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Madrasta diz que obrigou Bernardo a tomar remédios 3 vezes em poucas horas

Em depoimento ao qual VEJA teve acesso, Graciele Ugulini afirma não lembrar quem enterrou o garoto. Medicamentos para esquizofrenia e sedativos foram usados para dopá-lo

Por Isabel Marchezan, de Porto Alegre (RS)
13 Maio 2014, 10h58

A madrasta de Bernardo Boldrini afirmou no depoimento que deu à Polícia Civil no dia 30, ao qual VEJA teve acesso, que obrigou o menino a ingerir medicamentos pelo menos três vezes em um intervalo de poucas horas no dia 4 de abril, o que teria levado o garoto de 11 anos à morte.

Graciele Ugulini está presa temporariamente, assim como seu marido e pai de Bernardo, Leandro Boldrini, e a assistente social Edelvânia Wirganovicz, todos suspeitos de matar Bernardo. A tese da defesa é que a morte foi acidental. Para a Polícia Civil gaúcha, o crime foi premeditado.

Graciele saiu de Três Passos em seu carro com Bernardo na tarde do dia 4 e seguiu para Frederico Westphalen, com o suposto propósito de comprar uma televisão. No caminho, fez o menino tomar comprimidos porque ele estava “muito agitado”. “Tinha medicamentos na bolsa, dela (da madrasta) e do Bernardo. Acha que era Ritalina e Respiridona (sic)”, informa o relatório da polícia com o depoimento de Graciele. Ela disse não recordar quais remédios eram dela e quais os do menino, nem a quantidade que o fez ingerir. Mas confirmou que ele não queria tomar nada, que foi necessário “insistir” e lhe dar água para que obedecesse.

A ritalina é usada para controlar o déficit de atenção, e a risperidona é um antipsicótico indicado para pacientes com esquizofrenia.

A perícia encontrou resquícios de midazolam, um anestésico, no corpo de Bernardo, mas não precisou se a quantidade seria o suficiente para matá-lo. Graciele, que é enfermeira e ajudava o marido na sala de endoscopia do Hospital de Caridade de Três Passos, confirmou ter acesso a este medicamento no hospital, mas sustentou ter dado a Bernardo as cápsulas que tinha na bolsa.

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No relato da madrasta, consta que Bernardo ingeriu comprimidos duas vezes no trajeto entre Três Passos e Frederico Westphalen, uma viagem de cerca de uma hora. Chegando na cidade, Bernardo se queixava que estava “com o coração batendo forte” e com dor de cabeça. Ambos encontraram com a assistente social Edelvânia, amiga de Graciele. Estacionaram o carro da madrasta e seguiram no Siena da assistente social para “dar umas voltas”. Graciele negou-se a dizer à polícia qual era seu destino em Frederico Westphalen. Consta do relatório que ela “foi tratar de assuntos pessoais e não quis dizer quais assuntos”. Ela não menciona a compra da televisão.

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Enquanto circulavam com Bernardo pela cidade, Graciele o fez tomar remédios outra vez. Depois de quinze minutos, conta ela, notaram que Bernardo, no banco de trás do Siena, não se movia. Graciele, então, “se apavorou”. “Estava muito desesperada e pediu ajuda para Edelvânia para dar um jeito no corpo. Edelvânia relutou e ela (Graciele) teve que convencê-la”, diz o relatório.

Graciele teria seguido então para a beira do riacho onde Bernardo seria encontrado dez dias depois. Respondendo a perguntas da polícia, negou recordar de uma série de detalhes na ocultação do cadáver: disse não lembrar se ela e Edelvânia usaram alguma ferramenta para fazer o buraco; se usaram um saco para acomodar o corpo; se jogaram alguma substância no corpo; se ela ajudou a fazer o buraco; se quem cavou foi Edelvânia.

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No último sábado, um irmão de Edelvânia, Evandro Wirganovicz, foi preso temporariamente por suspeita de ter ajudado a preparar a cova onde Bernardo foi enterrado. Segundo a polícia, as ferramentas usadas foram compradas dois dias antes do crime.

Ao retornar para casa, em Três Passos, Graciele pediu que a babá de sua filha (o bebê de um ano e meio que teve com Leandro) levasse a menina para a casa da irmã, para que não a visse chegando em casa sem Bernardo. Disse que, ao chegar em casa, Leandro perguntou pelo filho e ela respondeu que ele estava “na casa do Lucas”, um amigo do menino. Aqui, o relato da madrasta cai em contradição com o que teria dito Leandro segundo depoimento obtido pelo jornal Zero Hora. Segundo o jornal, o médico relatou ter falado com Bernardo em casa: “ouviu barulho nas escadas e perguntou ‘é você Bernardo?’ e ele respondeu ‘sim, tô indo no Lucas’. Keli (apelido de Graciele) então disse ‘mas teu pai disse que não era para sair’ e Bernardo disse ‘o pai sabe que eu posso sair final de semana’.”

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