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Lindemberg pode ser punido por porte ilegal de arma

MP decidirá se pede abertura de processo. Ex-motoboy foi condenado a 98 anos de prisão por doze crimes, entre eles a morte de Eloá Pimentel, em 2008. Advogada poderá ser punida por mandar juíza voltar a estudar

Por Da Redação
17 fev 2012, 09h27

“Foi desnecessário e desrespeitoso sugerir que a juíza voltasse a estudar”

Promotora Daniela Hashimoto

Condenado nesta quinta-feira a 98 anos e dez meses de prisão pela morte de Eloá Pimentel e outros onze crimes cometidos em outubro de 2008, o ex-motoboy Lindemberg Alves, de 25 anos, pode responder a outro processo, por porte ilegal de arma. Em seu interrogatório, durante o julgamento no Fórum de Santo André, no ABC Paulista, Lindemberg contou ter comprado por 700 reais a arma do crime, um revólver calibre 32, e munição em um parque da cidade.

Segundo a promotora do caso, Daniela Hashimoto, a decisão de pedir ou não abertura de processo ainda será tomada pelo Ministério Público. “Como Lindemberg confessou que portou arma de fogo em período anterior, isso será encaminhado ao Ministério Público para analisar possível crime de porte ilegal de arma”, disse ela, em entrevista coletiva logo após o fim do julgamento, na noite de quinta.

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Barbárie – Lindemberg foi condenado pelos doze crimes dos quais foi acusado: homicídio qualificado de Eloá, tentativa de homicídio de Nayara Rodrigues da Silva e do sargento da Polícia Militar Atos Valeriano, sequestro e cárcere privado de Eloá, Nayara e dos outros dois jovens que ficaram reféns, Victor Lopes de Campos e Iago Vilela de Oliveira, além de disparo de arma de fogo. “O réu agiu com frieza, premeditadamente, por orgulho e egoísmo”, disse a magistrada. “Durante a barbárie, deu-se ao trabalho de dar entrevistas a apresentadores de TV, reforçando seu comportamento audacioso e frieza assustadores”.

O mais longo cárcere privado da história policial de São Paulo – que durou mais de cem horas – chocou o país e terminou de forma trágica, com a morte de Eloá e com Nayara, à época também com 15 anos, baleada. Ela chegou a ser liberada do cativeiro, mas voltou. Amigos de Eloá, Victor e Iago também foram mantidos reféns no apartamento em que a jovem morava com a família e saíram ilesos.

“Nada vai suprir a minha dor, mas a justiça foi feita”, disse Ana Cristina, mãe de Eloá, na saída do Fórum. “A pena foi justa e agora ele vai ficar preso para se redimir do que fez e não fazer com outras pessoas”. A mãe de Nayara, Andréa Rodrigues, também comentou a sentença. “Não sou eu que tenho que perdoar Lindemberg – é Deus”.

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A advogada Ana Lúcia Assad, defensora de Lindemberg Fernandes, assassino de Eloá Pimentel
A advogada Ana Lúcia Assad, defensora de Lindemberg Fernandes, assassino de Eloá Pimentel (VEJA)

Crime contra a honra – O comportamento da advogada de defesa, Ana Lúcia Assad, durante o julgamento, também pode ser alvo de investigação. Logo após proclamar a sentença, a juíza Milena Dias, que presidiu o júri, disse que vai encaminhar uma cópia da ata do julgamento ao Ministério Público para que seja avaliado se houve prática de crime contra a honra e se a advogada terá de se retratar.

Em sua sentença, a magistrada lembrou um dos episódios mais controversos do julgamento: “De forma jocosa, irônica e desrespeitosa, (Ana Lúcia Assad) aconselhou um membro do Poder Judiciário a ‘voltar a estudar’, fato exaustivamente divulgado pelos meios de comunicação”. Ela citou, ainda, o fato de a advogada ter exibido um colete à prova de balas dentro do plenário sob a alegação de insegurança. Segundo a juíza, a conduta foi inadequada, já que o colete é um “artefato sujeito à regulamentação legal e específica”.

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A promotora Daniela Hashimoto criticou a advogada. “A defesa usou suas estratégias e eu respeito, mas desrespeitou a liberdade de imprensa e a dignidade humana. Eu prezo pelo respeito e pela dignidade. Foi desnecessário e desrespeitoso (mandar a magistrada voltar a estudar)”, disse, em entrevista, após a condenação de Lindemberg.

Protagonista – Nos dois primeiros dias do caso, a advogada de Lindemberg foi a protagonista – se destacou mais que o próprio réu. Na terça, teve de deixar o Fórum pelos fundos sob intensas vaias do público na hora do almoço. Nesse dia, chegou a dizer que a juíza Milena Dias, que presidiu o júri, tinha que voltar a estudar. Em resposta, foi ameaçada de processo por desacato pela promotora Daniela Hashimoto. Ela também surpreendeu ao voltar atrás na intenção de arrolar a mãe de Eloá como testemunha depois de ameaçar abandonar o julgamento no primeiro dia.

Visivelmente irritada, Ana Lúcia desabafou, criticando a imprensa – para ela, corresponsável pelo crime: “É por causa de alguns membros da imprensa também que esse caso existe.” Depois, tomou uma atitude no mínimo inusitada: levou ao plenário sua insatisfação com a imprensa, voltou a dizer que não tem segurança para ir às ruas. E, com ar teatral, exibiu um colete à prova de balas. “Por causa da imprensa, essa advogada está sendo muito hostilizada pelos populares que acompanham o julgamento e teme por sua integridade física. Tanto é verdade que foi enviada a essa defensora um colete à prova de balas”, disse.

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(Com reportagem de Carolina Freitas e Cida Alves)

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