MP pede prisão de ex-diretor da Alstom e inclusão de nome na Interpol
Promotor suspeita que César Ponce de Leon, acusado de ser um dos artífices do cartel metroferroviário de São Paulo, esteja fora do Brasil
O Ministério Público de São Paulo pediu à Justiça a prisão preventiva do executivo César Ponce de Leon por suspeita de envolvimento com o cartel dos trens em São Paulo – ele integrou no Brasil a direção da multinacional francesa Alstom Transport. Leon é um dos onze executivos de seis empresas nacionais e estrangeiras denunciados na semana passada por conluio em contratos e fraude a licitações de 550 milhões de reais da Companhia Paulista de Trens Metropolitanos (CPTM) em 2007 e 2008.
Ao requerer a prisão do executivo da Alstom, o Ministério Público assinalou que “apesar dos esforços” ele não foi localizado para depor. A suspeita é que Leon esteja morando no exterior e “nestas condições não responderá o processo criminal.” Também foi solicitada à Justiça a inclusão do nome do executivo na lista da Interpol para buscas em todo o mundo.
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O promotor de Justiça Marcelo Mendroni, do Grupo Especial de Delitos Econômicos (GEDEC), aponta superfaturamento de 20%, 110 milhões de reais nos contratos sob suspeita. Mendroni argumenta que a prisão preventiva do executivo “é de rigor para assegurar a aplicação da lei penal” e a “garantia da ordem econômica”. Ele imputa a César Ponce de Leon papel de destaque no cartel, como um dos arquitetos do acerto entre empresas fornecedoras da CPTM. Outros dois dirigentes da Alstom Transport S/A, Luiz Fernando Ferrari e Ruy Grieco, também foram denunciados na ocasião, mas contra eles não foi requerida prisão preventiva.
Os contratos sob suspeita são relativos à manutenção de trens da CPTM. O cartel metroferroviário foi denunciado em 2013 pela multinacional alemã Siemens, em acordo de leniência firmado com o Conselho Administrativo de Defesa Econômica (Cade). Segundo a denúncia, o conluio teria operado entre 1998 e 2008, em São Paulo, nos governos de Mário Covas, José Serra e Geraldo Alckmin, todos do PSDB.
Servidores – Os onze executivos, entre eles César Ponce de Leon, foram denunciados por crimes contra a ordem econômica e contra a administração pública. Também é acusado de “ter aderido ao cartel” o ex-presidente da Comissão de Licitações da CPTM, Reynaldo Dinamarco. Quando a denúncia foi divulgada, na semana passada, a CPTM informou que iria abrir sindicância para apurar “possíveis irregularidades” cometidas por Reynaldo Dinamarco durante o exercício de suas funções na empresa. “O governo de São Paulo é o maior interessado em apurar os fatos e exigir ressarcimento aos cofres públicos”, disse a companhia. Dinamarco é acusado formalmente da prática de crimes contra a administração pública por três vezes – o que ele nega.
A Alstom diz que “respeita as leis brasileiras e as regras dos editais das licitações de que participa e não se manifestará sobre a denúncia mencionada”. César Ponce de Leon não foi localizado para falar do pedido de sua prisão preventiva. A Alstom limitou-se a informar, nesta quinta-feira, que o executivo “não faz mais parte do quadro de funcionários”. A empresa, por sua assessoria de imprensa, disse que “não tem os contatos” dele.
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(Com Estadão Conteúdo)