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Apontado como operador da máfia da merenda, lobista foragido diz que não conhece Capez

Segundo Luiz Fernando Pacheco, defensor de Marcel Ferreira Júlio, ex-funcionário do gabinete do presidente da Alesp recebeu dinheiro da Coaf por 'trabalho paralelo'

Por Da Redação 4 fev 2016, 16h58

Foragido da Polícia Civil na Operação Alba Branca, o lobista Marcel Ferreira Júlio só vai se apresentar para colaborar com as investigações se o pedido de prisão temporária expedido contra ele for revogado. É o que afirma seu advogado, Luiz Fernando Pacheco. Marcel é apontado como operador da Cooperativa Orgânica Agrícola Familiar (Coaf) na máfia que fraudou contratos de fornecimento de merenda escolar em pelo menos 22 municípios paulistas.

O advogado do lobista ingressou com uma petição na 3ª Vara Criminal de Bebedouro contra a prisão, argumentando que seu cliente não representa riscos às investigações e, por isso, o mandado temporário não se justifica. Pacheco afirma que o lobista só não foi preso em 19 de janeiro, dia da deflagração da operação, por uma casualidade. “Marcel estava no litoral de São Paulo, de férias com a família, e não quer passar por um constrangimento desnecessário”, explica.

Embora o ex-presidente da Coaf, Cássio Izique Chebabi, e outros funcionários da cooperativa presos pela Alba Branca atribuam ao lobista um papel central na operação do esquema, Pacheco diz que seu cliente tinha um acordo não contratual com a Coaf para prestar serviços de lobby na Secretaria de Educação de São Paulo. Pelos serviços, Marcel recebia 10% dos valores dos contratos.

Para fazer jus às comissões pagas pela Coaf, segundo Pacheco, o lobista se valia do contato com Jeter Rodrigues, ex-funcionário do gabinete da presidência da Assembleia Legislativa de São Paulo, ocupada pelo tucano Fernando Capez. O advogado, no entanto, afirma que Marcel “não conhece o deputado” e diz não saber se Jeter falava em nome dele.

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Na delação premiada que firmou com o Ministério Público de São Paulo, Cássio Chebabi relatou que a Coaf havia vencido em 2013 uma chamada pública para fornecer oito milhões de reais em suco de laranja a escolas estaduais, administradas pelo então secretário estadual de Educação Herman Voorwald. A modalidade em que o contrato foi conseguido dispensa licitação, como prevê a legislação que regula as cooperativas agrícolas familiares. De acordo com o delator, contudo, a Secretaria de Educação impediu que o contrato fosse executado, mesmo depois da conclusão da chamada pública.

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Ainda de acordo com a delação de Chebabi, Marcel Ferreira Júlio lhe contou que Voorwald havia recebido 100.000 reais para não contratar a Coaf e manter negócio com uma antiga fornecedora da pasta.

Segundo a defesa do lobista, ele e Jeter Rodrigues foram os responsáveis por “destravar” a chamada pública e livrar a cooperativa do prejuízo. “Marcel estava procurando uma solução para a Coaf, que estava habilitada a fornecer para a Secretaria, mas não era chamada. Ele foi duas vezes ao comitê do Capez e o Jeter se apresentou, dizendo que ‘o deputado não tem como interferir, mas eu posso fazer um trabalho paralelo às minhas atribuições como funcionário da Assembleia'”. Pacheco afirma que Rodrigues foi contratado pela Coaf, recebeu pelos serviços e passou recibos, cujos valores o advogado diz desconhecer. Sobre a propina supostamente paga ao ex-secretário da Educação paulista, o defensor preferiu não responder.

Luiz Roberto “Moita” – De acordo com a defesa do lobista, o ex-chefe de gabinete da Casa Civil paulista, Luiz Roberto dos Santos, conhecido como “Moita”, que aparece em grampos telefônicos da Alba Branca conversando com Marcel a respeito de um aditamento em um contrato da Coaf, apenas teria auxiliado a cooperativa em um assunto burocrático. “A Coaf precisava de uma documentação na Junta Comercial, que demora, e o Moita poderia tentar ajudar a agilizar esses documentos”, diz Luiz Fernando Pacheco.

Segundo o advogado, a atuação de Luiz Roberto Moita teria acelerado o trâmite burocrático e, em gratidão a ele, a Coaf lhe enviou um freezer. Pacheco afirma que o equipamento seria destinado a um bar que Moita estaria abrindo em sua cidade, Mongaguá, no litoral sul de São Paulo.

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Em conversa com Marcel interceptada pela Polícia Civil em 4 de dezembro de 2015, Moita informou ao lobista “eu to no Palácio” e disse estar “enrolado com esse negócio de escola pra cima e pra baixo não dá nem pra eu pensar nas minhas coisas”.

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