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Mulher de Cachoeira gastou 500 mil em decoração de casa

Contraventor morou na residência por sete meses, o que poderia indicar que o bicheiro seria o verdadeiro comprador da mansão de Perillo

Por Laryssa Borges e Gabriel Castro
26 jun 2012, 14h12

O arquiteto Alexandre Milhomen, responsável por reformar a mansão do governador de Goiás, Marconi Perillo (PSDB), informou nesta terça-feira à CPI do Cachoeira que a mulher do contraventor Carlinhos Cachoeira, Andressa Mendonça, gastou aproximadamente 500 000 reais na decoração do imóvel, onde o casal moraria provisoriamente. O bicheiro desembolsou os recursos para mobiliar luxuosamente a casa onde morou por sete meses. Segundo parlamentares, isso indica que o próprio contraventor seria o verdadeiro comprador da residência.

“A cliente (Andressa Mendonça) tem um bom gosto excessivo, ela gosta de tudo do melhor e acredito que tenha sido mais de 500 000 reais (em decoração)”, disse o arquiteto. “É uma questão de cada um. Cada um investe no que pode. Fiz uma decoração interna, com papel de parede, cortina, mobiliário. Nem considero uma reforma no sentido arquitetônico”. O depoente lembrou, entretanto, que o valor é apenas uma estimativa, e afirmou que os móveis poderiam também ser aproveitados por Andressa quando ela deixasse a casa e se mudasse para um local definitivo.

Milhomen informou que não fez um contrato formal porque Andressa “inspirava confiança” e declarou ignorar a origem do dinheiro utilizado no pagamento de seus serviços. No depoimento, esvaziado pelos próprios parlamentares, o arquiteto disse não conhecer o governador Marconi Perillo. Ele afirmou também não saber se Cachoeira era o real comprador do imóvel. As inconsistências sobre a venda da mansão podem revelar se Perillo era próximo do bicheiro. O contraventor foi preso no imóvel em 29 de fevereiro.

“Não conheço o governador e desconhecia que essa casa pertencia a ele”, declarou o arquiteto. “Fui contratado pela Andressa Mendonça para fazer uma casa provisória”. Logo no início do depoimento, Milhomen disse que sua presença na comissão de inquérito era desnecessária: “Não acho importante minha presença aqui”.

O deputado Cândido Vaccarezza (PT-SP) lembrou que, de acordo com o depoimento dos envolvidos no negócio, Cachoeira moraria na casa por apenas dois meses, como um empréstimo. O parlamentar disse que o depoimento reforça as suspeitas de que o contraventor foi o verdadeiro comprador do imóvel: “Eu não acredito que alguém que vai ficar dois meses numa casa gaste 550 000 reais para fazer a decoração”, afirmou.

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O arquiteto também disse à CPI que, quando foi contratado por Cachoeira, não ignorava totalmente as atividades ilícitas do contraventor: “Houve brincadeiras em cima disso tudo, mas eu não dei atenção. Eu achava que não era minha obrigação como arquiteto ter essa preocupação”.

Críticas – A sessão desta terça-feira da CPI do Cachoeira, que acabou tendo no arquiteto o único depoente do dia, teve momentos de questionamento à isenção e à atuação do relator Odair Cunha (PT-MG). O petista agendou a oitiva do arquiteto com a tese de que o profissional teria reformado a mansão do governador de Goiás para que Cachoeira morasse definitivamente no imóvel. Em seus questionamentos, entretanto, o relator sequer perguntou quanto o profissional recebeu pelos serviços ou quem pagou pelo projeto arquitetônico.

O arquiteto recebeu 50 000 reais pelo projeto de uma futura casa de 1.200 metros quadrados e pela decoração interna da casa de Perillo. Informações em poder da CPI dão conta que 10 000 reais foram pagos a Milhomen por meio da empresa laranja Alberto&Pantoja.

“Estamos aqui discutindo papel de parede. É grave”, disse o deputado Domingos Sávio (PSDB-MG). “Não é possível que o relator foque seus olhos em uma atitude persecutória contra o governador Marconi Perillo”, protestou o deputado Carlos Sampaio (PSDB-SP). “Perguntar papel de parede? Me sinto diminuído. Tive vontade de levantar e ir embora”.

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