas uma reforma ministerial.”Os políticos do Brasil poderiam celebrar um pacto para acabar com o loteamento de cargos públicos, que é uma fábrica de escândalos de corrupção”.

“Esse é o resultado da falta de critérios na escolha de pessoas sem qualificação técnica”, completou o líder tucano na Câmara, Duarte Nogueira, que entrou com duas representações contra Novais. O documento entregue no Ministério Público Federal do Distrito Federal (MPF-DF) pede que seja apurada possível improbidade administrativa. Na Procuradoria-Geral da República (PGR), a solicitação é para que seja aberta investigação sobre a prática de peculato

O roteiro conhecido explicita a passividade do governo Dilma: insiste em dizer que promove faxina contra a corrupção quando, na verdade, não demite ninguém. Apenas prolonga sucessivas crises envolvendo seus subordinados até que elas se tornem insustentáveis e eles próprios, cercados de escândalos por todos os lados, decidam abandonar o barco.

Leia na coluna do Augusto Nunes: Faxina é feita pela imprensa e pelo Brasil que lê

Leia também:

Leia também: O quinto ministro a de

ixar o cargo

O antecessor – Pedro Novais, maranhense de 80 anos e 1,55 metro de altura, já começou no governo Dilma com o pé esquerdo. Antes mesmo da posse veio à tona a informação de que o ministro pagou uma conta de motel de 2 156 reais com dinheiro público, verba de gabinete de quando era deputado federal. Ele devolveu o dinheiro, atribuiu o erro a um assessor e a história acabou por aí.

Antes de ir para a Esplanada dos Ministérios, Novais era um dos mais longevos integrantes da Câmara dos Deputados. Ocupava uma cadeira na Casa desde 1990, sempre como representante do Maranhão, com a benção de José Sarney.

Continua após a publicidade

A carreira política foi precedida por anos no Ministério da Fazenda, durante o regime militar. A expertise de Novais em lidar com dinheiro público tornou-se um trunfo em Brasília. Conhecedor dos meandros do Orçamento, ele sabe como ninguém fazer uma emenda parlamentar ser aprovada pelo Congresso.

Na vida pessoal, à exceção do arroubo do Motel Caribe, o ministro é um homem de poucas palavras, casado há trinta anos com a segunda esposa, Maria Helena, e que, salvo imprevistos, às 21 horas já está de pijama, pronto para dormir.

O novo ministro – Gastão Vieira entende muito bem o funcionamento de seu partido, o PMDB. No final de agosto, em entrevista ao programa humorístico CQC, declarou: “No PMDB todo mundo manda, ninguém obedece e cada um faz o que quer”. Foi uma das frases da semana de VEJA.

Aliado da família Sarney, quando secretário estadual de Planejamento do governo de Roseana Sarney, em 2009, o jornal Folha de S.Paulo publicou que ele usava, com autorização da Câmara, o apartamento funcional que ocupava enquanto deputado. A permissão, sem justificativa oficial, foi dada pela Mesa Diretora da Câmara. As filhas do então secretário estadual viviam no imóvel. Como deputado licenciado, Gastão Vieira também optou por continuar recebendo seus vencimentos como deputado federal, o que seria permitido pela legislação.

A partir de 1995, Gastão Vieira foi eleito deputado federal pelo Maranhão em todas as cinco eleições.

Continua após a publicidade

(Colaborou Carolina Freitas)

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.