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Marina busca apoio de empresários do agronegócio ignorados por Dilma

Em jantar com 50 empresários dos mais diversos ramos agrícolas, a candidata à Presidência da República pelo PSB pediu união de interesses

Por Luís Lima e Talita Fernandes
30 ago 2014, 18h02

Vista com desconfiança pelos empresários do agronegócio por sua defesa das causas ambientais e posição contrária ao Novo Código Florestal, a candidata à Presidência da República pelo PSB, Marina Silva, jantou com representantes do setor na noite de sexta-feira numa tentativa de costurar seu apoio. Um dos principais alvos da investida peessebista é justamente o segmento tratado com maior desdém pelo governo Dilma: o sucroalcooleiro. O encontro foi organizado por João Paulo Capobianco, um dos coordenadores da campanha e nome de confiança de Marina, e pelo presidente da consultoria Datagro, Plínio Nastari.

O jantar, realizado na casa de Nastari, em Alphaville, justamente na noite em que Marina foi apontada pela pesquisa Datafolha como vitoriosa num eventual segundo turno contra Dilma, durou mais de quatro horas e contou com a presença de cinquenta empresários. Entre os presentes estavam a presidente da União da Indústria de Cana-de-Açúcar (Única), Elizabeth Farina; o diretor executivo da BR Foods e ex-presidente da Única, Marcos Jank; o vice-presidente da Associação Brasileira do Agronegócio (Abag), Francisco Matturo; além de nomes da Sociedade Rural Brasileira (SRB), da Cooperativa Regional de Cafeicultores em Guaxupé (Cooxupé) e da Cutrale, empresa exportadora de suco de laranja.

A avaliação dos participantes ouvidos pelo site de VEJA é de que Marina passou uma mensagem de confiança aos empresários. Um dos presentes no jantar, que preferiu não ter seu nome revelado, disse que Marina, quem diria, se mostrou “extremamente aberta” para ouvir as demandas do setor e que foi bastante coerente em sua fala. Segundo ele, Marina destacou a importância do diálogo e reforçou que, em um eventual governo, não tomará nenhuma decisão sozinha. “Marina está passando as mãos nas costas do setor, sim, pois sabe que o agronegócio tem suas resistências contra ela”, afirmou. Sobre o Código Florestal, ele disse que Marina não se estendeu muito, justamente para não levantar pontos de discussão que pudessem criar atrito e desconforto no evento.

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Apesar do interesse especial pelo setor sucroalcooleiro, Marina não restringiu seu discurso ao tema da bioenergia. Em relação à demarcação de terras indígenas, por exemplo, a candidata reforçou a necessidade de fazer um “arranjo inteligente” e disse que não é possível imaginar que não haja espaço para todos em um país de 8,5 milhões de quilômetros quadrados. Marina ainda frisou a importância da segurança jurídica para os produtores e do equilíbrio entre produção agrícola, tecnologia e meio ambiente.

A mudança de regras é uma das principais queixas dos setores produtivos do Brasil sobre o governo da presidente Dilma Rousseff. Em seu mandato, ela muitas vezes alterou regulamentos sem dialogar com os setores afetados. O exemplo mais emblemático é o da energia elétrica. Com a MP 579, Dilma induziu distribuidoras a antecipar a renovação dos contratos. No setor agrícola, a principal queixa vem do setor sucroalcooleiro. O governo federal abandonou os estímulos dados anteriormente ao setor e passou a incentivar a produção de combustíveis de origem fóssil, principalmente após a descoberta do pré-sal.

O primeiro a falar durante a noite foi Nastari, que fez um apanhado geral das dificuldades enfrentadas pelo setor. Entre as principais queixas está a realidade de infraestrutura e logística que, segundo ele, representam 40% do valor do produto, enquanto em países com estrutura consolidada, esses gastos correspondem a apenas 10% do valor.

Antes da fala de Marina, Capobianco e o candidato a vice, o deputado federal Beto Albuquerque, também falaram. Na visão de um dos presentes, o discurso de Albuquerque, que tem afinidade com o setor – e que tem entre seus maiores doadores empresas de celulose – serviu como uma espécie de briefing para o discurso da candidata. Antes de falar, Marina ouviu ainda sugestões de dez representantes dos setores de milho, grãos, café, açúcar, carne e laranja.

A presidenciável, primeiro, ouviu as demandas dos empresários e só então decidiu discursar – mantendo a mesma linha de “coesão” versus “polarização”, que tem sido usada para sistematicamente todos os temas que aborda. De acordo com Capobianco, ela se comprometeu, caso vença as eleições, com políticas públicas voltadas para o setor. “Está na hora de nós partirmos pelo que nos une. As questões diferentes serão decididas democraticamente”, disse Marina aos presentes. Como o discurso foi vago, empresários procuraram a candidata para conversas individuais ao fim do encontro.

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Programa de governo – No documento divulgado na tarde de sexta-feira, em que Marina detalhou seu plano de governo, o agronegócio teve espaço de destaque. O texto prevê defesa de novos acordos bilaterais com países ricos porque, segundo Marina, o Brasil não pode perder a chance de fazer acordo com a UE por causa da Argentina, por exemplo.

A candidata também defende o Plano de Agricultura de Baixo Carbono (ABC) e diz que pretende mudar a estrutura do Ministério da Agricultura, que hoje divide atribuições com outros 3 ministérios. Eduardo Campos havia sinalizado que queria criar um superministério da Agricultura. O mesmo afirmou o candidato Aécio Neves (PSDB), ao falar na Confederação Nacional da Agricultura (CNA).

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