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Nem prisão de Odebrecht interrompeu pagamento de propina, diz MP

Lava Jato chega definitivamente ao caixa dois da empreiteira - e joga por terra linha de defesa adotada até aqui pelo executivo, apontado como comandante do esquema

Por Laryssa Borges e Rodrigo Rangel, de Brasília
22 mar 2016, 08h13

A Operação Lava Jato chegou definitivamente ao caixa dois do Grupo Odebrecht. Os mandados de busca e apreensão cumpridos nesta terça-feira na 26ª fase da operação jogam por terra a linha de defesa do empreiteiro e herdeiro Marcelo Odebrecht, que sempre argumentou na Operação Lava Jato que ele não detinha conhecimento de todas as estruturas da companhia e que tampouco adentrava no dia a dia das empresas do grupo. A nova etapa das investigações, batizada de Xepa, desvendou um esquema estruturado de pagamento de vantagens indevidas pelo Grupo Odebrecht e mostra que pelo menos até novembro de 2015 há registros de tratativas de pagamentos de dinheiro sujo feitas por executivos.

A nova fase da Lava Jato deve evidenciar ainda que o próprio marqueteiro João Santana, responsável pelas últimas campanhas publicitárias do ex-presidente Lula e da presidente Dilma Rousseff, foi beneficiário direto de um esquema paralelo de pagamentos da Odebrecht. Os repasses foram feitos por uma estrutura específica no Setor de Operações Estruturadas da companhia. Nele, um sistema informatizado próprio processava o pagamento de propinas e permitia a comunicação sigilosa entre executivos e funcionários envolvidos nas tarefas ilícitas. Nos papéis coletados pela PF, os beneficiários estão registrados por codinomes. Ao lado, valores elevados relacionados a contratos em todo o país. De todos os codinomes, um dos mais vistosos é “Feira”, em referência a Santana e à esposa dele, Mônica Moura.

São pelo menos 14 executivos de diversos setores do Grupo Odebrecht que davam ordens para os pagamentos paralelos do conglomerado. “Essas evidências abrem toda uma nova linha de apuração de pagamento de propinas em função de variadas obras públicas”, disse o Ministério Público. Para os investigadores, as evidências de pagamento de propina em escala mostram que repasses de dinheiro sujo eram um “modelo de negócios” da Odebrecht. “Obtiveram-se mais evidências contundentes de que [Marcelo Odebrecht] não apenas tinha conhecimento e anuía com os pagamentos ilícitos, mas também comandava diretamente o pagamento de algumas vantagens indevidas, como, por exemplo, as vantagens indevidas repassadas aos publicitários e também investigados Monica Moura e João Santana”, diz o MP.

No início do mês, quando foi deflagrada a 23ª fase da Lava Jato, com foco no marqueteiro do PT, uma planilha de contabilidade paralela feita pela construtora Odebrecht listava pagamentos de 21,5 milhões de reais feitos pela companhia entre outubro de 2014 e julho de 2015, período da campanha à reeleição da presidente Dilma Rousseff e dos primeiros meses do segundo mandato da petista, já sob efeito da Operação Lava Jato. Naquele primeiro documento, ao lado do registro “Feira”, havia códigos como “leite”, “cerveja”, “bacalhau” e “temperos”, o que, de acordo com a PF, são senhas para contabilizar o repasse de dinheiro ilegal. “A inserção de codinomes é um claro indicativo de tratar-se de operações à margem da contabilidade da empresa, buscando ‘mascarar’ pagamentos não contabilizados de forma oficial”, anotou a Polícia Federal.

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