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“Minha família jamais recebeu dinheiro”, diz Cerveró

Em carta escrita dentro da carceragem em Curitiba e enviada a VEJA, o ex-diretor da Petrobras fala pela primeira vez do esquema orquestrado por Lula para tentar comprar o seu silêncio

Por Thiago Bronzatto, de Brasília
20 Maio 2016, 15h53

Seis meses após a descoberta da trama que levou à prisão do ex-senador Delcídio do Amaral, Nestor Cerveró afirma que sua família nunca recebeu o dinheiro oferecido para que ele permanecesse em silêncio e não firmasse um acordo de delação premiada com a Lava Jato. A declaração do ex-diretor da área internacional da Petrobras consta de uma carta escrita por ele na última quinta-feira, na carceragem da Polícia Federal em Curitiba. Na correspondência, enviada a VEJA, Cerveró acusa seu ex-advogado de ter embolsado o dinheiro providenciado por Delcídio e destinado a comprar seu silêncio – numa operação clandestina que, segundo a Procuradoria-Geral da República, foi comandada pelo ex-presidente Luiz Inácio Lula da Silva.

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Desde que foi recolhido ao cárcere, em janeiro de 2015, é a primeira vez que Cerveró se manifesta fora dos inquéritos e processos da Lava Jato. É também a primeira vez que ele trata da tentativa de silenciá-lo. Na semana passada, VEJA revelou a denúncia em que o procurador-geral da República, Rodrigo Janot, acusa o ex-presidente Lula de ter desempenhado “papel central” na organização criminosa que pôs em ação a estratégia para evitar a delação do ex-diretor. O petista, junto com os demais participantes da trama, é acusado de tentar obstruir o trabalho da Justiça. O estratagema foi descoberto a partir da iniciativa de Bernardo Cerveró, filho de Nestor Cerveró, que decidiu gravar as reuniões com Delcídio e entregou os áudios ao Ministério Público.

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Na reuniõe, em um quarto de hotel de Brasília, Delcídio planejava a fuga de Cerveró pelo Paraguai e se comprometia a providenciar o dinheiro para “tranquilizar” a família do ex-diretor. Além de Delcídio e de seu assessor Diogo Ferreira, o advogado Edson Ribeiro e o banqueiro Esteves foram presos. “Minha família jamais recebeu os valores descritos na denúncia”, escreve Cerveró.

Carta de Cerveró
Carta de Cerveró (VEJA)

O ex-diretor sustenta que, bem no auge das negociações, fora alertado pelo próprio filho e por outros dois advogados sobre a conduta de Ribeiro, o defensor que fazia a ponte com Delcídio do Amaral. “Quando meu filho e os doutores Alessi e Beno Brandão desconfiaram da conduta do meu antigo advogado, eu custei a acreditar. Mesmo após a gravação feita pelo meu filho, eu acreditava, com muito esforço, que, como disse a defesa do doutor Edson, tudo não passava de uma característica ‘fanfarrona’ da sua personalidade. Entretanto, hoje havendo a notícia de que foram pagos valores para ele, confirmou para mim que ele atendia interesses alheios aos meus.”

Da prisão até a decisão de Cerveró de entrar para o rol de delatores da Lava Jato, um ano se passou. A espera dos investigadores valeu a pena. Nos depoimentos, o ex-diretor da Petrobras deu detalhes de como contratos milionários da estatal vertiam dinheiro para políticos e partidos e forneceu elementos para que os investigadores se aproximassem do topo da cadeia de comando do petrolão. Foi justamente por ter o que contar que Cerveró acabou virando personagem daquela que seria uma das histórias mais rumorosas de toda a operação – a prisão de Delcídio, àquela altura líder do governo no Senado. Nunca antes um senador da República havia sido preso em flagrante em pleno exercício do mandato. Descoberto, Delcídio optou por aderir também à delação premiada e contou que estava cumprindo uma missão que lhe fora encomendada por Lula e pela presidente Dilma Rousseff.

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