Assine VEJA por R$2,00/semana
Continua após publicidade

‘Ninguém vai proteger vândalos’, diz governador do Rio

Sérgio Cabral ressaltou a importância de manifestações pacíficas, mas afirmou que a missão da polícia é sempre agir de acordo com a tensão que se apresenta

Por Cecília Ritto e Pâmela Oliveira
Atualizado em 10 dez 2018, 11h19 - Publicado em 21 jun 2013, 15h28

Depois de uma semana de silêncio, o governador Sérgio Cabral, o mais atacado durante os protestos no Rio de Janeiro, convocou a imprensa nesta sexta-feira para reiterar a importância de manifestações pacíficas em um país democrático como o Brasil e dizer que os baderneiros não serão poupados. “Ninguém aqui vai proteger a polícia, mas também não vai proteger vândalos.” Pouco antes de abrir para perguntas, o governador apoiou algumas das principais reivindicações vistas nas ruas: ele afirma ser contrário à PEC 37 – que retira do Ministério Público o poder de investigação – e a favor dos direitos civis dos homossexuais e da liberdade religiosa.

Leia mais:

Leia mais: Com o triplo da multidão, Rio tem noite de pancadaria

“São manifestações com temas importantes que devem ser debatidos de forma democrática. O debate é sempre louvável e não temos a pretensão de hegemonia”, declarou Cabral, reiterando: “Mas o protesto precisa ser feito dentro do respeito e da tolerância. Quem ganha com a desordem e o radicalismo? Não é a sociedade brasileira. Não se pode permitir que uma minoria desgaste um movimento tão bonito.” Ele preferiu não apontar excessos da polícia, mas confirmou que a atuação dos agentes deve ser reavaliada. “A polícia agiu dentro do estado de tensão apresentado, da maneira que achou mais viável para preservar a ordem pública. Mas faz parte, claro, rever procedimentos.”

Continua após a publicidade

Quando perguntado se os protestos eram um sinal de desgaste do seu governo, Cabral tangenciou. O nome dele entoa gritos de guerra em todas as manifestações no estado, muito mais do que o prefeito Eduardo Paes – a quem caberia, por exemplo, a redução da tarifa de ônibus, primeira pauta dos protestos. Questionado novamente, o governador disse que não se vê como alvo principal da revolta da população. “Não tenho monopólio nem unanimidade. Cerca de 33% dos cidadãos não votaram na minha reeleição. Isso faz parte da democracia.”

Segurança – Pouco antes de Cabral, a cúpula de segurança do estado também se reuniu com jornalistas para avaliar os últimos protestos. O secretário estadual de Segurança Pública, José Mariano Beltrame, não descartou acionar o Exército para conter a ação de vândalos nos próximos protestos. “O Exército já está no Rio de Janeiro – não em função dos episódios, e sim da Copa das Confederações. Eles têm ações específicas, mas se for necessário, não serei eu que deixarei de tomar essa providência”, afirmou, em coletiva de imprensa nesta sexta-feira, ao lado da chefe da Polícia Civil, Martha Rocha, e do comandante-geral da Polícia Militar, coronel Erir Ribeiro.

Leia também:

Leia também: Beltrame considera acionar Exército para protestos no Rio

Continua após a publicidade

Beltrame ainda ponderou que é preciso reavaliar a “expressão minoria”, usada constantemente para se referir aos vândalos que assumem o controle ao fim dos protestos. “Eu não sei se uma minoria produziria o Rio que amanheceu hoje (sexta-feira)”, disse, referindo-se à destruição observada em especial na Avenida Presidente Vargas, tomada por cerca de 300.000 pessoas na noite de quinta, segundo a Coppe/UFRJ. “Todos queremos democracia. Mas, no momento em que você mistura isso com quebradeira, o braço do estado, que é a polícia, tem que agir. E isso não é bom para nenhum dos lados.” O secretário afirmou, porém, que qualquer abuso comprovado por parte da PM será punido.

