O jurista Maurício Corrêa, morto nessa sexta-feira em Brasília, aos 77 anos, teve uma trajetória incomum para um magistrado: permeada pela atuação política. Ainda no cargo de presidente do Supremo Tribunal Federal (STF), função que exerceu de abril de 2003 a maio de 2004, promoveu articulações para se lançar candidato a governador do Distrito Federal. Leia entrevista de Corrêa a VEJA: Choque de poderes Na chefia da mais alta corte do Brasil, participou ativamente do debate com a oposição ao então presidente Luiz Inácio Lula da Silva. Não raro, reunia-se em Brasília com integrantes de partidos políticos para criticar o governo. Foi o que fez também em entrevista concedida a VEJA em setembro de 2003. “Lula deve ao país e aos seus eleitores uma explicação mais honesta a respeito da agenda adotada. Será que ele fazia aqueles discursos durante a campanha para alcançar o poder e depois mudar de opinião ou foi a realidade do poder que o transformou?”, disse Corrêa na entrevista. Disparou ainda contra os então ministros Antonio Palocci e José Dirceu. Em 2006 tentou unir forças para se lançar candidato à Presidência da República mesmo sem popularidade para pleitear o posto. Queria, ao menos, firmar posição contra Lula. Os planos não foram adiante. Foi na política que o jurista projetou seu nome, antes de compor o Supremo Tribunal Federal. Em 1986, foi eleito senador pelo Distrito Federal para um mandato de oito anos. Participou dos trabalhos da Assembleia Nacional Constituinte e desempenhou o cargo de Ministro da Justiça durante o governo Itamar Franco, de 1992 a 1994. Corrêa chegou ao STF por indicação do ex-presidente Itamar Franco, na vaga deixada pelo ministro Paulo Brossard. Tomou posse em dezembro de 1994 e aposentou-se em 2004, como presidente da Corte. Foi substituído pelo ministro Eros Grau. No Supremo, Maurício Corrêa acompanhava a tendência formalista, mas, dentro desse grupo, aproximava-se de posições mais liberais. Biografia – Maurício Corrêa nasceu em São João do Manhuaçu, em Minas Gerais, em 9 de maio de 1934. Tornou-se bacharel em Ciências Jurídicas e Sociais pela Faculdade de Direito de Minas Gerais, na turma de 1960. A partir de 1961, foi advogado em Brasília, com escritório especializado em Direito Comercial e Direito Civil.