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Lava Jato: depoimento de Youssef reforça suspeita contra ex-assessor da Casa Civil

Conforme revelou VEJA, repasse de 2 milhões de reais do petrolão para a campanha de Dilma em 2010 foram intermediados por 'Charles', que a PF acredita ser ex-assessor especial da pasta

Por Da Redação
9 nov 2015, 19h02

Em sua edição de 23 de setembro, VEJA revelou que o lobista Fernando Baiano contou à força-tarefa da Operação Lava Jato que participou pessoalmente de uma negociação que levou 2 milhões de reais do petrolão à campanha da presidente Dilma Rousseff em 2010 – o acordo foi fechado no comitê eleitoral em Brasília depois de uma reunião entre Baiano, o ex-diretor de Abastecimento da Petrobras Paulo Roberto Costa e o ex-ministro Antonio Palocci. Coordenador-geral da campanha, o ex-ministro recomendou que acertassem a logística do repasse do dinheiro com “o Dr. Charles”, seu assessor no comitê, conforme reportagem de VEJA. O pagamento foi feito pelo doleiro Alberto Youssef. Em depoimento prestado à Polícia Federal em 29 de outubro, Youssef detalhou o repasse, feito em dinheiro vivo no Hotel Blue Tree, na Avenida Faria Lima, em São Paulo, a um emissário que ele não soube dizer quem era. E reforçou a suspeita de que “Charles” seja mesmo o ex-assessor especial da Casa Civil Charles Capella de Abreu.

“Tal pessoa tinha a cor de pela branca, estatura média alta, sendo um pouco mais alto que ele, que tem 1 metro e 71 centímetros, compleição física normal, mas se tratando de pessoa obesa ou de barriga saliente”, descreveu o doleiro. “Dr Chales” recebeu Youssef em um quarto do hotel “no período de junho a outubro de 2010″, conforme narrou o doleiro. Os 2 milhões de reais determinados por Paulo Roberto Costa a tal pessoa foram entregues em uma ou duas malas pequenas, do tipo daqueles que se leva como bagagem de mão em voos comerciais”, afirmou Youssef ao delegado Luciano Flores de Lima, da equipe da Lava Jato.

“Esclarece que pode ter sido uma mala pequena, com alça telescópica, e uma maleta, como costumava fazer para transportar essa quantidade de dois milhões de reais em notas de 100,00 reais, como foi no presente caso”, anotou a PF. O doleiro disse que costumava usar esse tipo de bagagem para “não chamar a atenção, pois encaixava a maleta na alça prolongada da mala, puxando-as enquanto caminhava”.

A PF mostrou uma foto de Charles Capella de Abreu para Youssef para saber se poderia ser ele o emissário que recebeu o dinheiro da propina da Petrobras. “Reconhece como sendo possível que a foto seja de tal pessoa referida acima, para a qual entregou os 2 milhões de reais em notas cuja maioria (cerca de 85%) eram em cédulas de 100,00 reais por ordem de Paulo Roberto Costa”, registra o depoimento. Em termos de probabilidade porcentual, Youssef disse acreditar que tenha “70% a 80% de certeza” se tratar da mesma pessoa.

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Perguntado pelo delegado se conhecia Charles Capella de Abreu, Youssef respondeu que o nome não era estranho, mas não se lembrava se realmente o conhecia.

Acareação – No ano passado, o ex-diretor Paulo Roberto Costa disse que o ex-ministro Antonio Palocci, então coordenador da campanha de Dilma, lhe pedira 2 milhões de reais. O dinheiro, segundo ele, foi providenciado pelo doleiro Alberto Youssef. Ouvido, o doleiro afirmou que desconhecia a existência de qualquer repasse a Antonio Palocci. A CPI da Petrobras chegou a promover uma acareação entre os dois para tentar esclarecer a divergência. Sem sucesso. Baiano contou detalhes que não só confirmam as declarações de Paulo Roberto e de Alberto Youssef como ampliam o que parecia apenas mais uma fortuita doação ilegal de recursos.

A suposta contradição entre Youssef e Paulo Roberto sobre a entrega do dinheiro também foi esclarecida. Depois da versão apresentada por Baiano, o doleiro foi novamente ouvido. Ele não mentiu ao afirmar que nunca entregara dinheiro a Antonio Palocci. Por uma razão: ninguém lhe informou que aquela entrega atendia a uma solicitação do ex-ministro. Youssef, que era o distribuidor de propinas aos parlamentares do PP, contou que, no dia indicado, ele de fato encheu uma mala com maços de dinheiro, amarrou outros pacotes ao próprio corpo e dirigiu-se num carro blindado para o hotel Blue Tree, na Avenida Brigadeiro Faria Lima, em São Paulo.

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