Vídeo: Protesto no Rio termina em pancadaria e destruição

Apesar da baderna generalizada, somente oito pessoas foram detidas em flagrante na manifestação – em geral, por furto qualificado e depredação. Três deles são menores de idade e um deles carregava uma granada, detalhou a chefe da Polícia Civil do Rio, Martha Rocha, complementando que imagens de câmeras de segurança e reportagens de TV estão sendo analisadas para que se identifique outros envolvidos em cenas de destruição do patrimônio público. “A Polícia Civil identificou duas pessoas envolvidas em atos de vandalismos durante o ataque à Assembleia Legislativa, na segunda. Um deles é um homem, mora em Itaboraí e tem passagem pela polícia por agressão a guardas municipais”, informou.

Continua após a publicidade

Prefeitura – Enquanto a cúpula de Segurança comentava os confrontos entre manifestantes e polícia, o prefeito Eduardo Paes contabilizava os prejuízos na capital. Foram mais de 580 equipamentos ou objetos públicos totalmente destruídos no Centro da capital. O balanço, divulgado também em coletiva de imprensa, aponta ainda para a depredação de parte do Sambódromo, além do incêndio provocado no vizinho Terreirão do Samba, que recebe shows e tem sido ponto de encontro da torcida brasileira durante a Copa das Confederações. Além dos danos materiais, 62 pessoas ficaram feridas em confrontos entre os próprios manifestantes e também com a polícia – oito são guardas municipais. Todos foram encaminhados ao Hospital Municipal Souza Aguiar.

Saiba como foi a quinta-feira de protestos em todo o Brasil

O rastro de destruição no Rio

98 semáforos

Continua após a publicidade

31 placas de trânsito

62 abrigos de ônibus

5 relógios de ruas

46 placas de identificação de ruas

Continua após a publicidade

340 lixeiras

7 carros de guardas municipais

Além de uma série de lojas, prédios comerciais e outros edifícios que foram pichados ou depredados e ainda não estão contabilizados

Repetindo que considera legítimas todas as manifestações democráticas, o prefeito repudiou o rastro de depredação deixado pelos vândalos. “A cidade não precisa ser destruída para se manifestar uma opinião. É inaceitável que se deprede qualquer coisa. O vandalismo não pode ser o protagonista desses atos”, declarou, lembrando os episódios semelhantes ocorridos em outras cidades – como Brasília, onde um grupo tentou invadir o Palácio do Itamaraty e um princípio de incêndio teve de ser controlado. “Todos têm o direito de se manifestar, mas o que precisa ter limite é esse absurdo que se viu em todo o país.”

Vídeo de VEJA mostra o momento em que o Terreirão do Samba é incendiado:

https://www.youtube.com/watch?v=mvVmfXVm27w

Sandra Moretenson, de 56 anos, conta a VEJA como foi a ação dos vândalos:

https://www.youtube.com/watch?v=xTNwBzlsMhE

Publicidade

Matéria exclusiva para assinantes. Faça seu login

Este usuário não possui direito de acesso neste conteúdo. Para mudar de conta, faça seu login

Domine o fato. Confie na fonte.

10 grandes marcas em uma única assinatura digital

MELHOR
OFERTA

Digital Completo
Digital Completo

Acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 2,00/semana*

ou
Impressa + Digital
Impressa + Digital

Receba Veja impressa e tenha acesso ilimitado ao site, edições digitais e acervo de todos os títulos Abril nos apps*

a partir de R$ 39,90/mês

*Acesso ilimitado ao site e edições digitais de todos os títulos Abril, ao acervo completo de Veja e Quatro Rodas e todas as edições dos últimos 7 anos de Claudia, Superinteressante, VC S/A, Você RH e Veja Saúde, incluindo edições especiais e históricas no app.
*Pagamento único anual de R$96, equivalente a R$2 por semana.

PARABÉNS! Você já pode ler essa matéria grátis.
Fechar

Não vá embora sem ler essa matéria!
Assista um anúncio e leia grátis
CLIQUE AQUI.