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Marina Silva deixa PV em crise e sem grandes nomes

Desentendimentos com cúpula do partido cresceram há três meses

Por Adriana Caitano
7 jul 2011, 14h49

Com a debandada, o PV sai com a imagem arranhada – não foi capaz de coordenar a crise interna – e Marina também perde – fica sem garantia de que conseguirá manter seu capital político até as eleições de 2014.

Depois de três meses em plena guerra interna, a poeira dentro do Partido Verde (PV) finalmente deve baixar. Na tarde desta quinta-feira, em São Paulo, a responsável por alçar a legenda à fama e à conquista de 20 milhões de votos na campanha presidencial de 2010, Marina Silva, anuncia sua desfiliação. E leva junto boa parte do grupo que insistia em reestruturar a legenda. Com isso, José Luiz Penna mantém seu comando sem precisar bater de frente com marineiros insistentes. Mas fica com um partido de imagem arranhada e sem nomes expressivos para as próximas disputas eleitorais.

A saída da ex-senadora já era tida como certa desde que surgiram os primeiros rumores de desentendimento entre ela e o presidente do PV, o deputado federal José Luiz Penna (RJ). O clima interno nunca foi dos melhores. Durante as eleições, integrantes do partido reclamavam dele e exaltavam o estilo pacificador dela. Por outro lado, defensores de Penna começaram a se incomodar com o espaço e os holofotes que ela ganhava. Mas todos negavam haver uma crise, pelo bem da candidatura de Marina.

A batalha foi declarada publicamente em março. Na reunião da executiva nacional, em Brasília, os dirigentes resolveram estender até 2012 o mandato de Penna, que já comandava o PV há 12 anos. Insatisfeitos com a recusa da direção em mudar a estrutura da legenda, aliados de Marina criaram o grupo Transição Democrática e viajaram o país em busca de apoio. “Se deixarmos de lado a renovação política dentro do partido, acabou-se a moral para falar de sonhos, de ética, de um mundo mais justo e responsável com o meio ambiente. Podemos até continuar falando, mas soará falso, como voz metálica de robô”, disse Marina em nota oficial à época.

Penna e seus defensores reagiram. Enquanto a mulher do deputado, Patrícia Penna, comandava uma campanha contra Marina e seus aliados pelo Facebook, o presidente deu entrevistas minimizando a crise. “Eu quero acreditar que seja algo passageiro, uma consequência do nosso crescimento, um surto de partido grande, algo completamente novo para nós”, disse ao site de VEJA.

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Insistência – O grupo de Marina não escondeu a insatisfação. Manifestos, reuniões e eventos destacavam pontos negativos do presidente do PV. E quanto mais o problema se arrastava, mais Penna silenciava. Há meses ele não comentava o assunto nem dava sinais de que iria ceder. O silêncio incomodou até os marineiros mais otimistas, como o deputado federal e vice-presidente da legenda, Alfredo Sirkis (RJ). Depois de insistir em negociações com a direção, ele divulgou um texto em clima de despedida e uma lista de condições para permanecer no PV.

Tudo levava a crer, portanto, que Marina anunciaria a qualquer momento sua desfiliação. Mas ela quis primeiro consultar amigos e aliados que a apoiaram na campanha de 2010. Fez reuniões e mais reuniões, até chegar ao veredito: sairia do PV depois de dois anos.

Nesta quinta, também devem anunciar a saída os empresários Guilherme Leal e Roberto Klabin, o ex-coordenador da campanha presidencial João Paulo Capobianco, o ex-presidente do PV de São Paulo Maurício Brusadin, o ex-candidato ao Senado Ricardo Young, o ex-deputado federal e ex-petista Luciano Zica e o ex-presidente do Ibama Basileu Margarido Neto. O ex-candidato ao governo paulista Fábio Feldmann já se antecipou e divulgou carta de desfiliação na última semana. Para não correr o risco de perder o mandato de deputado federal, Alfredo Sirkis apenas se afastará da direção da legenda.

Consequências – Com a debandada, o PV perde não apenas 20 milhões de votos, mas também visibilidade e capilaridade política. Fica também com a imagem arranhada por não ter sido capaz de coordenar uma crise interna nem aceitar mudanças propostas pelo grupo Transição Democrática. Marina também perde. Sai do partido para criar o Movimento Verde de Cidadania, nome provisório da entidade civil que será base para uma possível legenda a ser criada após as eleições de 2012 – uma espécie de pré-partido. Ainda que permaneça discutindo temas ambientais, a ex-senadora fica sem nenhuma garantia de que conseguirá manter seu capital político até a disputa presidencial de 2014.

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