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Na reta final, CPI vai mirar empresas citadas na Lava Jato

Base e oposição optaram por não convocar políticos - e, assim, não interferir na lógica traçada para apurar o esquema de desvios na Petrobras

Por Marcela Mattos Materia seguir SEGUIR Materia seguir SEGUINDO 5 nov 2014, 19h27

Integrantes da CPI mista da Petrobras decidiram nesta quarta-feira focar as investigações nesta reta final dos trabalhos nas empresas ligadas à estatal. Base e oposição chegaram a um acordo para convocar sócios de empresas citadas na operação Lava Jato da Polícia Federal, como João Procópio Junqueira, da GFD Investimentos, e Márcio Andrade Bonilho, sócio da Sanko Sider. Na próxima semana, o colegiado vai se reunir para discutir a convocação de Renato Duque, ex-diretor de Serviços da Petrobras, e Sergio Machado, presidente da Transpetro que pediu licenciamento do cargo. Justamente por isso, políticos não serão convocados pelo colegiado.

Após reunião entre parlamentares da base e opositores, foi aprovada uma série de requerimentos. A quebra de sigilo de empreiteiras não foi colocada em votação: ficou decidido que a comissão vai solicitar às empresas as informações de que necessita. Se não for atendida em dez dias, a CPI, então, poderá colocar as quebras de sigilo em votação.

Governistas agiram para evitar a convocação de nomes incômodos para o Planalto, como o do tesoureiro do PT, João Vaccari Neto, e o do ex-ministro da Casa Civil Antonio Palocci, ambos citados na Operação Lava Jato. Também ficou acertado que não serão chamados o ex-presidente Lula, a presidente Dilma Rousseff, a senadora Gleisi Hoffmann e os ministros Paulo Bernardo (Comunicações), Aldo Rebelo (Esporte), Gilberto Carvalho (Secretaria-Geral da Presidência) e Miguel Rossetto (Desenvolvimento Agrário). “Decidimos priorizar essa lógica investigativa porque o Vaccari e outros nomes do PT já estão escancaradamente envolvidos no esquema. O Paulo Roberto Costa e o doleiro já disseram tudo aos investigadores. Eu não quero fazer teatro. Quero ouvir quem não foi à CPI e tem muito a dizer”, explica o deputado tucano Carlos Sampaio. Opositores se preparam para instaurar nova CPI a partir de fevereiro de 2015, quando começa a nova legislatura.

Conforme relataram à Polícia Federal e à Justiça o doleiro Alberto Youssef e o ex-diretor da Petrobras Paulo Roberto Costa, Vaccari era responsável pela arrecadação de 3% da propina cobrada sobre contratos fraudulentos firmados com a estatal. Já Palocci, coordenador da campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010, teria recebido dinheiro do esquema, segundo os delatores.

Para evitar a convocação de nomes que desagradassem o governo, a base ameaçou convocar Rodrigo de Castro, tesoureiro do PSDB, José Gregori, ex-tesoureiro do partido, e dos senadores Aécio Neves e Álvaro Dias. O senador Humberto Costa (PT-PE) também acenou com um convite a Leonardo Meirelles, ex-sócio da Labogen, que citou em depoimento o ex-presidente do PSDB Sérgio Guerra. A reunião desta quarta somente foi iniciada após conversa entre os membros do colegiado em uma sala reservada da comissão. Em encontro que durou cerca de uma hora e meia, a base governista, capitaneada por Costa, barrou todas as investidas de convocar nomes ligados ao PT. A Labogen é uma empresa de fachada por meio da qual o doleiro Alberto Youssef chegou a firmar um contrato com o Ministério da Saúde, então comandado pelo petista Alexandre Padilha. Youssef negou que Sérgio Guerra tivesse qualquer envolvimento no esquema.

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Na reta final da CPI, a oposição também pressionou pela quebra de sigilo das empreiteiras envolvidas no esquema de corrupção – o que foi rejeitado pelos governistas. Em uma manobra, o relator Marco Maia (PT-RS) anunciou que o “prazo está exíguo para realizar as oitivas e para analisar o volume de documentos que resultariam das quebras”. A comissão decidiu, então, aprovar um conjunto de requerimentos que pedem informações às companhias citadas no esquema. Se após dez dias os esclarecimentos não forem prestados, o colegiado pode discutir e aprovar a quebra dos sigilos. Mesmo que o material seja encaminhado, a CPI, prevista para ser encerrada no dia 18 de dezembro, dificilmente teria tempo hábil para avaliar as documentações. “O Brasil não vai ser passado a limpo se não investigarmos as empreiteiras. E isso nós não vamos conseguir. A força do governo é tamanha que até toma de assalto a CPI”, afirmou o líder do PPS, deputado Rubens Bueno (PR).

Leia no blog de Reinaldo Azevedo:

Olhem aqui: é importante não confundir alhos com bugalhos. Vocês vão ler em toda parte que governistas e oposicionistas fizeram um acordo na CPI Mista da Petrobras para não convocar políticos, restringindo os requerimentos a pessoas ligadas à Petrobras e ao doleiro Alberto Youssef. Aqui e ali, já li até que um pizzão estaria em curso. Bem, de vez em quando, a gente consegue dar uma boa notícia. Não é nada disso.

De fato, entre possíveis convocados, que ficaram fora da lista, estão medalhões como a senadora Gleisi Hoffmann (PT-PR) e o tesoureiro do PT, João Vaccari Neto. Havia também a possibilidade de se convocar Leonardo Meirelles, ex-operador de Youssef, segundo quem Sérgio Guerra, já morto, ex-presidente do PSDB, também teria recebido propina. Os parlamentares entenderam que esses nomes, se aprovados – e, claro!, seria preciso passar pela sólida maioria governista – iriam monopolizar as atenções da comissão, e todo o resto pareceria irrelevante.

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