Morte de camelô foi ‘caso isolado’, diz Haddad
Policial que atirou contra vendedor ambulante fazia parte da blitz contratada pela prefeitura para combater o comércio irregular na capital
O prefeito de São Paulo, Fernando Haddad (PT), afirmou nesta sexta-feira que a morte do camelô Carlos Augusto Muniz Braga, de 30 anos, baleado na cabeça por um policial militar, foi um “caso isolado”. O policial, que não teve o nome divulgado, atuava na Operação Delegada, na qual a prefeitura paga um salário adicional para PMs de folga fiscalizarem o comércio irregular na capital. Ele foi preso em flagrante por homicídio e encaminhado para um presídio militar. O acusado alega que o tiro foi acidental.
“Vamos esperar o inquérito para saber o que de fato aconteceu. Isso é um processo permanente [em relação à Operação Delegada]. Acho que é um caso isolado, mas tem que ser analisado em profundidade para saber se houve um comportamento indevido por parte do policial ou se é uma atitude mais generalizada”, disse o prefeito enquanto cumpria agenda.
O governador de São Paulo, Geraldo Alckmin (PSDB), também comentou o incidente, dizendo que a investigação está sendo feita com todo o “empenho”. “Foi um fato muito triste. Nossa total solidariedade à família. A Corregedoria da Polícia Militar já está investigando e o DHPP também. Todo o nosso empenho está nesta investigação”, disse durante evento de campanha na capital.
O caso aconteceu na tarde desta quinta-feira na rua Doze de Outubro, uma das mais movimentadas do bairro da Lapa, no centro de São Paulo. Vídeos gravados por pessoas que acompanhavam a abordagem policial flagraram o instante do disparo. Nas imagens, três PMs aparecem imobilizando um vendedor ambulante enquanto camelôs e passantes se aglomeram em volta deles para impedir a detenção. O policial então saca uma arma e um spray de pimenta para afastar a multidão. Num momento de distração do PM, Braga tenta agarrar o spray e é alvejado na boca. Em seguida, ele aparece agonizando caído no meio da rua. Após o incidente, vendedores ambulantes fizeram um protesto no local, ateando fogo em sacos de lixo e depredando uma estação de trem.
O comandante-geral da PM, coronel Benedito Roberto Meira, afirmou que o policial “errou” em atirar no camelô, mas negou que a corporação esteja mal preparada para atuar nesse tipo de ocorrência. “Verificamos que o policial se precipitou e atirou indevidamente no camelô. Portanto, ele cometeu um crime e vai responder por isso. É óbvio que num universo de 83.000 homens e mulheres existem os profissionais que erram. Esse foi um caso de erro”, disse o oficial.
(Com Estadão Conteúdo)