No 2º turno mais disputado, Fortaleza opõe Lula e Cid Gomes
O petista Elmano de Freitas, apoiado por Lula, e o socialista Roberto Claudio, candidato do governador Cid Gomes, travam acirrada disputa pelo controle do Palácio do Bispo
Com um dos cenários mais embolados nas capitais no segundo turno – os candidatos estão tecnicamente empatados nas pesquisas feitas pelo Datafolha – a eleição em Fortaleza, disputada pelo petista Elmano de Freitas e pelo socialista Roberto Claudio, traz mais um capítulo do embate entre PT e PSB no pleito municipal.
Após os petistas detectarem que coube aos socialistas um dos maiores crescimentos no primeiro turno, o ex-presidente Lula desembarcou na capital cearense para um comício em favor do candidato petista, ex-secretário de Educação do governo Luizianne Lins e neófito em disputas políticas. Do outro lado da balança, os irmãos Cid e Ciro Gomes, governador do Ceará e ex-ministro de Lula, respectivamente, bancaram a candidatura do socialista Roberto Claudio ao lado do governador de Pernambuco e presidente nacional do PSB, Eduardo Campos.
Na reta final da campanha, Cid Gomes chegou a se licenciar do cargo para se dedicar à campanha do atual presidente da Assembleia Legislativa de Fortaleza. Utilizou como puxador de voto o ex-jogador Romário, deputado federal pelo PSB, e não poupou ataques à desgastada administração da prefeita do PT Luizianne Lins e à própria gestora, classificada por ele como “vaidosa, arrogante, personalista” e que “não gosta de trabalhar”.
Também em um duro discurso – depois de ter escanteado as capitais nordestinas em função da prioritária eleição de Fernando Haddad em São Paulo – o ex-presidente Lula provocou a revolta dos socialistas e mais uma rodada de disputas na Justiça Eleitoral após utilizar o programa partidário do candidato Elmano de Freitas para atacar os irmãos Ferreira Gomes e defender que “a campanha tem que ser de todos que não querem uma volta ao passado, a volta do desprezo ao povo pobre, a dificuldade de construir parceria com o governo federal”.
Lula ainda se valeu de um palanque na capital cearense na última semana de eleição para tentar cortar as pretensões políticas do governador de Pernambuco, Eduardo Campos, e mandar um recado ao virtual adversário da presidente Dilma Rousseff na disputa pelo Palácio do Planalto em 2014. “Tenho que falar pouco e tomar muita água para que eu possa estar curado e, em 2014, fazer campanha para a Dilma se reeleger presidente”, afirmou Lula a um público de cerca de 30 mil pessoas na Praça do Ferreira, no centro de Fortaleza.
De carona na popularidade de padrinhos políticos, os dois candidatos buscaram se vincular à presidente Dilma Rousseff para prometer mais avanços na cidade. Lula, o ministro da Educação, Aloizio Mercadante, e a ex-ministra e candidata derrotada pelo PV à presidência da República, Marina Silva, pediram votos para o petista Elmano de Freitas. Em favor de Roberto Claudio, Cid e Ciro Gomes e o senador Eunício Oliveira.
Para evitar um confronto com o PSB, que em nível nacional controla os ministérios da Integração Nacional e a Secretaria de Portos, a duplamente cortejada Dilma Rousseff se manteve alheia aos embates em Fortaleza na corrida pelo Palácio do Bispo.