No presídio do horror, já são 17 os mortos neste ano
Detento de 21 anos morreu durante princípio de rebelião em Pedrinhas na noite de quinta-feira. Governo não informou as circunstâncias da morte
O Complexo Penitenciário de Pedrinhas, em São Luis, no Maranhão registrou na noite de quinta-feira um princípio de rebelião que resultou na morte do detento Hélio da Silva Sousa, de 21 anos – o 17º preso morto na penitenciária neste ano. Em nota a Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão (Sejap) não informou as circunstâncias da morte do rapaz. Disse apenas que o princípio de motim no Presídio São Luis II foi contido. A Tropa de Choque e o Grupo Especial de Operações Penitenciárias (Goep) reforçam a segurança no local. No último sábado, o detento Eduardo Cezar Viegas Cunha, de 32 anos, foi encontrado morto esfaqueado e enrolado em um lençol no presídio. No ano passado, foram registradas sessenta mortes, segundo o Conselho Nacional de Justiça (CNJ).
Leia também:
Pedrinhas: a barbárie em um presídio fora de controle
Presídio de Pedrinhas: quem pode, foge – e volta ao crime
O presídio ganhou notabilidade no início de 2014 ano por ter sido palco de barbáries entre brigas de facções rivais. Imagens e vídeos feitos pelos próprios detentos mostram encarcerados sendo decapitados e esquartejados. A crise chegou ao ápice quando líderes das facções deram ordens de dentro do presídio para realizar uma série de ataques na capital maranhense – uma menina, de 6 anos, morreu queimada em um ônibus.
Na quarta-feira, depois de mais uma fuga de presos do complexo, o secretário de Justiça e Administração Penitenciária do Maranhão, Sebastião Uchôa, foi demitido. Pelo menos 49 presos escaparam da penitenciária por meio de um túnel durante a madrugada. Pela manhã, outro grupo tentou deixar o local – desta vez, pulando os muros do complexo. Equipes da Globonews flagraram o momento em que presos pulavam os muros da penitenciária. Alguns chegaram a deixar o local pela porta da frente. Só não houve uma fuga em massa porque a Polícia Militar foi chamada e deteve muitos dos presos já do lado de fora do complexo. Apenas três fugitivos foram recapturados até agora.
Na segunda-feira, o diretor da Central de Detenção do Complexo, Cláudio Henrique Bezerra Barcelos, de 45 anos, foi preso acusado de ter recebido dinheiro para libertar presos. Muitos dos detentos conseguiram ganhar a rua usando a porta da frente do Complexo. Barcelos também é acusado de fraudar informações do sistema do presídio.
Na semana passada, 36 presos fugiram da penitenciária após um caminhão caçamba derrubar intencionalmente um dos muros do presídio. Inicialmente, o governo do Maranhão divulgou que apenas seis detentos haviam fugido. Após fazer a recontagem dos presos, o governo corrigiu o número para 36. Em março, quatro detentos fugiram por um túnel escavado no chão de uma cela.
Salomão Mota, também diretor do presídio, é investigado por emprestar um celular a um detento. A Secretaria de Justiça e Administração Penitenciária (Sejap) abriu uma sindicância para apurar o caso. Ele admitiu ter emprestado o aparelho, mas se defendeu, dizendo que o detento precisava falar com os seus familiares e que os telefones fixos da penitenciária não estavam funcionando.