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Novo comandante da PM do Rio chefiou operação que prendeu inocentes em favela

Policiais comandados pelo coronel José Luís Castro Menezes prenderam, em março, dois moradores sem ligação com o crime no Caju e na Barreira do Vasco

Por Leslie Leitão 7 ago 2013, 20h29

Escolhido para comandar a Polícia Militar do Rio de Janeiro e reverter a imagem desgastada que a corporação tem no momento, o coronel José Luís Castro Menezes foi, no início do ano, o responsável por uma operação policial desastrosa. A ação da PM, em 3 de março, tinha o objetivo de prender traficantes do complexo de favelas do Caju e da Barreira do Vasco, na Zona Norte, para a criação de mais uma Unidade de Polícia Pacificadora (UPP). Um trabalho de inteligência feito de maneira atabalhoada, no entanto, resultou na identificação de pessoas inocentes e em uma série de equívocos que renderam a Menezes indiciamentos pelos crimes de abuso de autoridade e usurpação de função pública.

Menezes era então comandante do 1º Comando de Policiamento de Área (CPA). O serviço reservado da unidade – a agora famosa P2 – elaborou, em parceria com o Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco), do Ministério Público, um levantamento dos alvos da operação. Foi essa investigação atabalhoada que deu origem a todo o problema: dos dez suspeitos identificados pela equipe do 1º CPA e enviadas ao Gaeco, apenas três tinham algum indício de ligação com o tráfico das favelas do Caju. Depois da ação da polícia, moradores foram à delegacia acusar os policiais militares de invadirem residências sem mandado de busca e apreensão. Na casa de pelo menos um deles, o professor de boxe Antônio Celso Machado, policiais são acusados de arrombar e revirar móveis sem perceber que estavam no número errado da Rua da Fraternidade.

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O inquérito que indiciou o coronel, assinado pelo delegado Maurício Luciano, da 17ª DP (São Cristóvão), foi encaminhado ao Ministério Público em 17 de abril. O processo foi arquivado pelo juiz da 43ª Vara Criminal em 11 de julho de 2013, a pedido do MP – ou seja, por uma das partes envolvidas na investigação que se revelou desastrosa.

Procurado pela reportagem do site de VEJA, o secretário de Segurança do Rio, José Mariano Beltrame, respondeu o seguinte: “A participação do coronel Luís Castro nesse episódio não é direta. Foi no sentido de organizar a tentativa de uma ação conjunta, que acabou não acontecendo. No meu entendimento, a decisão do indiciamento cabe ao poder discricionário da autoridade policial. No entanto, o que considerei para a escolha do coronel Luís Castro para o cargo de comandante-geral da Polícia Militar foi o seu trabalho desempenhado ao longo de 28 anos de serviço prestados à corporação”.

Em sua própria defesa, à época, ele afirmou desconhecer “a que se destina a missão do serviço reservado da PM, uma vez que jamais trabalhou no setor”. O responsável por todo o trabalho de campo era o braço direito de Menezes, o tenente Carlos Augusto Goulart do Amaral, que também acabou indiciado pela 17ª DP.

Ao longo de oito meses, a P2 do coronel Menezes monitorou os passos da quadrilha que controlava as bocas de fumo das favelas. Foram feitas filmagens, fotografias e consultas a dados públicos para identificar os homens que empunhavam fuzis, pistolas e desfilavam em veículos roubados. Na manhã de 3 de março, então, o “trabalho de inteligência” da PM e do Ministério Público do Estado foi colocado em prática, para o cumprimento de 25 mandados de busca e apreensão e outros dez de prisão.

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Inocentes presos – Os erros na investigação penalizaram gente que não tinha qualquer suspeita de envolvimento com o crime. Imagens de suspeitos apontados como foragidos foram exibidas nos telejornais. Um deles, o motoboy Rodrigo Marcelino Silva, um morador da Barreira do Vasco, apresentou-se na delegacia dizendo haver um engano. Ele estava certo. Marcelino foi chamado de “piloto da quadrilha”, como dizia a investigação da equipe do coronel Menezes. Ele foi preso e passou nove horas detido por ter sido confundido com o acusado de tráfico Walter Lúcio Tranquilino, o Waltinho.

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Fábio Araújo Dutra foi outro identificado por engano. As acusações eram de que ele era um dos bandidos que empunhavam fuzis nas imagens. Não era ele o procurado. Já o menor W. teve sua foto divulgada como sendo bandido. Mais um erro. A PM o confundiu com o traficante Odilon Fernandes Riparo. O caso do menor foi parar na Delegacia de Combate ao Adolescente Vítima.

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