IPT fará laudo sobre estrutura do auditório do Memorial
Grupo de engenheiros realizará primeira vistoria nesta terça-feira para analisar se o prédio deve ser reconstruído ou apenas reformado
A Fundação Memorial da América Latina, em São Paulo, contratou o Instituto de Pesquisas Tecnológicas (IPT) para avaliar se os danos causados pelo incêndio, que atingiu o auditório Simón Bolívar na última sexta-feira, afetaram a estrutura do edifício. Segundo o IPT, um grupo de engenheiros realizará a primeira vistoria nesta terça-feira. As inspeções devem determinar se a obra projetada por Oscar Niemeyer deve ser reconstruída ou apenas reformada. O IPT é vinculado à Secretaria de Desenvolvimento Econômico, Ciência e Tecnologia do Estado de São Paulo.
O estudo foi solicitado pela Defesa Civil da capital paulista após o local ser interditado por tempo indeterminado. O Corpo de Bombeiros informou que aproximadamente 90% do auditório foi destruído – o intenso calor provocou o desabamento de partes do teto e a quebra de vidraças. A operação de combate ao incêndio demorou cerca de quinze horas e deixou 25 bombeiros feridos – quatro deles permanecem na Unidade de Terapia Intensiva (UTI) do Hospital das Clínicas (HC). Segundo a assessoria do HC, o estado de saúde deles é estável, mas continuam respirando com a ajuda de aparelhos.
Nesta segunda, o presidente do Memorial, João Batista de Andrade, se reuniu com representantes da Secretaria Municipal de Licenciamento para discutir a situação do alvará de funcionamento, vencido há 20 anos. O Memorial apresentou um auto de vistoria do Corpo de Bombeiros válido até dezembro de 2014 que atestava o cumprimento de normas de segurança e autorizava o funcionamento do auditório.
Apesar de a licença estar em dia, reportagem exibida pelo Jornal Nacional, da Rede Globo, no sábado, revelou que os hidrantes e os sprinklers – chuveirinhos que são acionados com a elevação abrupta da temperatura – não estavam funcionando na hora do incêndio. Sem dispor desses aparatos, os bombeiros tiveram que usar caminhões-pipa para debelar o fogo.
Segundo o Memorial, há suspeitas de que o incêndio tenha começado com um curto-circuito em uma lâmpada de emergência no teto da plateia B do salão. As chamas teriam se alastrado em poucos minutos pelo forro e carpete do auditório. Nesta segunda, foi instaurado inquérito policial para apurar as causas do incêndio. A Secretaria de Segurança Pública do estado informou que funcionários do Memorial e bombeiros serão convocados para prestar depoimento sobre o incidente. Os resultados da perícia, realizada no sábado, devem ficar prontos em trinta dias.
Danos – Em nota, o governo do Estado de São Paulo informou que a tapeçaria de Tomie Ohtake, que foi consumida pelo fogo, será refeita pela artista. O painel tinha 620 metros e se estendia pela plateia do salão.
Outras obras que ficavam expostas no prédio não foram danificadas pelas chamas, entre elas dez telas de Victor Arruda, batizadas de “Agora”, e a escultura de uma pomba de Alfredo Ceschiatti.