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“Não vamos esperar as prévias do PSDB”, diz Afif

Com candidatura própria, PSD ganha força para barganhar apoio. Para líderes do partido, é hora de cobrar fatura pela aliança de oito anos com tucanos em SP

Por Carolina Freitas e Bruno Huberman
31 jan 2012, 19h01

“Ou o PSDB fecha assim conosco ou fechamos com o PT”

Guilherme Afif Domingos, pré-candidato do PSD à prefeitura de São Paulo

O anúncio da pré-candidatura de Guilherme Afif Domingos pelo PSD à prefeitura de São Paulo embaralha o xadrez das eleições de outubro. Com o movimento, Gilberto Kassab dá um recado ao PSDB: o PSD cansou de esperar. Tão logo o partido foi criado, o prefeito avisou ao governador Geraldo Alckmin que tinha intenção de manter a aliança com os tucanos em 2012 e 2014. Para tanto, exigiu que o PSD indicasse a cabeça de chapa no pleito municipal. Alckmin ouviu a proposta, mas não respondeu. Leia também: PT e PSDB cortejam Kassab no aniversário de São Paulo Os tucanos desencadearam um processo de prévias, para escolher, no dia 4 de março, o candidato do PSDB à prefeitura entre quatro nomes nunca testados em grandes pleitos majoritários: os secretários estaduais Bruno Covas, Andrea Matarazzo e José Aníbal e o deputado federal Ricardo Trípoli. Em resposta, o PSD começou a propalar uma negociação de aliança com o PT – adversário da vida todo dos tucanos. Com o lançamento do nome do vice-governador Afif, Kassab pressiona o PSDB a antecipar sua decisão sobre as eleições de outubro. “Não vamos ficar parados esperando o PSDB fazer prévias”, disse Afif em entrevista ao site de VEJA. “Nenhum dos pré-candidatos deles têm densidade eleitoral que justifique abrirmos mão da cabeça de chapa.” De fato, nenhum dos pré-candidatos tucanos ultrapassa os 6% na última pesquisa de intenção de voto do Instituto Datafolha, de 27 de janeiro. Não que Afif seja um campeão de simpatizantes nessa mesma pesquisa – ele não passa de 3% das intenções de voto. Ainda assim, a única salvação para os tucanos seria o ex-governador José Serra, com 21% de preferência, que já disse à exaustão não querer entrar na briga. A atitude de Kassab e Afif, aliados de primeira hora de Serra, nesta terça-feira, dá sinais de que Serra, de fato, declinou da candidatura. “É muito gratificante ter como pré-candidato um quadro como o vice-governador Guilherme Afif Domingos”, afirmou Kassab em nota. “Poucos partidos têm esse privilégio.”

Andrea Matarazzo, José Anibal, Bruno Covas e Ricardo Tripoli
Andrea Matarazzo, José Anibal, Bruno Covas e Ricardo Tripoli (VEJA)

O presidente municipal do PSDB, Júlio Semeghini, reconhece a dificuldade de viabilizar os postulantes tucanos. “Nenhum dos nomes está consolidado. Ainda é muito cedo.” Semeghini foi comunicado da decisão de Afif pelo próprio ex-governador, em reunião nesta terça. E esforçou-se para não mostrar surpresa diante da notícia. “Não há como inviabilizar as prévias, porém uma aliança com o PSD não foi descartada”, disse. “Apenas em março, após a convenção do partido que escolherá o nosso candidato, fecharemos alianças.” Articulação – A decisão pela pré-candidatura de Afif foi tomada na noite de segunda-feira, em reunião dos diretórios municipal e estadual do PSD, na sede do partido, em São Paulo. Os dirigentes aprovaram duas resoluções: lançar candidatura própria à prefeitura (a de Afif); e fazer todo o esforço possível para manter a aliança com o PSDB, mas, ainda assim, autorizar Kassab a negociar com outros partidos, entre eles o PT. “Coloquei o meu nome à disposição para lutar pela aliança com o PSDB”, afirmou Afif. “Não vamos abrir mão da cabeça de chapa. Ou o PSDB fecha assim conosco ou fechamos com o PT.” Assim, Kassab tem em mãos todas as ferramentas para pressionar o PSDB a aceitar suas condições. Ameaça fechar aliança com o PT e, por outro lado, impõe o nome de sua preferência para disputar as eleições ao lado do PSDB. As lideranças do PSD explicam a situação da seguinte forma: estão apenas cobrando dos tucanos créditos acumulados desde 2004, quando ajudaram a eleger Geraldo Alckmin governador do estado. De lá para cá, Cláudio Lembo, Kassab e Afif, então filiados ao DEM, ocuparam o posto de vice de Alckmin e de Serra no governo e na prefeitura. Kassab, agora, parece esquecido de que parte dessa fatura foi paga em 2006, quando Serra renunciou ao cargo para concorrer a governador e deixou a ele, até então um obscuro deputado federal, dois anos à frente da prefeitura de São Paulo – o que lhe garantiu a reeleição para conduzir por mais quatro anos o terceiro maior orçamento do país. Tranquilo – Se o acordo for fechado com o PT, no entanto, o pré-candidato petista, Fernando Haddad, pode respirar tranquilo. Nesse caso, o PSD está disposto a aceitar a vice. Líderes dos dois partidos têm conversado, mas, diante do movimento de Kassab e Afif nesta terça, vão manter o assunto em banho-maria. O presidente municipal do PT, Antônio Donato, reforçou o discurso de que serão priorizadas as alianças com legendas da base aliada da presidente Dilma Rousseff. “O PSD não apresentou nenhuma proposta oficial até o momento. Se apresentar, ela será avaliada com os membros do partido”, disse Donato. Só mesmo se Kassab não conseguir dar um xeque-mate nos tucanos.

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