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Nove mitos sobre o pré-sal, a Petrobras e o petrolão

O pré-sal brasileiro consegue ser competitivo? As ações contra a Petrobras vão destruí-la? A dívida da estatal é impagável? Entenda

Por Marcelo Sakate Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 29 jun 2015, 18h19

1º – O pré-sal micou

O pré-sal brasileiro consegue ser competitivo, apesar de ser extraído de reservas que estão a quase 7 quilômetros de profundidade. Hoje, o custo médio da produção do barril é de 9 dólares – a média internacional é de 14 dólares. Quando se soma o custo de instalação dos poços e plataformas, diferidos na vida útil do campo, o preço final do barril fica em 15 dólares.

2º – O pré-sal não tem mais atrativos em um mundo que caminha para a energia limpa

Nenhuma das desejadas e esperadas formas de energia limpa em pesquisa ou já em uso tem condições de atenuar a dependência que o mundo tem do petróleo. Esse status quo deve permanecer pelo horizonte visível, ou seja, ainda não será esta nem a próxima geração a desfrutar energia limpa em quantidade e preço compatíveis com o atendimento das necessidades de mais de 7 bilhões de habitantes da Terra.

3º – As empresas petrolíferas internacionais esnobam o potencial econômico do pré-­sal

O reconhecimento do pré-sal como uma valiosa fronteira energética tem influenciado movimentações no mercado de óleo e gás com gigantes do setor. A mais recente foi quando a anglo-holandesa Shell, parceira da Petrobras no campo de Libra, comprou a BG, que também opera no pré-sal.

4º – A dívida bruta de 400 bilhões de reais é impagável

A companhia tem um endividamento elevado, mas grande parte dele é de longo prazo – segundo o balanço do primeiro trimestre deste ano, quase 300 bilhões da dívida só vencem a partir de 2018, sendo que 165 bilhões serão cobrados apenas a partir de 2020. Para manter seus pagamentos em dia, a Petrobras tem, até lá, de ter recuperado a saúde financeira. Para isso, é preciso pôr a casa em ordem e não desperdiçar dinheiro em projetos sem perspectivas de lucro.

5º – A empresa foi abalada em seus alicerces pela corrupção

O maior dano causado pela Operação Lava-Jato à Petrobras foi sem dúvida em sua reputação, o que repercutiu na desvalorização aguda das suas ações e na paralisação de projetos. Essa perda foi maior que a dos desvios em si, que, segundo a empresa, ficaram na casa de 6,2 bilhões em um período de dez anos – o número impressiona, mas o processo não minou a capacidade da companhia, que deverá ter uma geração de caixa de 80 bilhões de reais em 2015.

6º – É irrecuperável o prejuízo trazido pelos subsídios ao diesel e à gasolina

A prática de conter esses reajustes para controlar artificialmente a inflação foi a mais danosa para o caixa da Petrobras. Os reajustes recentes, acompanhados da desvalorização internacional dos combustíveis, melhoraram a lucratividade da empresa sobre os importados. Alguns analistas, porém, avaliam que a margem da empresa com as vendas está se aproximando do zero e alertam para a necessidade de um novo reajuste.

7º – A investigação que a Petrobras sofre nos Estados Unidos vai destruir a empresa

Mesmo que a estratégia jurídica da Petrobras falhe e a ação prospere, casos como este costumam terminar em acordos em vez de longas e onerosas disputas nos tribunais americanos. Ao chegar a este ponto, os valores pedidos são reduzidos de maneira marcante. A indenização mais polpuda por fraude paga até hoje, a do caso Enron, ficou em 7,2 bilhões de dólares. Um eventual acordo da Petrobras não deve chegar nem próximo desse valor – mas, mesmo que chegue, não tem volume para abalar a empresa.

8º – A Refinaria Abreu e Lima, orçada em 2 bilhões (de dólares), já custou 20 bilhões e não funciona

O projeto da refinaria que foi aprovado e construído tinha o custo de 13 bilhões de dólares – o valor de 2 bilhões se refere a um pré-projeto que se mostrou tecnicamente inviável. O trem 1 da refinaria, com capacidade de processar até 115 000 barris por dia, está em operação desde dezembro de 2014.

9º – As demais obras tisnadas pela corrupção vão continuar paradas

Até que as novas prioridades sejam definidas por um plano de negócios, esse último item não chega a ser um mito.

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