Lei Seca: perito vai examinar quem recusar bafômetro
Proposta é reformular as operações em São Paulo para que se tornem referência nacional; cadeirantes vítimas de acidentes participarão das blitze
As blitze da Lei Seca no estado de São Paulo vão ter peritos para examinar quem se recusar a fazer o teste do bafômetro, além de médicos e delegados. Com o objetivo de chocar e conscientizar motoristas que costumam dirigir embriagados, cadeirantes vítimas de acidentes de trânsito também participarão das ações.
A proposta é reformular totalmente as operações paulistas, para que se tornem referência nacional. O formato final das mudanças será definido, nesta quarta-feira e na sexta, em duas reuniões de representantes das polícias Militar, Civil e Científica, do Departamento Estadual de Trânsito (Detran) e das secretarias estaduais de Educação e Saúde.
Um dos itens que serão discutidos é o uso de balões e tendas para sinalizar as blitze, como ocorre no Rio de Janeiro. Setores do governo de São Paulo têm receio de que a geografia paulistana – com mais rotas de fuga – impeça a adoção do modelo no estado. As discussões já duram três meses.
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Lei Seca: perguntas e respostas
Peritos – Os peritos que vão participar das blitze são da Polícia Científica. Já foi definido que eles farão no próprio local da operação os exames clínicos necessários para atestar a embriaguez de motoristas que se recusem a fazer o teste do bafômetro. Além disso, um médico e uma enfermeira da Secretaria de Estado da Saúde ficarão encarregados de realizar exames de rotina nos motoristas. As blitze também terão um delegado e um escrivão da Polícia Civil. Eles serão responsáveis por tomar as medidas legais caso algum condutor seja flagrado bêbado.
Já os cadeirantes serão selecionados com ajuda da Secretaria de Desenvolvimento Social. A ideia é que sejam pessoas que perderam a mobilidade por causa de acidente de trânsito, seja motorista ou pedestre, e contem como a tragédia mudou sua vida. Esse tipo de sensibilização já ocorre no Mato Grosso do Sul e no Rio de Janeiro.
A proposta de repetir o exemplo em São Paulo surgiu em audiências públicas da Frente Parlamentar de Combate aos Motoristas Criminosos da Assembleia Legislativa. A deputada estadual Maria Lucia (PSDB) afirma que a ideia é mostrar o que pode acontecer quando há abuso de álcool e velocidade. “É mais importante enfrentar a reação popular de quem se sente invadido com essas ações do que manter a impunidade para quem bebe e dirige.”
Pelo cronograma proposto, as novas blitze da Lei Seca devem começar na capital e, no segundo trimestre de 2013, serem estendidas para o resto da Grande São Paulo. No terceiro trimestre, será a vez do interior e das rodovias. Mas as definições sobre datas e custo das operações só devem sair nas duas reuniões desta semana.
A nova forma de fiscalizar a Lei Seca surge no momento em que o Senado discute torná-la mais rigorosa. Está prevista para esta semana votação de um projeto de lei que aumenta para 1 900 reais o valor da multa para motorista bêbado e aceita testemunhos como prova de embriaguez. O texto já foi aprovado pela Comissão de Constituição e Justiça. Só neste ano, 8.784 pessoas foram flagradas nas blitze realizadas na capital.
(Com Estadão Conteúdo)