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MP quer mostrar que juíza foi morta por quadrilha de PMs

O primeiro dos réus é julgado nesta terça-feira, mas a promotoria destaca a participação dos outros 11 policiais acusados de envolvimento no crime

Por Pâmela Oliveira, do Rio de Janeiro
4 dez 2012, 13h36

Em seu depoimento, o cabo Sérgio Costa Júnior disse que não sente “remorso, só arrependimento”. Ele é o responsável por pelo menos 15 dos 21 tiros que atingiram a juíza Patrícia Acioli.

O primeiro dos onze policiais acusados de envolvimento na morte da juíza Patrícia Acioli, em agosto de 2011, começou a ser julgado nesta terça-feira, na 3ª Vara criminal, em Niterói, região metropolitana do Rio. O cabo Sérgio Costa Júnior é réu confesso do crime: admitiu ter atirado na magistrada e entregou a participação dos colegas, que começam a ser julgados a partir de janeiro. Como a condenação já é certa – restando saber apenas quanto a pena pode ser reduzida pelo benefício da delação premiada -, a promotoria aproveita o júri popular de Costa Júnior para destacar a participação dos outros PMs e comprovar que eles formavam uma quadrilha, que seria responsável também por outros crimes.

Indiretamente, é como se os onze policiais militares do 7º BPM, em São Gonçalo, já estivessem sentados no banco dos réus. Eles começaram a ser julgados de fato quando foi inquirida a primeira testemunha de acusação: Felipe Ettore, titular da Divisão de Homicídios da Polícia Civil na época do crime. Interrogado pelo promotor Leandro Navega, ele confirmou que os PMs formavam um grupo criminoso. E lembrou que nove deles pertenciam ao Grupo de Ações Táticas (GAT). “O GAT é vinculado ao comando do batalhão e, geralmente, combate o tráfico de drogas. Este grupo arrecadava de espólio de guerra (venda de armas e drogas apreendidas e sequestro de bandidos), extorsões e acertos com criminosos, cerca de 12.000 reais por semana. E, assim, ficava a ligação com fins criminosos”, afirmou.

Costa Júnior pode ser o primeiro deles a ser condenado por formação de quadrilha. Se isso acontecer, a promotoria conseguirá aumentar a sentença dos demais acusados e terá comprovada a sua tese de que a trama que levou à morte da juíza foi arquitetada com a participação de todos os policiais militares. Segundo a denúncia do Ministério Público, os mentores do crime são o tenente-coronel Claudio Luiz Silva de Oliveira, ex-comandante do 7º BPM, e o tenente Daniel Santos Benitez Lopez.

E o cabo julgado nesta terça-feira foi o executor de Patrícia, responsável por pelo menos 15 dos 21 disparos que atingiram a vítima. Durante seu depoimento, ele disse que não sente “remorso, só arrependimento”. Ainda de acordo com Ettore, Costa Júnior “narrou uma conversa entre Claudio e Benitez, na qual o tenente-coronel disse que a morte de Patrícia seria um favor” para ele. “O interesse (na morte) era do comandante Claudio. Ele estava revoltado com a conduta, com a intervenção da Patrícia no batalhão, e com boatos de que ela queria prende-lo por arbitrariedades cometidas”, declarou.

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“Ficou claro que o grupo compõe uma quadrilha. O Sérgio (Costa Júnior) é o autor, que agiu com uma quadrilha. O importante é mostrar que todos têm responsabilidade no homicídio, estão unidos e agiram em comum interesse. E o chefe da quadrilha era o Claudio”, enfatizou ao site de VEJA o assistente de acusação Técio Lins e Silva. Também foram denunciados os policiais Jeferson de Araújo Miranda, Jovanis Falcão Júnior, Charles Azevedo Tavares, Alex Ribeiro Pereira, Júnior Cezar de Medeiros, Carlos Adílio Maciel Santos, Sammy dos Santos Quintanilha e Handerson Lents Henriques da Silva.

Também convocada pela acusação, a advogada Ana Claudia Lourenço, que no dia da execução avisou os réus que a magistrada havia decretado a prisão deles, também falou do envolvimento entre os acusados. Ela afirma ter ouvido de Sérgio a confirmação de que Claudio Oliveira sabia do assassinato da juíza.

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