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MP processa delegados e policiais por achaque a traficantes do PCC

Integrantes do Denarc de São Paulo cobravam propina em troca de informações e sequestravam bandidos da região de Campinas

Por Felipe Frazão 2 out 2015, 10h44

O Ministério Público de São Paulo ajuizou uma ação civil por improbidade administrativa contra dois delegados, dez agentes e três informantes da Polícia Civil, acusados de achacar traficantes do Primeiro Comando da Capital (PCC) em Campinas (SP). Eles já respondiam a um processo criminal. De acordo com as investigações, os policiais e delegados repassaram informações sigilosas de inteligência e ofereceram cobertura a traficantes em troca de dinheiro. Eles cobraram 200.000 reais para deixar de fazer prisões que abalariam as vendas de drogas na periferia da cidade.

Os policiais civis e os delegados Clemente Calvo Castilhone Junior e Fábio do Amaral Alcântara chegaram a ser presos em 2013, mas foram liberados posteriormente. À época, eles trabalhavam no Denarc, departamento da Polícia Civil responsável pela repressão ao narcotráfico. A estrutura do órgão foi reformulada depois da descoberta do esquema de corrupção policial pelo Grupo de Atuação Especial de Combate ao Crime Organizado (Gaeco) de Campinas. Eles viraram réus por crimes como formação de quadrilha, concussão, roubo, tortura e extorsão mediante sequestro.

A Promotoria do Patrimônio Público e Social de São Paulo pede agora que eles sejam afastados cautelarmente e condenados à perda da função pública, dos direitos políticos e ao pagamento solidário dos 200.000 reais obtidos de maneira criminosa. Os promotores cobram também o pagamento de multa civil de até 100 vezes o valor do salário dos delegados (Castilhone tinha salário de 17 105,18 reais, e Alcântara, de 14 194,60 reais, em valores brutos); e de até três vezes o valor do enriquecimento ilícito dos policiais e informantes.

O Ministério Público obteve provas de que os policiais se encontraram pessoalmente com Agnaldo Aparecido da Silva Simão, o Codorna, chefe do tráfico no Jardim São Fernando para cobrar o pagamento dos 200.000 reais. Como ele não conseguiu o dinheiro no prazo exigido, foi preso e mantido em cativeiro com seus familiares e crianças no apartamento onde morava. Na ocasião, os policiais levaram 18.000 reais do traficante. Duas mulheres ligadas a Codorna foram torturadas pelos investigadores.

Os policiais civis também sequestraram Clayton Schimit de Araújo, integrante do PCC no Jardim São Camilo que estava foragido, e exigiram o pagamento de 40.000 reais como resgate. A operação só não foi concretizada porque PMs rodoviários interceptaram os comparsas do traficante.

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Conforme os promotores do Patrimônio Público de São Paulo, os delegados ajudaram os investigadores a forjar flagrantes contra os traficantes alvo de extorsão e avisaram a eles sobre operações que seriam realizadas na área de Campinas, para que pudessem fugir e se desfazer de telefones celulares e provas. Castilhone era chefe da unidade de Inteligência do Denarc e participava da coordenação da coordenação de operações conjuntas das polícias Civil, Militar e Federal, além do Ministério Público. Ele é acusado de violar sigilo funcional. O delegado Fábio Alcântara, então titular da 3ª DEAP, é acusado de registrar falsos autos de prisão em flagrante e de emitir ordens para envolver os policias do grupo criminoso nas operações.

Também são alvos da ação civil os policiais Silvio César de Carvalho Videira, Jandré Gomes Lopes de Souza, Leonel Rodrigues Santos, Daniel Dreyer Bazzan, Gilson Iwamizu dos Santos, Carlos Pereira da Silva, Danilo da Silva Nascimento e Marcos Alberto Severino de Oliveira, além dos informantes Walter Antonio Oliveira, Sandro Pacheco Torres e Jéfferson Roberto Lino.

A Corregedoria Geral da Polícia Civil divulgou as fotos e a identidade dos seis policiais investigados em operação conjunta com o Ministério Público de São Paulo e que ainda não foram localizados. Eles são considerados foragidos
A Corregedoria Geral da Polícia Civil divulgou as fotos e a identidade dos seis policiais investigados em operação conjunta com o Ministério Público de São Paulo e que ainda não foram localizados. Eles são considerados foragidos (VEJA)
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