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‘Não cobrei nada e não respondo por assessor’, diz Capez sobre máfia da merenda

Presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo é alvo de inquérito na Operação Alba Branca, que investiga esquema de fraudes em contratos para fornecimento de merenda escolar

Por Da Redação
15 fev 2016, 11h03

O presidente da Assembleia Legislativa de São Paulo, deputado Fernando Capez (PSDB), afirmou que não descarta a possibilidade de seu ex-assessor Jeter Rodrigues Pereira ter fechado contrato com a Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf), apontada na Operação Alba Branca como carro-chefe de um esquema de fraudes em licitações da merenda escolar. Segundo as investigações, a Coaf se infiltrou em ao menos 22 prefeituras e mirava em contratos da Secretaria da Educação estadual.

Capez e Jeter foram citados em depoimentos de funcionários da cooperativa à Polícia Civil. O ex-assessor, segundo a investigação, seria um dos intermediadores da propina a Capez e elo do parlamentar com o lobista Marcel Ferreira Júlio, que está foragido. Capez constituiu como advogado Alberto Zacharias Toron, que entregou ao desembargador Sérgio Ruiz, do Tribunal de Justiça, uma petição em que abre mão espontaneamente do seu sigilo bancário e fiscal. Com isso, Capez antecipa-se ao pedido da Procuradoria-Geral de Justiça, que requereu acesso à movimentação financeira e seus dados tributários.

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Questionado sobre envolvimento com o lobista Marcel Ferreira Júlio, o tucano é categórico: “Ele não me conhece. Eu não o conheço. Essa é a verdade”. E completa, “o que o Jeter deve ter feito? Ele recebeu os caras no gabinete em 2014. Ora, se você tem os seus assessores trabalhando, como o deputado vai saber o que o cara está escrevendo, para quem está ligando? Se Jeter quis fazer um atendimento por conta própria, o problema é dele. Eu não fiz atendimento por conta própria, eu não cobrei nada de ninguém, eu não recebi nada. Eu não me chamo Jeter Rodrigues. Eu não posso responder pelos atos de um assessor”.

Sobre se Jeter teria feito o contrato com a Coaf à sua revelia, Capez responde comparando seu perfil com do seu ex-assessor, acusando-o de sempre ter feito lobby. “Como eu vou falar para um funcionário falar: ‘Faz um contrato com a Coaf, paga um cheque para ele?’ Eu não sou jejuno. Você já viu o perfil do Jeter? Olha o meu perfil e olha o perfil dele: está com pneumonia, cheio de dívidas, mora em uma favela, tem 40 anos e está prestes a se aposentar. Se um cara tem a chance de fazer uma jogada e ganhar 50 paus por mês, a chance de ele fazer isso é maior. A família fez lobby a vida toda, são lobistas profissionais. Sempre usaram nome de outras pessoas. Se o Marcel chegar agora e perguntar como eu estou, eu não reconheço ele. Causa um asco lendo esse inquérito. Sou eu esse cara que está aqui? Impressiona o papel. Mas quando você vai para a realidade dos fatos não tem verossimilhança”.

Perguntado sobre uma possível demissão o ou não de Jeter, o presidente da Assembleia de São Paulo afirma que o órgão instaurou “procedimentos” e a ideia é “apurar e demitir”.

Capez também nega conhecer os funcionários da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf). “Eu não conheço nenhuma dessas pessoas. Não tenho nenhuma relação, jamais atendi essas pessoas. Jamais entrei em contato com a Secretaria da Educação pedindo para interferir em contrato nenhum. Aliás, não funcionam assim as coisas na administração. Tem todo um procedimento formal. Não autorizei ninguém a falar no meu nome. E muito menos pessoas com quem não tenho nenhuma relação próxima, de confiança, sair pegando cheque, dando recibo e depositando dinheiro em conta. Eu não influenciei, eu não fiz nada para mandar pagar, ou deixar de pagar para fazer contrato mais caro ou mais barato, não tive relação, não atendi, não faço parte de nenhum grupo criminoso. Nem me beneficiei. Esse é o ponto.”

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O tucano não nega ter se encontrado com o lobista Marcel Ferreira Júlio. “Recebi assim, entrava no meu gabinete, no meu escritório. E saía. Se vier uma pessoa que fala que tem um reduto eleitoral e quer ajudar, nem que for por educação, inimigo você não faz”, diz.

Indagado se é o “nosso amigo” de que falam os investigados, Capez nega e cita as interceptações telefônicas em que Luiz Roberto dos Santos, ex-chefe de gabinete da Casa Civil, fala em seu nome. “Parece que o Moita [Luiz Roberto] é pego no grampo falando com o ‘nosso amigo’, que não sou eu. Está nos autos. A testemunha fala ‘nosso amigo, Fernando Capez’. Não sou eu. Ela mente tanto que contraria o relatório de inteligência da polícia. O ‘nosso amigo’ disse que tem que fazer reequilíbrio econômico e não aditamento. Não houve aditamento nem reequilíbrio”, afirma.

Acerca do veículo Gol cedido pela cooperativa para sua campanha de 2014, o presidente da Assembleia Legislativa atesta que não pediu carro algum. “Peguei a relação dos carros que foram usados na minha campanha. Prestação de contas à Justiça Eleitoral. Está aqui: 47 veículos, está aqui na declaração, com os respectivos controles de combustível levados à Justiça Eleitoral. Se foi solicitado esse carro, ainda que eu não tenha solicitado, ele está na declaração… Como um candidato, numa campanha de mais de 300.000 votos, vai saber quais são os carros que foram usados na campanha? Quem pediu o carro foi o Jeter novamente. O Jeter diz que não pediu. Não posso dizer se teve carro ou não”, conclui.

“Eu não quero acreditar, prefiro não acreditar, logo, eu não acredito. Não haveria sentido”, diz o tucano sobre uma possível motivação política por trás da Alba Branca, o “fogo amigo”. Para Capez, o governador Geraldo Alckmin demorou para sair em sua defesa mas, “se tivesse sido imediato, poderia ter sido uma solidariedade política”. “Ele [Alckmin] fez uma fala refletida, para mim valorizou”, diz.

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(Com Estadão Conteúdo)

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