Mesmo com desconto, 24% aumentam consumo de água
Bônus passa a abranger 31 municípios da Grande São Paulo; reservatório do Cantareira deverá secar em junho, no meio da Copa do Mundo
Apesar do plano de bônus lançado pela Companhia de Saneamento Básico do Estado de São Paulo (Sabesp), 24% dos consumidores abastecidos pelo Sistema Cantareira na Grande São Paulo aumentaram o consumo de água nos últimos dois meses. O dado foi divulgado pela empresa, que vai ampliar o desconto de 30% na conta para quem diminuir o gasto mensal em 20%.
A partir desta terça-feira, o bônus passará a valer para os 31 municípios da Região Metropolitana que são atendidos pela Sabesp, incluindo a capital – 17 milhões de clientes. Antes, a medida atingia onze cidades e alguns bairros paulistanos. Não foram incluídos no programa municípios com serviço próprio de abastecimento, como Guarulhos e Santo André.
Para o governador Geraldo Alckmin (PSDB), a ampliação do bônus reduzirá o consumo dos Sistemas Guarapiranga e Alto Tietê, que agora abastecem 2 milhões de imóveis que antes da crise recebiam água do Cantareira. Nesta terça-feira, o nível do Cantareira registrou 13,4% da capacidade, em sucessiva queda.
A Sabesp, no entanto, reconheceu que a política de desconto tem alcance limitado. Segundo a companhia, apenas 37% dos consumidores atingiram a meta e ganharam o bônus de 30%. Outros 39%, segundo a empresa, economizaram água, mas não atingiram o patamar mínimo de 20%. O programa é válido até dezembro.
Segundo o diretor metropolitano da Sabesp , Paulo Massato, houve baixa adesão dos clientes de padrão médio e alto. Os imóveis na Zona Norte foram os que mais economizaram água e o Centro foi a região que menos contribuiu.
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Nesta segunda-feira, a presidente da Sabesp, Dilma Pena, atribuiu o problema ao elevado número de condomínios que não têm medição de consumo individualizada. Ou seja, a conta é diluída entre os apartamentos. “As pessoas não têm um contato direto com a fatura. É uma explicação, mas não uma justificativa, porque todos sabem que estamos passando por um evento crítico inédito.”
Seca – Desde o início do plano de bônus, o Cantareira apresentou déficit de 82,8 bilhões de litros. O volume perdido é suficiente para encher cerca de 33.000 piscinas olímpicas. Os dados constam do último relatório do comitê anticrise que monitora o principal manancial paulista, responsável pelo abastecimento de água de 47% da Grande São Paulo. Nesta terça-feira, o Cantareira tinha 131,6 bilhões de litros restantes do chamado “volume útil”, água represada acima do nível das comportas. O índice corresponde a 13,4% da capacidade.
O comitê liderado por técnicos da Agência Nacional de Águas (ANA) e do Departamento de Água e Energia Elétrica (DAEE) estima que o volume do manancial deve zerar em julho. Esse prazo já foi reduzido pela Sabesp, que prevê o esgotamento do volume útil do sistema para 21 de junho, no meio da Copa do Mundo de Futebol.
Diante da crise, a ANA e o DAEE restringiram a retirada da Sabesp e das cidades da região de Campinas para, no máximo, 72 bilhões de litros do manancial no mês de abril.
Hidrelétricas – A queda dos níveis de água não é exclusividade dos reservatórios de abastecimento as cidades. Segundo o Operador Nacional do Sistema Elétrico (ONS), as hidrelétricas do Sudeste e Centro-Oeste registraram nesta segunda-feira 36,27% da capacidade, inferior aos 36,9% esperados para o fechamento do mês de março.
As previsões variaram muito ao longo de março. Na primeira semana, esperava-se que o nível chegasse a 37,9% na última sexta-feira. Em seguida, este número subiu para 40,7%. Porém, caiu para 38,2%, terminando em 36,9%
(Com Estadão Conteúdo)